Após ter vivido e vivenciado muita coisa, tenho experimentado situações diferentes que só me fazem crer que o ser humano, de maneira geral, está solitário.
Conheci pessoas que se cercam de falsos amigos, falsos amores, animais de estimação, plantas, carreira, estudos, mas que independente do quanto se ocupam, independente do quanto se protegem, permanecem solitários, buscando algo que os complete, buscando o amor do qual tanto se fala.
Acontece que essas mesmas pessoas não conseguem viver verdades, então, ao se cercar e ocupar, inventam mentiras afim de se sentirem confortados e com isso, acabam por afastar o verdadeiro e tão sonhado amor.
Recentemente, passei por duas situações que me deixaram apavorada.
A primeira, foi a promessa de um amor que duraria a vida toda, uma história mágica, com um encanto e uma doçura que não cabiam em mim. Aos poucos, a magia virou bruxaria, o encanto virou desencanto e descobri que me apaixonei por uma mentira. Ou seria uma inverdade?! Enfim, acredito até que houvesse o sentimento por parte da outra pessoa, mas, em função da necessidade da auto-preservação e auto-proteção, essa pessoa não foi totalmente honesta, inventou fatos e situações, criou desculpas e impedimentos para não viver a história por completo e para justificar seus medos, seus fantasmas, sua covardia.
A segunda, foi a aparição de um ser fantástico, interessante, cheio de qualidades, mas já tão machucado pela vida e por situações passadas, que se esqueceu que a vida necessita ser vivida diariamente, então, tornou-se objetivo, direto e extremamente apressado. Essa minha história, ao contrário da primeira, durou dois dias. Dois dias intensos, cheios de confusões, casos e acasos que resultaram numa mensagem de celular (minha) dizendo que essa intensidade toda havia me assustado e que eu não estava pronta para viver isso tudo. Fim. Acabou.
Acho até que se meu momento fosse outro, eu teria embarcado nesse trem supersônico e certamente estaria casada em um mês. Mas e o amor? E a magia?
A objetividade não dá espaço pra isso. A objetividade visa suprir uma carência imediata que é facilmente confundida com a necessidade de amar e ser amado.
Me pergunto qual a causa de tanta solidão, de tanto desencontro, de tantas pessoas incapazes de amar verdadeiramente. Não consigo encontrar outra resposta que não seja a banalização dos sentimentos.
Veja novelas por exemplo, que antigamente contavam histórias de amores impossíveis do começo ao fim, mas que no fim, eram vividos. Agora, as mesmas novelas adotam aquela frase tão usada ultimamente “a fila anda” e amores que no começo prometem ser tão imensos, são colocados de lado como assessórios velhos e substituíveis.
Cadê aquele amor que durava a vida toda? Cadê aquela história linda que nossos avós nos contavam?
Antigamente, casamentos duravam a vida toda.
Hoje, casamentos que duram mais que 10 anos são tidos como algo inacreditável, quase inconcebível. Imagine que num mundo com tanta variedade e oferta, alguém optar por viver a vida toda com a mesma pessoa é quase um absurdo.
Então temos pessoas solitárias, que nunca conseguem encontrar aquilo que buscam, porque de fato não sabem o que buscam, trocando de parceiros como quem troca de roupa, mentindo e tratando pessoas como se fossem objetos de satisfação e não seres com sentimentos, que por sua vez replicam o que sentem e são submetidos, passando a submeter outros seres, criando uma onda gigante de pessoas vazias, desesperadas, mentirosas e igualmente desinteressantes.
Me cansei disso tudo. Estou fechada pra balanço. Só vou querer conhecer alguém a fundo, se de repente, num primeiro momento, tal pessoa se mostrar no mínimo interessante. Só vou beijar outra boca, quando de fato o sorriso for verdadeiro. Só vou pra cama com quem merecer me ter.
Portanto, seres desesperados, carentes, emocionalmente instáveis, vaidosos demais e outras coisas, por favor, mantenham-se longe. Assim, evitamos situações embaraçosas.