terça-feira, 28 de outubro de 2014

POLITICAMENTE INCORRETA



Não me considero uma pessoa politizada, tão pouco sou adepta à politicagem, então, após o resultado das eleições presidenciais, eu, juntamente com contatos e amigos de redes sociais e afins, trocamos inúmeras mensagens, vídeos, imagens e tudo o que surgiu instantaneamente, para propagação, deleite, demonstração e constatação da indignação coletiva do momento, bem como manifestações contrárias. Também não sou nem um pouco polida, portanto, não tenho porque esconder (nem conseguiria), minha profunda decepção com o povo do país no qual nasci, cresci e vivo.

Em Julho de 2013, recebi um telefonema assustado do meu filho, porque havia visto na TV que vândalos estavam pelas ruas quebrando, protestando, saqueando e amedrontando a população. Eu, na época, morava longe da zona central da cidade, logo, estava distante do movimento que tomou conta das ruas por alguns dias. Expliquei para meu pequeno que aquele movimento se dava por conta da insatisfação das pessoas com relação à administração do país e que, mesmo que da maneira errada (em meu ponto de vista), o povo estava disposto a não mais se contentar com o que havia.

Na época, escrevi um texto sobre o assunto, dizendo que eu não concordava com a forma como as coisas estavam acontecendo, porque usava-se o poder e a voz do povo para tendenciar, instigar e direcionar a população da pior maneira possível, pois o lugar correto de se protestar seria nas urnas. Usava-se o termo “o gigante acordou” de maneira agressiva, mas este mesmo gigante jamais havia e haverá de se levantar e virar as costas para a urna, no momento do voto, afim de protestar e demonstrar sua insatisfação de maneira coerente e pacífica.


Veja bem, escrito em Junho de 2013. Estamos em Outubro de 2014 e neste período, tivemos outras manifestações, outras esquisitices e aberrações políticas, populares, estudantis, econômicas, sociais, verbais, textuais, expressas ou não! Tantas!

E no meio de tudo isso, num mesmo ano, tivemos dois momentos extremamente marcantes na história do Brasil.

1 – COPA DO MUNDO NO BRASIL

2 – ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Sobre a copa, também escrevi! Jurei me abster, mas não consegui, porque além de não ser polida, também sofro de incontinência verbal! Escrevi! Não “Fujo à própria luta!”

  
Lá escrevo: “O que vejo são pessoas sem opinião sendo manipuladas e hoje, perdendo seus empregos porque não pensaram no amanhã, não reivindicaram da maneira correta e sim, sendo punidas por prejudicarem milhares de outras pessoas.

O que ainda verei?! Essas mesmas pessoas, do bem e  do mal, boas e más,

 politizadas ou ignorantes reclamando da vida, mas votando errado, como

 sempre foi!”.


Quando eu disse isso?! Às vésperas da Copa, quando os olhos do mundo estavam voltados para nosso rico país, e nós, preocupados com decorações, manifestações, falando sobre dinheiro que foi gasto em estádios quando deveriam e poderiam ter sido direcionados para a Educação e a Saúde do País. Lembra?! Não?! Eu lembro! Aliás, se olharmos atentamente, ainda veremos muros com algumas frases que falam sobre isso de maneira bastante clara e até chula!

Quando vi o resultado das eleições, recebi uma mensagem que dizia “Agora o povo vai pra Paulista!” ... Pensei “Nossa! O povo vai mostrar sua indignação!...” Pensei errado! O povo foi para a Paulista festejar... Isso mesmo! Festejar!

Voltando um pouco no tempo, dia 13/07 foi a final da copa. Brasileiros tornaram-se Alemães! Um pouco antes disso, vi o povo vaiando a Presidenta em rede nacional e mandando-a tomar co Cú! Lembra?! Não?! Eu me lembro!

Dia 31/07, o Sr. Joaquim Barbosa, aposentou-se definitivamente e deixou de ser Presidente do Supremo. Você sabia disso?! Não?! Ah sim! Estava ainda revoltado pelos 7 gols que tomou da Alemanha dia 08/07! Ah Sim!

Sabia que Joaquim Barbosa, em 2013 foi eleito um dos homens mais influentes do mundo, pela revista Time?! Sabia que ele estudou até na França e que é o primeiro ministro reconhecidamente negro do Supremo Tribunal Federal?! Não, né?! A Copa não te deu tempo de tomar conhecimento disso.

Aliás, a Copa nem te deu tempo pra pensar em quem votar para presidente, não é mesmo?!

Ontem vi algumas manifestações em redes sociais. Pessoas de luto, pessoas festejando, mas principalmente e o que mais me chamou atenção, foram as pessoas que simplesmente deixaram de decidir e deixaram que outros decidissem por elas! Aqueles que se abstiveram do ato de votar e decidir.
Covardia?!

Falta de conhecimento político?!

Ou por pura politicagem?!

Sabe quem foi Poncio Pilatos?! Foi aquele que lavou as mãos diante das acusações contra Jesus, dizendo que o povo decidiria o destino dele e que, em suas mãos não pesaria culpa alguma. Lavou as mãos no sentido literal, porque para demonstrar sua falta de ação, solicitou uma bacia com água e lavou as mãos diante da população. Ato de politicagem. Não desagradou Cesar, tão pouco desagradou os altos sacerdotes da época e deu ao povo a falsa sensação de decisão.

Nesta eleição, tivemos em torno de 21% da população que se absteve de seu direito e dever de votar. São milhares de pessoas que lavam as mãos diante de uma decisão importante.

Sei que é pesado usar Pilatos nessa história, mas vale como referencia.

Vamos além agora, pensando no país como uma empresa, que em minha opinião, seria a maneira correta de encará-lo. Uma empresa tem um quadro diretivo, que em tese pode ser considerado como Ministros e Senadores. Tem o presidente, que neste caso, é nossa Dilma. Temos os Gerentes e Gestores, que podem ser os Vereadores. E tem os funcionários, que fazem com que a máquina trabalhe, gire, e, aconteça diariamente, que somos nós, em nossos setores, sendo que dentro desses setores, temos empresas, empresários e simples operários.

Quando a empresa vai mal, o quadro diretivo ou os donos da empresa demitem o presidente e escolhem um sucessor. Alguém capaz de fazer com que a empresa volte a ter lucro, volte a crescer, volte a de fato manter-se de pé e ser competitiva, diante do mercado em que atua.

Imagine que, em nossa empresa, “Empresa Brasil”, os donos são os operários, empresas e empresários, e, que os demais, sendo Gerentes, Gestores e Diretores, apesar de “atuarem” em cargos superiores aos dos operários, na verdade, periodicamente, prestam contas para os operários, verdadeiros donos da Empresa Brasil, afim de que estes decidam, opinem e demonstrem seu grau de satisfação ou de insatisfação com sua forma de gerir a empresa que lhes pertence.

Pois bem! Assim é o país!

Agora, estes gestores não tem intenção nem interesse de fazer com que os operários e donos da Empresa Brasil saibam e vejam e demonstrem sua insatisfação, então, criam workshops, criam benefícios, distribuem participação nos lucros, que muitas vezes saem do próprio bolso dos operários, mas estes, tão anestesiados e gratos, não conseguem ver ou entender isso, então, desatentos à real situação da empresa, mantém a gestão nas mãos de péssimos gestores.

Não me abstive ao meu poder e dever de votar. Como acionista da Empresa Brasil, votei no primeiro turno para Marina e no segundo turno para Aécio. Entenda, não sou fã deste ou daquele, mas fui e sou contra a atual gestão, porque vi, assisti, me atentei e percebi a insatisfação coletiva e não só a minha! Não ganhei bolsas, nem incentivos, nem nenhum tipo de beneficio que me deixasse embriagada ou ludibriada. Estava sóbria quando a população cantou o hino nacional nas ruas, no palácio e no estádio durante a abertura da Copa. Estava bem acordada quando optei por meus candidatos e hoje, após a ressaca, rebordosa, enjoo e tudo de ruim que me acometeu logo após o término das eleições, mais uma vez sóbria, escrevo!

Consciente e sóbria o bastante para saber que posso receber críticas duras, afinal, se a Revista Veja pagará por suas últimas publicações, creio que eu também esteja sujeita a algumas críticas e talvez postagens que falem sobre Câncer ou coisa parecida, como já aconteceu recentemente.

Somos livres para decidirmos pelo sim, pelo não e pelo talvez! Logo, somos diretamente responsáveis por aquilo que fazemos, dizemos, deixamos de fazer e deixamos de dizer! Pode-se dizer que é ação e reação, ou livre arbítrio.

Agora, estamos às vésperas do natal, então, acho difícil que novas passeatas aconteçam, porque o povo gosta de festa! Mas em janeiro, quando todas as novas medidas, novos diretores e afins forem definidos, quando impostos e aumentos se mostrarão, quando de fato saberemos e entenderemos o que significa “Governo Novo com presidente velho”, estarei de prontidão, em frente à minha TV, afim de assistir à manifestação popular ou a falta dela.

Será que os 21% que lavaram as mãos irão para as ruas?!


Aguardemos!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

PEGA E NÃO SE APEGA


Esses dias, vi que minha sobrinha de vinte e poucos anos está lendo um livro com o título “não se apega”. Não vi quem é o autor, tão pouco o conteúdo, mas pelo título, suponho que seja mais um desses livros com a fórmula mágica do desamor, do desapego, do descaso com o sentimento do outro.



Não sei se é, pode ser que eu esteja tremendamente errada.

Veja, não estou criticando o livro, só estou supondo, pelo título, qual pode ser o conteúdo.

Essa minha sobrinha é linda, inteligente, independente, destemida, e tantos outros adjetivos que eu também possuía quando estava na casa dos vinte.

Hoje vejo o quão errada fui. O quão fútil fui.

De tão linda, achava que o mundo deveria sempre se curvar aos meus pés.

De tão inteligente, me considerava acima de tudo e de todos, logo, inalcançável.

De tão independente, não precisava de nada, nem de ninguém para me fazer bem, para ocupar meu coração, porque este já estava ocupado demais com meu amor por mim.

De tão destemida, não me importava com os riscos que corria, tão pouco com os corações que partia, pois sabia que o futuro para mim seria tudo aquilo que eu quisesse, seria somente o que eu fizesse dele.

Parti o coração de garotos bacanas, porque a política do pegar e não apegar era minha filosofia de vida.

Vi e senti meu coração se partir também muitas vezes porque sempre encontrei aqueles que tinham uma política parecida com a minha.

Hoje, passado tudo isso, penso que adoraria comprar um livro que me dissesse como não me apegar, como não me interessar, como não me importar.

Hoje, passado tudo isso, sinto que adoraria comprar um livro que me dissesse como fazer com que o outro se apegue, se interesse, se importe.

Hoje, passado tudo isso, vejo que somos seres vazios, tão preocupados em nossa preservação individual, que nos tornamos incapazes de deixar que o amor aconteça, porque amor e dor caminham juntos e estando fechados para o sentimento, evitamos a dor. Estabelecemos padrões, meios de análise, formas de simular e camuflar o que somos e o que queremos, então, magoamos.

Magoamos àqueles que sonham com o amor.

Decepcionamos àqueles que se abrem para nós. 

Desiludimos àqueles que esperam um mínimo gesto de afeto.


Hoje, tendo passado por tudo isso, fui pega pelo amor, mas o amor não se apegou a mim.