Não me considero uma pessoa
politizada, tão pouco sou adepta à politicagem, então, após o resultado das
eleições presidenciais, eu, juntamente com contatos e amigos de redes sociais e
afins, trocamos inúmeras mensagens, vídeos, imagens e tudo o que surgiu instantaneamente,
para propagação, deleite, demonstração e constatação da indignação coletiva do
momento, bem como manifestações contrárias. Também não sou nem um pouco polida,
portanto, não tenho porque esconder (nem conseguiria), minha profunda decepção
com o povo do país no qual nasci, cresci e vivo.
Em Julho de 2013, recebi um
telefonema assustado do meu filho, porque havia visto na TV que vândalos
estavam pelas ruas quebrando, protestando, saqueando e amedrontando a
população. Eu, na época, morava longe da zona central da cidade, logo, estava
distante do movimento que tomou conta das ruas por alguns dias. Expliquei para
meu pequeno que aquele movimento se dava por conta da insatisfação das pessoas
com relação à administração do país e que, mesmo que da maneira errada (em meu
ponto de vista), o povo estava disposto a não mais se contentar com o que
havia.
Na época, escrevi um texto sobre
o assunto, dizendo que eu não concordava com a forma como as coisas estavam
acontecendo, porque usava-se o poder e a voz do povo para tendenciar, instigar
e direcionar a população da pior maneira possível, pois o lugar correto de se
protestar seria nas urnas. Usava-se o termo “o gigante acordou” de maneira
agressiva, mas este mesmo gigante jamais havia e haverá de se levantar e virar
as costas para a urna, no momento do voto, afim de protestar e demonstrar sua
insatisfação de maneira coerente e pacífica.
Em caso de dúvida, leia http://imperfeitamasfeliz.blogspot.com.br/2013/06/nao-e-so-por-r020-mas-por-uma-vida.html.
Veja bem, escrito em Junho de
2013. Estamos em Outubro de 2014 e neste período, tivemos outras manifestações,
outras esquisitices e aberrações políticas, populares, estudantis, econômicas,
sociais, verbais, textuais, expressas ou não! Tantas!
E no meio de tudo isso, num mesmo
ano, tivemos dois momentos extremamente marcantes na história do Brasil.
1 – COPA DO MUNDO NO BRASIL
2 – ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
Sobre a copa, também escrevi!
Jurei me abster, mas não consegui, porque além de não ser polida, também sofro
de incontinência verbal! Escrevi! Não “Fujo à própria luta!”
Lá escrevo: “O que vejo são pessoas sem opinião sendo manipuladas e hoje, perdendo
seus empregos porque não pensaram no amanhã, não reivindicaram da maneira
correta e sim, sendo punidas por prejudicarem milhares de outras pessoas.
O que ainda verei?! Essas mesmas pessoas, do bem e do mal, boas e más,
politizadas ou ignorantes reclamando da vida, mas votando errado, como
sempre foi!”.
Quando eu disse isso?! Às vésperas
da Copa, quando os olhos do mundo estavam voltados para nosso rico país, e nós,
preocupados com decorações, manifestações, falando sobre dinheiro que foi gasto
em estádios quando deveriam e poderiam ter sido direcionados para a Educação e
a Saúde do País. Lembra?! Não?! Eu lembro! Aliás, se olharmos atentamente,
ainda veremos muros com algumas frases que falam sobre isso de maneira bastante
clara e até chula!
Quando vi o resultado das
eleições, recebi uma mensagem que dizia “Agora o povo vai pra Paulista!” ... Pensei
“Nossa! O povo vai mostrar sua indignação!...” Pensei errado! O povo foi para a
Paulista festejar... Isso mesmo! Festejar!
Voltando um pouco no tempo, dia
13/07 foi a final da copa. Brasileiros tornaram-se Alemães! Um pouco antes
disso, vi o povo vaiando a Presidenta em rede nacional e mandando-a tomar co
Cú! Lembra?! Não?! Eu me lembro!
Dia 31/07, o Sr. Joaquim Barbosa,
aposentou-se definitivamente e deixou de ser Presidente do Supremo. Você sabia
disso?! Não?! Ah sim! Estava ainda revoltado pelos 7 gols que tomou da Alemanha
dia 08/07! Ah Sim!
Sabia que Joaquim Barbosa, em
2013 foi eleito um dos homens mais influentes do mundo, pela revista Time?!
Sabia que ele estudou até na França e que é o primeiro ministro
reconhecidamente negro do Supremo Tribunal Federal?! Não, né?! A Copa não te
deu tempo de tomar conhecimento disso.
Aliás, a Copa nem te deu tempo
pra pensar em quem votar para presidente, não é mesmo?!
Ontem vi algumas manifestações em
redes sociais. Pessoas de luto, pessoas festejando, mas principalmente e o que
mais me chamou atenção, foram as pessoas que simplesmente deixaram de decidir e
deixaram que outros decidissem por elas! Aqueles que se abstiveram do ato de
votar e decidir.
Covardia?!
Falta de conhecimento político?!
Ou por pura politicagem?!
Sabe quem foi Poncio Pilatos?!
Foi aquele que lavou as mãos diante das acusações contra Jesus, dizendo que o
povo decidiria o destino dele e que, em suas mãos não pesaria culpa alguma.
Lavou as mãos no sentido literal, porque para demonstrar sua falta de ação,
solicitou uma bacia com água e lavou as mãos diante da população. Ato de
politicagem. Não desagradou Cesar, tão pouco desagradou os altos sacerdotes da
época e deu ao povo a falsa sensação de decisão.
Nesta eleição, tivemos em torno
de 21% da população que se absteve de seu direito e dever de votar. São
milhares de pessoas que lavam as mãos diante de uma decisão importante.
Sei que é pesado usar Pilatos
nessa história, mas vale como referencia.
Vamos além agora, pensando no
país como uma empresa, que em minha opinião, seria a maneira correta de
encará-lo. Uma empresa tem um quadro diretivo, que em tese pode ser considerado
como Ministros e Senadores. Tem o presidente, que neste caso, é nossa Dilma.
Temos os Gerentes e Gestores, que podem ser os Vereadores. E tem os
funcionários, que fazem com que a máquina trabalhe, gire, e, aconteça
diariamente, que somos nós, em nossos setores, sendo que dentro desses setores,
temos empresas, empresários e simples operários.
Quando a empresa vai mal, o
quadro diretivo ou os donos da empresa demitem o presidente e escolhem um
sucessor. Alguém capaz de fazer com que a empresa volte a ter lucro, volte a
crescer, volte a de fato manter-se de pé e ser competitiva, diante do mercado
em que atua.
Imagine que, em nossa empresa, “Empresa
Brasil”, os donos são os operários, empresas e empresários, e, que os demais,
sendo Gerentes, Gestores e Diretores, apesar de “atuarem” em cargos superiores
aos dos operários, na verdade, periodicamente, prestam contas para os operários,
verdadeiros donos da Empresa Brasil, afim de que estes decidam, opinem e
demonstrem seu grau de satisfação ou de insatisfação com sua forma de gerir a
empresa que lhes pertence.
Pois bem! Assim é o país!
Agora, estes gestores não tem
intenção nem interesse de fazer com que os operários e donos da Empresa Brasil
saibam e vejam e demonstrem sua insatisfação, então, criam workshops, criam
benefícios, distribuem participação nos lucros, que muitas vezes saem do
próprio bolso dos operários, mas estes, tão anestesiados e gratos, não
conseguem ver ou entender isso, então, desatentos à real situação da empresa,
mantém a gestão nas mãos de péssimos gestores.
Não me abstive ao meu poder e
dever de votar. Como acionista da Empresa Brasil, votei no primeiro turno para
Marina e no segundo turno para Aécio. Entenda, não sou fã deste ou daquele, mas fui e sou contra a atual gestão, porque vi, assisti, me atentei e percebi
a insatisfação coletiva e não só a minha! Não ganhei bolsas, nem incentivos,
nem nenhum tipo de beneficio que me deixasse embriagada ou ludibriada. Estava
sóbria quando a população cantou o hino nacional nas ruas, no palácio e no
estádio durante a abertura da Copa. Estava bem acordada quando optei por meus
candidatos e hoje, após a ressaca, rebordosa, enjoo e tudo de ruim que me
acometeu logo após o término das eleições, mais uma vez sóbria, escrevo!
Consciente e sóbria o bastante
para saber que posso receber críticas duras, afinal, se a Revista Veja pagará
por suas últimas publicações, creio que eu também esteja sujeita a algumas
críticas e talvez postagens que falem sobre Câncer ou coisa parecida, como já
aconteceu recentemente.
Somos livres para decidirmos pelo
sim, pelo não e pelo talvez! Logo, somos diretamente responsáveis por aquilo
que fazemos, dizemos, deixamos de fazer e deixamos de dizer! Pode-se dizer que
é ação e reação, ou livre arbítrio.
Agora, estamos às vésperas do
natal, então, acho difícil que novas passeatas aconteçam, porque o povo gosta
de festa! Mas em janeiro, quando todas as novas medidas, novos diretores e
afins forem definidos, quando impostos e aumentos se mostrarão, quando de fato
saberemos e entenderemos o que significa “Governo Novo com presidente velho”,
estarei de prontidão, em frente à minha TV, afim de assistir à manifestação
popular ou a falta dela.
Será que os 21% que lavaram as
mãos irão para as ruas?!
Aguardemos!