sexta-feira, 7 de abril de 2017

QUEM TE REPRESENTA?


Ontem, dediquei duas horas do meu tempo, assistindo vídeos da Samia e da Sarah Winter. Porque das duas?! Porque tenho visto que ambas estão no auge da visibilidade e encontram-se em lados opostos.
Samia é esquerdista, ou seja, é contra o governo atual, é feminista e por conseqüência, tem estado em luta ativa nas redes sociais.

Sarah é de direita, assumidamente católica, ex-feminista e entre algumas lutas, está diretamente declarando-se contra feministas e em especial, contra o aborto.

Vi Sarah tentando defender a bandeira católica para justificar a preservação da vida e vi Samia usando muito sarcasmo e pouquíssima educação ao corrigir erros de português e concordância de sua oponente.

Entristeci ao perceber que uma moça culta e preparada precisou apoiar-se no discurso mal planejado da outra que não entende de verdade o sentido do cristianismo.

Então vi muito rapidamente, um vídeo em que Eliana, aquela apresentadora de TV está à mesa com Anita e ambas mostram suas refeições. Anita mostra dois hambúrgueres com tudo o que tem direito, batatas fritas e Milk Shake, enquanto Eliana super light come salada. O que me chamou atenção neste vídeo foi a legenda “#ANITAMEREPRESENTA”

Dediquei tempo à Samia e Sarah porque também tenho visto #MEREPRESENTA  em vídeos de ambas e me vi questionando quem me representa hoje. Quem me representa hoje?! Quem alguma vez na vida me representou?!

Estamos num momento em que todos tem algo a dizer, todos tem algo a comentar e alguma bandeira a levantar. Todos tem lutado batalhas de ignorância e totalmente unilaterais.

Veja, hoje temos rótulos e divisões. Se sou contra o aborto, sou a favor do Bolsonaro e do governo atual. Se sou feminista então obrigatoriamente sou gay e a favor do aborto. Se sou católica, sou patética e alienada. Se sou evangélica, sou radical e sofri lavagem cerebral. Nos dividimos em posições não políticas mas sociais e esquecemos que estamos TODOS NO MESMO BARCO!

Faço parte de uma estatística que diz um “X” percentual da população está desempregada. Também faço parte de um “X” percentual de mulheres que tem ações na justiça para cobrança de pensão alimentícia atrasada. Também sou parte de um “X” percentual de inadimplentes e portanto, incluídos no SPC/SERASA. Se eu não correr atrás de resolver isso, quem irá lutar por mim?!

Vi duas mulheres bonitas, com histórias de vida diferentes, tentando ser notadas usando suas vozes estridentes e perdendo a linha diversas vezes. Lembrei de tantas samias e sarahs que diariamente sentem necessidade de serem ouvidas e vistas na mídia e em redes sociais acrescentando absolutamente nada à minha vida e à vida de tantos outros brasileiros...

Isso sem falar de Anita, Ludmila, Ivete e mais um monte de mulheres que não acrescentam nada à vida de ninguém, mas que recebem total atenção e muitos hashtags....

Quanto à bandeira levantada por Sarah, ela esqueceu de dizer que  igreja católica é contra o aborto e contra métodos contraceptivos, mas, por ser igreja em evolução, entende a particularidade de cada ser humano, logo, de maneira geral a regra é uma só, mas existem as exceções, de acordo com a situação e vejo isso, vivo isso, sinto isso porque sou católica praticante, na verdade, sou catequista hoje, por opção e por sentir necessidade de falar de Deus e não de uma religião especificamente. Eu fui e sou exceção de uma regra da igreja. Casei-me em 2009 na igreja sem saber o significado do sacramento e quando soube o que era, estando divorciada, me senti devastada e nos braços da igreja, encontrei conforto e solução. Meu casamento foi anulado e hoje, posso  me casar na igreja conforme o grau de importância deste sacramento e conscientemente. Este é um ato que poderei repetir caso me case errado novamente?! NÃO! Sabe aquela famosa passagem bíblica que diz “arrependei-vos e sereis perdoados”?! E aquela outra dita à mulher adultera “vá e não peques mais”?! Pois é! Esta é uma exceção que não será repetida. Entendeu?!

Também esqueceu de dizer que a igreja católica, apesar de todas as falhas e escandalos, é presidida por um ser humano incrível e que mais do que nunca tem ajudado milhares de famílias em situação de pobreza e dificuldade financeira, inclusive a minha!

Quanto ao aborto, já me posicionei uma vez, mas decidi falar um pouco mais, porque um dos temas mais discutidos no debate entre aquelas duas moças foi acerca deste assunto.

Sou católica, mas sou a favor do aborto se e somente se:

1 – A vítima de estupro, após passar por análise psicológica e tratamento profissional adequado, não conseguir levar a gestação adiante, atentando contra a própria vida. Mas, caso consiga chegar ao final da gestação e ainda assim não conseguir sentir o mínimo de amor maternal pela criança, então, que o bebê seja imediatamente acolhido por instituição responsável por proteger e cuidar até sua adoção.

2 – Caso de Anencefalia, Hidrocefalia ou Microcefalia. Em se tratando de microcefalia, existem crianças que conseguem atingir níveis de desenvolvimento e convívio social, porém em sua grande maioria, são pessoas que necessitam e necessitarão de acompanhamento 24h, tendo em vista sua incapacidade até mesmo de engolirem saliva sozinhos, correndo altíssimo risco de morrerem sufocados, entre uma série de outras situações de risco e sofrimento constante.
Sou católica, mas sou a favor de métodos contraceptivos, bem como sou totalmente a favor da castração de estupradores.

Sou tão feminista que acredito que para mulheres que levantam cartazes a favor do aborto deveriam ser colocadas numa fila ou lista para esterilização, independente de sua idade, assim, não correriam o risco de necessitar abortar. Que tal?! Acredito que uma mulher que encontra solução para seu problema num comprimido abortivo, não é capaz de amar um filho como se deve, logo, ao invés de defender a idéia da interrupção de uma vida, deveria defender a  idéia de não gerar vida alguma. Claro que, sendo esta uma decisão voluntária e individual. Racional e prática!

Entendeu?! Estupradores castrados não estupram e não geram filhos. Feministas estéreis não precisam da regularização do aborto. Católicos atuais continuam sendo o que são. Todo mundo fica feliz.

Quando fiquei grávida do meu primeiro filho, o pai disse que não estava pronto para ser pai e me pediu para abortar. Meu filho tinha 5mm e no ultrassom dizia “batimentos cardiofetais estão presentes”, meu filho já era meu filho, já tinha batimentos cardíacos e era do tamanho de um cisco. Somente quem é mãe e capaz de amar, entende o que é isso, então, aquelas que não entendem, realmente devem abortar, mas também devem no ato do aborto, passarem por esterilização. Isso sim deveria ser pauta de plenário, passeatas e afins, o direito de não gerar vidas àquelas que são incapazes de amar.

No caso de mulheres que já tem filhos e dizem não poder arcar com as despesas de outra criança, tendo em vista o fato de a maternidade ser somente um ato financeiro, também sejam operadas e deixem de correr o risco de gerar outra vida e aumentar suas despesas mensais.

Ah sim! Já ia me esquecendo! Também vi Samia falar sobre “Mães Solo”. Eu fui mãe solteira como já mencionei, mas sabem quem mais foi mãe solteira?! MARIA! Sabem quem é?! Aquela que deu a vida a Jesus! Sim! Numa época em que corria risco de ser apedrejada, de ser considerada impura e muitas outras coisas horríveis, Maria assumiu seu papel na criação e maternidade, e, amou seu filho incondicionalmente. Quando José se casou com ela, já estava grávida e ele sabia que ela carregava um filho que não era seu. Ser mãe solteira não é ruim, tão pouco um fardo. Ruim é ser promíscua e negligente com a vida e com o próprio corpo.

Agora deixemos de falar de aborto e voltemos ao restante...

Meus filhos estudam numa escola estadual que mal tem carteiras para as crianças se sentarem. Meu filho, no oitavo ano fundamental assiste somente duas aulas por dia, porque não tem professor na escola. Minha filha só sabe ler e escrever porque aprendeu numa escola particular, antes de eu perder meu emprego, porque se dependesse do que vê na escola estadual hoje, ainda estaria pintando fora da margem.

Tenho me candidatado a vagas de todas as espécies possíveis, desde faxineira até meu antigo cargo, secretária executiva de presidência e em nenhum dos extremos tenho tido sucesso, sabe porque?! Porque faxineira ganha menos de um salário mínimo e tem que trabalhar período integral, não tendo como pagar escola ou alguém para olhar meus filhos, então, saindo de casa, corro o risco de deixá-los ao acaso. Porque secretária ganha bem e ganharia o suficiente para o que preciso, mas ninguém está contratando e quando contratam, querem pagar o mesmo que ganha uma faxineira.

Hoje, temos muitas manifestações contra o governo atual, que é resultado de um impeachment e sucessão natural, mas o governo atual também é reflexo da eleição passada, pois vice presidente de presidente ruim, é presidente ruim! Só que temos pessoas tão preocupadas em direita e esquerda, nós e eles, partido A e partido B, que não percebem que somos todos uma nação só!

Não vou nem entrar na área da saúde ta?!

Quem sou eu pra dizer isso não é mesmo?! Sou negra, mas não me envolvi em nenhum movimento negro, sou católica, mas não faço parte de nenhum ministério, sou mãe solteira, mas não entrei pra militância feminista, sou muitas coisas mas no final, de verdade, só estou preocupada em ser pessoa.
Quer saber quem me representa?! EU!

Se eu não cuidar da educação, do bem estar e da saúde dos meus filhos, não terei cumprido com meu papel de mãe.

Se eu não cumprir com meus deveres civis, se não votar, se não pagar impostos, se não contribuir, não terei comprido com meu papel de cidadã.

Se eu não explicar para as pessoas que Jesus nos ensinou a amar e a perdoar , que Deus nos fez para sermos felizes sem nos julgar, então não terei cumprido com meu papel de cristã.

Paremos  de lutar essas batalhas inglórias e passemos a enxergar que estamos iniciando um novo apartheid, estamos nos dividindo em tribos, religiões, raças, salários, posições sociais e partidos políticos! Lembremo-nos de que somos pessoas e como tal, passemos a administrar questões práticas através da lei, questões sociais através de ações e entidades corretas, deixemos de postar cada movimento em redes e páginas de internet visando somente “likes e shares”...

Cansei de escrever... daria um livro se continuasse, e esse texto ficou muito grande, mas nesse momento, só queria registrar a quantidade de ignorância e intolerância ajudamos a divulgar sem sequer nos informarmos sobre veracidade ou conteúdo.

Você já leu a proposta da reforma tributária?! E sobre a reforma previdenciária?! Você sabe de verdade sobre o que está bradando e porque está lutando?!...


terça-feira, 4 de abril de 2017

Deixar de Existir... Desistir...



Hoje, mais do que qualquer outro dia, meu coração está doendo. Ou melhor, o que restou dele esta doendo.
A vida nunca foi facil pra mim. Não faço parte dessa geração que tem tudo muito facil e que tem fotos maravilhosas em redes sociais. Tenho fotos reais e relatos sinceros, o que muitas vezes se torna alvo de critica, porque existem aqueles que acreditam no poder do "olho ruim" e na existencia do mal que se alimenta de nós, o que pra mim, é como acreditar em macumba, amarração de amor e essas baboseiras todas. O mal existe tanto quanto o bem existe e ponto final!

Hoje, vejo tanta coisa ruim no mundo, tanta maldade e coisas erradas que não consigo ver sentido nos sorrisos engessados.
Então me dou conta que na verdade, o meu mundo que está ruim e não o deles! No meu mundo tem filho que sofre bulling numa escola de merda, no meu mundo falta comida na mesa, no meu mundo falta emprego, no meu mundo tem saude ruim, no meu mundo e só no meu mundo tem o meu coração que dói.

Claro que haverão aqueles que dirão que o que vivo hoje é consequência das minhas escolhas ruins, mas entao pergunto: só fiz escolhas ruins? Escolhi cuidar da minha mãe quando adoeceu e por isso fiquei fora do mundo corporativo, competitivo e carnívoro,  então escolhi errado?! Deveria te-la deixado morrer por conta do acaso? ! Hoje teria dinheiro no banco,  mas não a teria. É isso?!

Escolhi ser mãe solteira, porque o pai biologico do meu filho disse que não estava pronto para ser pai, então abri mão de carreira, vida propria e faculdade para ser provedora e responsável  por uma vida, então me tornei motivo de vergonha para muitos, exemplo negativo para alguns e, para poucos, objeto de exemplificação sobre o que fazer ou o que não ser.

Escolhi ser feliz com quem amo, decidi me dar a chance de viver o amor novamente, mesmo não tendo planejado e ignorando todos os fatores que nos cercavam. Ignorei fatores familiares, economicos, físicos,  tudo! Escolhi o abraço do final do dia. Escolhi o aconchego,  escolhi o amor primario e primitivo. Escolhi errado?

Acontece que recobrada a saúde e a consciencia, minha mãe volta a ser o que sempre foi e o que fiz ou deixei de fazer só afetou a minha vida.

Meu filho ainda depende de mim e hoje, não consigo ser provedora e tendo criado um indivíduo,  tenho que assumir meus erros e falhas no ato de criar, então,  meu filho, minha escolha, tem problemas e necessidades que não consigo resolver.

Meu amor?! Não sobrevive só de amor. Morre diariamente afogado em contas, sufocado em pendencias e situações mal resolvidas. Aquele abraço do final do dia, aquele aconchego foi substituido pelo silêncio e por suspiros, torcendo para que o sono chegue logo e resolva tudo.

Hoje, sou e estou muito mais imperfeita do que de costume e longe, muito longe de ser feliz.

Há algum tempo, escolhi deixar Deus me guiar. Decidi me jogar nos braços Dele e e acreditei estar segura. Mas talvez Ele não tenha me abraçado. Talvez eu tenha me enganado e me vi jogando fora tudo o que acreditei me afastar Dele e hoje, não estou nos braços de ninguém. Deus está ocupado resolvendo coisas realmente importantes. Tem crianças morrendo numa guerra estúpida! É egoismo meu querer que ele olhe pra mim...

Na verdade, acabo de me dar conta de que estou sozinha na minha cama, escrevendo para mim mesma, imaginando como seria se eu deixasse de existir... Se eu desistisse de ser...

Minha mãe ainda teria seus outros tantos filhos. Meus filhos seriam acolhidos e certamente teriam suas necessidades supridas. Meu marido encontraria outro amor... A vida continuaria sendo vida, mesmo sem a minha vida....

Dói pensar nisso... Dói ter consciencia de que poucos sentiriam minha falta, de que muitos não tomariam conhecimento e que para os que tomassem conhecimento, minhas escolhas ruins seriam certamente o que me definiria em suas lembranças...

Hoje, descobri que não sou nada... Na verdade, deixei de existir há tempos... Só não havia percebido ainda...

E agora?!