terça-feira, 20 de março de 2012

Quem somos nós?

Me pergunto bastante isso: “quem sou eu?!”


Às vezes, a resposta é dura e seca: “Você não é ninguém! É só mais um ser perdido nessa imensidão; nesse mundo mesquinho de pessoas feias e sozinhas!”


Outras vezes, quando o sol brilha acima da minha cabeça, a resposta é imperativa, é certeira é inspiradora: “Você é a luz, é o calor de todos os dias, é o próprio sol que caminha entre as pessoas que necessitam do seu brilho e da sua alegria!”



Mas, na maior parte do tempo, a resposta é o silêncio.

Não consigo saber, entender, sequer imaginar quem sou eu, porque sou eu, até onde sou eu...



Hoje é um desses dias. Hoje é dia de silêncio.


Quem somos nós?!


Somos pó, somos nada, somos coisa nenhuma se comparados ao todo, mas analisados individualmente, somos seres excepcionais, somos únicos, somos inigualáveis, somos tudo o que é necessário para completar e complementar o cosmo.


Somos pais, mães, amigos, irmãos, amores, amantes, flores, pétalas, pedras, oceanos e mares, somos tudo aquilo que a natureza constitui em sua grandeza e plenitude.



Mas, imperfeitos, somos mesquinhos, invejosos, carentes, desalmados, desumanos e incapazes de perceber nossa beleza individual.

Somos a pétala com inveja da raiz, que cresce no chão e dá a vida.

Somos caule, com inveja da pétala por sua maciez e beleza.

Somos pólen com inveja da flor, nos sentindo só um grão, não nos dando conta de que através de nós a vida se refaz.



Nós não somos nada mais...

Hoje, sou só eu, e, sendo só, não há o que ser, a não ser aquela borboleta, que vez em quando pousa em mim, trazendo esperança, acalanto, encantamento...


Silêncio...

Essa é a resposta de hoje.

Hoje, que não sou flor, caule, raiz, planta ou qualquer outra coisa viva.


Hoje sou silêncio e nós somos passado.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Expectativas

Os seres humanos, sem exceção, são poços de expectativas e por mais que digam não senti-lo, eis que ao menor sinal de risco, vem a frustração, inerente à tudo aquilo que a expectativa criou.

Mas, de onde vem tal sentimento?! Como se forma?! Porque se forma?!

Quando crianças, esperamos pelo natal, aniversário, páscoa, dia das crianças, enfim, os adultos se encarregam de plantar a sementinha da expectativa dentro de nós, e, quando crescemos, deixamos de lado as datas e passamos a criar expectativas acerca de determinados acontecimentos, pessoas, coisas, enfim, transferimos o peso das datas para tudo aquilo que nos cerca, só que, assim como quando crianças, quando não ganhamos o que queremos, a frustração vem com força brutal, trazendo consigo reações inesperadas e atitudes impensadas.

Viver a expectativa pode ser bom ou ruim, dependendo do que se espera. Se é algo material, é mais fácil de lidar, mais fácil de remanejar e segurar a ansiedade, mas, se é algo sentimental, se é algo que esperamos de outra pessoa, aí é mais difícil manejar, pois aguardar o tempo do outro é algo que incomoda.
O medo da não correspondência é sufocante.
A falta de compreensão acerca dos pensamentos do outro é mortal.

Eu, particularmente, detesto expectativas, pois detesto esperar acontecer. Me lembro que aos 10 anos, eu queria tanto um disco da xuxa (ainda vinil) que fiz minha irmã comprar pra mim enquanto estávamos passeando no shopping. O detalhe é que ela sabia que minha outra irmã me daria o disco, mas ao ver minha aflição, meus olhos de cachorrinho abandonado e meu desejo de ganhar o tal disco, ela acabou cedendo.
Quando chegamos em casa, sobre a minha cama, havia um pacote lindo, com um laço gigante, mas o conteúdo do pacote já não era novidade, não me causou euforia, só confusão.
Minhas irmãs brigaram, um dos discos foi dado a alguém que não me lembro e depois disso, toda vez que uma delas ia me dar um presente, a outra ia junto, pra não correr o risco de meu olhar chantagista convencer uma delas novamente a me dar o que eu queria, quando eu queria.

Até hoje não sei lidar com expectativas. Até hoje uso meu olhar de cachorrinho abandonado para conseguir antecipar fatos, para trazer a expectativa do outro pra perto de mim, mas nem sempre tenho o que quero, porque não há o período de maturação, não espero pelo momento certo, só existe minha pressa em viver o que quero e por fim, nunca é como deveria.