quarta-feira, 7 de março de 2012

Expectativas

Os seres humanos, sem exceção, são poços de expectativas e por mais que digam não senti-lo, eis que ao menor sinal de risco, vem a frustração, inerente à tudo aquilo que a expectativa criou.

Mas, de onde vem tal sentimento?! Como se forma?! Porque se forma?!

Quando crianças, esperamos pelo natal, aniversário, páscoa, dia das crianças, enfim, os adultos se encarregam de plantar a sementinha da expectativa dentro de nós, e, quando crescemos, deixamos de lado as datas e passamos a criar expectativas acerca de determinados acontecimentos, pessoas, coisas, enfim, transferimos o peso das datas para tudo aquilo que nos cerca, só que, assim como quando crianças, quando não ganhamos o que queremos, a frustração vem com força brutal, trazendo consigo reações inesperadas e atitudes impensadas.

Viver a expectativa pode ser bom ou ruim, dependendo do que se espera. Se é algo material, é mais fácil de lidar, mais fácil de remanejar e segurar a ansiedade, mas, se é algo sentimental, se é algo que esperamos de outra pessoa, aí é mais difícil manejar, pois aguardar o tempo do outro é algo que incomoda.
O medo da não correspondência é sufocante.
A falta de compreensão acerca dos pensamentos do outro é mortal.

Eu, particularmente, detesto expectativas, pois detesto esperar acontecer. Me lembro que aos 10 anos, eu queria tanto um disco da xuxa (ainda vinil) que fiz minha irmã comprar pra mim enquanto estávamos passeando no shopping. O detalhe é que ela sabia que minha outra irmã me daria o disco, mas ao ver minha aflição, meus olhos de cachorrinho abandonado e meu desejo de ganhar o tal disco, ela acabou cedendo.
Quando chegamos em casa, sobre a minha cama, havia um pacote lindo, com um laço gigante, mas o conteúdo do pacote já não era novidade, não me causou euforia, só confusão.
Minhas irmãs brigaram, um dos discos foi dado a alguém que não me lembro e depois disso, toda vez que uma delas ia me dar um presente, a outra ia junto, pra não correr o risco de meu olhar chantagista convencer uma delas novamente a me dar o que eu queria, quando eu queria.

Até hoje não sei lidar com expectativas. Até hoje uso meu olhar de cachorrinho abandonado para conseguir antecipar fatos, para trazer a expectativa do outro pra perto de mim, mas nem sempre tenho o que quero, porque não há o período de maturação, não espero pelo momento certo, só existe minha pressa em viver o que quero e por fim, nunca é como deveria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário