sexta-feira, 3 de julho de 2020

Quando bate o arrependimento...


Há tempos não escrevo.

Na verdade, me faltavam palavras e assuntos que realmente me fizessem ter vontade de escrever, e, quando os tinha, me recordava de que hoje, as pessoas não sabem mais ler e compreender um texto. Não existe mais o entendimento do que está sendo dito, somente há aquilo que o leitor consegue captar, o que não significa entender, então, me sentia desmotivada a compartilhar minhas ideias como fazia há alguns anos.

Então, ontem, conversando com meu marido sobre atitudes que muitas vezes temos e que anos depois nos fazem sentir um frio na espinha e um mal estar que resulta no mais profundo arrependimento e vergonha. Algumas coisas bobas, outras nem tanto, mas que causam essa sensação ruim na gente. Depois dessa conversa, revivi diversas situações desse desconforto e o momento se tornou uma semana inteira de mal estar e arrependimento.

Me lembrei de uma certa vez que estava num almoço na hípica com uma equipe de trabalho, e, passeando entre aqueles cavalos maravilhosos vi que todos se viravam para ver uma moça linda loira que trabalhava comigo. Ela tem um porte elegante e por alguma razão, era como se os animais a reverenciassem. Não me lembro exatamente minha frase, mas lembro de querer expressar isso e saiu algo mais ou menos como “os cavalos reconhecem uma potranca assim”... e pronto, todo mundo me olhou e eu passei o resto do almoço querendo sumir dali. Eu quis elogiar, acabei ofendendo, passei vergonha e até hoje, me sinto mal quando revivo essa cena.

Também me recordei de um bolo de aniversário que fiz questão de fazer para presentear uma pessoa conhecida. Eu queria muito agradar essa pessoa e não calculei direito minha incapacidade de cumprir a tarefa e muito menos a vergonha diante dos amigo dela. Fiz até uma bonequinha de biscuit, gastei horrores e o bolo ficou um desastre. Então, quando me lembro disso, imagino o riso, imagino o que foi dito, porque eu não era parte da turma, não tinha proximidade e a impressão que tenho é que dei motivo para virar piada, assim sendo, o mal estar fica inevitável quando lembro desse momento.

Tem outras lembranças menores, de situações curtinhas que me causam mais do que mal estar, mas nesse monte de lembranças ruins, me dei conta de algumas coisas:

1)      Tenho pouquíssimos e verdadeiros amigos, na verdade, dá pra contar nos dedos de uma mão, quem são as pessoas que realmente se importam comigo e eles jamais me causaram mal estar

2)      Por sorte, todas essas lembranças são de tempos distantes, de dois anos para trás, o que significa que durante os últimos 24 meses ao menos, não criei nenhuma outra memória desastrosa.

3)      Talvez as pessoas com as quais partilhei essas situações ainda se lembrem disso, ou não, mas caso se lembrem, espero de verdade que saibam que errei e me arrependo. Me arrependo inclusive do tempo, do amor e da amizade que dediquei a quem não merecia.

Tenho outras lembranças também que me aparecem meio embaçadas, que não sei se realmente aconteceram ou se meu subconsciente maluco as criou, mas de qualquer forma, também me arrependo dos borrões.

Bom... acho que é isso... para meu primeiro post depois de muito tempo, acho que escrevi o suficiente.