quarta-feira, 1 de junho de 2016

ESTUPRO NÃO É CULTURA! É VIOLÊNCIA!



“Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.” (http://www.significados.com.br/cultura/)

Esses dias tenho visto e ouvido demais a palavra CULTURA sendo utilizada para caracterizar atos de violência sexual cometidos inúmeras vezes contra mulheres e em especial uma garota de 16 anos, numa favela do Rio de Janeiro. Todas as vezes que leio ou ouço, meu corpo inteiro dói porque ESTUPRO não é CULTURA, é VIOLENCIA!

CULTURA é a forma como uma sociedade, tribo ou povo é reconhecido. Cultura Nordestina, Cultura Africana, Cultura Inca, Cultura Maia, são formas de reconhecimento da convivência em sociedade, em épocas e que são passadas de geração em geração.

Convivo com jovens de 10 a 18 anos e vejo a maneira equivocada que vem sendo instruídos, que vem sendo educados e obviamente, vem sendo expostos cada vez mais à maldade do homem que nada tem a ver com cultura, mas sim com desvio comportamental, com desvio de caráter, com psicopatia e tudo de ruim.

O HOMEM É LOBO DO PRÓPRIO HOMEM, pois não há na cadeia alimentar ou social, um predador natural do homem, senão o próprio homem!

Vejo meninas namorando meninas, não por opção sexual, mas por diversão, por desafio e por não haver mais barreira ou limite para comportamento em sociedade. Vejo meninos tratando meninas como objeto, usando nomes pejorativos e depreciando cada vez mais a sexualidade feminina e por esse motivo, meninas namoram meninas.

Vejo pais sem pulso, numa sociedade falha onde a caça às bruxas começa no quintal do vizinho, mas não pode, de maneira alguma desenterrar os cadáveres escondidos em meu quintal!

Vejo polícia refém de uma sociedade que idolatra tanto a liberdade de expressão, que aposta mais na segurança ofertada pelo bandido, do que pela própria policia!

Vejo a integridade física de uma menina de 16 anos cair por terra em redes sociais, entre pessoas de índole duvidosa e alienação de valores, porque é mais importante ter audiências e curtidas, do que preservar uma pessoa que sequer pode responder legalmente por si, porque ainda é só uma criança.

Vejo outras tantas meninas e meninos de 16 anos ou menos em redes sociais se expondo sempre e cada dia mais.

Aceitamos que nossos filhos frequentem lugares impróprios, sozinhos ou conosco, permitimos que nossos filhos ouçam músicas que usam termos como “Puta”, “Novinha”, “Piroca” e reclamamos da falta de respeito ou conduta em família.

Cultura é aquilo que define a sua família! Sua família costuma se reunir aos domingos para almoçar? Sua família tem uma tradição de Ano Novo? Sua família se reúne em todos os natais na casa da avó?! Isso é cultura!

Sinto demais por essa garota, porque tornou-se um marco da mídia, mas que será esquecida daqui um mês. Entre passeatas, manifestações, vídeos, postagens e alterações de fotos de perfil, tudo o que vai restar é o que essa garota vai sentir quando estiver sozinha no quarto dela e  que nada tem a ver com cultura, mas sim com fragilidade, sensação de impunidade e de estar nua na frente de bilhões de pessoas cada vez que sair na rua.

Hoje cedo corri os olhos em alguma baboseira escrita por uma colunista que falava que o esporte é o maior propagador da cultura do estupro e isso me doeu ainda mais do que tudo, porque na matéria havia a foto de uma jogadora de vôlei de praia fazendo sinal para sua parceira de jogo. Minha reação foi instantânea: Joguemos vôlei de praia usando burca!”

Não é a forma como nos vestimos, mas a forma como somos vistas por seres mentalmente e fisicamente perturbados!

Não é a forma como nos vestimos, mas a forma como nos posicionamos perante a sociedade nos últimos anos!

Não temos mais barreiras para transpor, já nos igualamos aos homens no mercado de trabalho, já mostramos para o mundo que podemos chegar a qualquer lugar que quisermos, já nos colocamos a prova de tudo e em todos os âmbitos, então, que tal agora reaprendermos a viver de maneira que não sejamos vistas como pedaços de carne? 

Que tal agora, nos colocarmos na posição de mães e educadoras, afim de que casos como este não venham a criar raízes e afim de que criemos HOMENS que valorizem mulheres como nós?!

Temos que ensinar nossas meninas que opção sexual deve ser respeitada e que beijar meninos e meninas não é forma de diversão! Sexo é para adultos conscientes de que além de DSTs também existe o risco de uma gravidez não planejada!

Temos que mostrar aos nossos meninos que portar-se educadamente e corretamente não é vergonha nenhuma.

Temos que educar nossos filhos e mostrar-lhes que existe dicionário e que nosso vocabulário é extenso e rico o suficiente pra suprir e suprimir termos como mano, tá ligado, piroca, etc...

Cultura é posicionamento e postura.

Cultura é hábito e constância.

Cultura é história que representa presente, passado e futuro de um povo.

Queremos ser reconhecidos como estupradores?

Queremos ser representados por pessoas que mal sabem falar?

Queremos ter o hábito de exibir corpos e menosprezar cérebros?

Com relação aos estupradores, sejam eles 33 ou 333, são criminosos, são marginais que sucumbiram à psicopatia e infelizmente farão tantas e quantas vezes puderem porque sentem prazer no ato de ferir alguém que é incapaz de se defender e para estes, espero que a sociedade consiga escolher formas de punição e defensores hábeis o bastante para erradicar ou conter este mal.

Abuso sexual deve ser combatido sim! Violência sexual deve ser denunciada sim! Mas não como cultura!

E antes de responder a este texto com palavras ofensivas, entenda que neste momento, a garota de 16 anos precisa de assistência real daqueles que a amam, e que nós todos necessitamos nos desintoxicar, nos curar e nos reencontrar culturalmente, como povo, como sociedade, e, como seres humanos.