Quando eu tinha 15 anos, uma
garota que fazia parte do meu grupo fez um aborto. Na verdade, eu fui a única
que soube que ela havia feito, porque conhecia pessoas que acompanharam a
internação e processo de recuperação.
A garota tomou remédios em casa e foi pro
hospital com hemorragia. Foi tratada inicialmente bem, até que os médicos
perceberam que o que ela havia feito e o tratamento mudou. Teve o devido
cuidado médico, mas não teve o carinho que uma adolescente recebe normalmente.
Nós não éramos amigas, só colegas
e quando ela retornou ao grupo, ficava distante, triste, era nítido que não se
sentia bem com o que havia feito.
Essa garota engravidou do
primeiro namorado com quem teve relação sexual. Engravidou na primeira relação
adulta que teve. A mãe permitia que o namorado dormisse em sua casa, logo,
tinha ciência de que a filha mantinha relações sexuais com o namorado, dentro
de casa.
Quando ela contou ao namorado,
ele surtou e terminou o namoro. A garota também não teve o apoio da mãe e se
resolveu sozinha.
No dia 01/12/2016, o assunto
mais comentado nas redes sociais era
sobre a legalização do aborto. Várias pessoas defendendo a legalização e outras
tantas se mostrando contra.
Acontece que o que vi, foi um
monde de adolescentes discursando sobre a importância da autonomia sobre o próprio
corpo e por consequência, a liberdade de escolher abortar se e quando necessário.
As mulheres e homens adultos, que
se mostraram contra o aborto, são em geral pais e mães, que hoje entendem a importância
e o valor da vida de um filho e que não conseguem imaginar a vida de um filho
sendo ceifada.
Dentre os discursos a favor, vi
pessoas dizendo que essa é uma medida positiva, tendo em vista o fato de que
muitas meninas morrem em clinicas clandestinas, uma vez que com ou sem
legalização, o aborto é prática comum há muitos anos.
Também vi uma adolescente, no
auge dos seus 15 anos recém completados, escrever um texto imenso sobre a
liberdade de escolha e acrescentou que hoje tem 15 anos, mas já teve 3 meses de
vida no ventre de sua mãe e não se recorda disso, ou seja, se tivesse sido
abortada, jamais saberia de nada. Afirmou que uma grávida não é mãe e um feto
não é uma criança.
Então vejo vídeos de aborto,
vídeos de discursos contra o aborto, pessoas usando o símbolo #hashtag afim de
que sua ideia fique mais e mais difundida e sinto um peso imenso em meu
coração.
Fiquei grávida do meu primeiro
filho aos 25 anos e o pai me disse pra abortar. Lembro que em meu primeiro
ultrassom, ainda transvaginal, porque não há meio de fazer ultrassom pélvico com
duas semanas de gestação, vi escrito “batimentos cardio-fetais estão presentes”
e a medida do meu filho era 5mm. Me tornei mãe naquele instante. Defendi minha
cria do homem malvado que me dizia pra não permitir que ele viesse ao mundo, e amei
saber que dentro de mim, algo ainda sem forma, já pulsava, já era coração...
Meu filho tinha 15 dias de vida e eu era mãe há 15 dias.
Concordo que a luta pelo
feminismo abriu espaço para inúmeras mudanças, conquistadas a duras penas e em
meio a muitos protestos, mas me pergunto diariamente se lutamos causas
verdadeiramente nobres e reais, ou se extrapolamos e acabamos por transpor
algumas barreiras pelo simples fato de testarmos nosso poder de ser e existir.
Outro dia vi um vídeo que até
comentei nas redes sociais, de um grupo com nome totalmente ofensivo, que se
dizia feminista, gritava palavras de baixo calão, defendia o aborto com a
bandeira da liberdade, e, ofendia o papa abertamente. A conclusão que chego é
que para este grupo musical alternativo, liberdade tem a ver com não se
depilar, menstruar o tempo inteiro com sofrimento, fazer sexo com quem quiser,
sem usar camisinha e caso ocorra uma gestação, abortar sem sequer sentir
remorso e jamais, em tempo algum, pisar na igreja porque o papa é uma aberração
da natureza e é homem, logo, não merece seu respeito, tão pouco sua atenção.
Em minha segunda gestação, passei
muito mal. Desmaiava na rua, sentia fome o tempo todo, vomitava dia e noite e
minha filha nasceu prematura, com apenas seis meses, pesando 1,400kg. Ficou 22
dias na UTI e sempre que olho pra ela, hoje com 6 anos, vejo, sinto e sei o
quanto Deus me ama, e meu milagre sorri pra mim. Eu lutei por ela e ela lutou
pela vida.
Tirar uma vida, qualquer vida, é
crime.
Uma vida, tendo 5mm, 12 semanas,
ou em qualquer tempo, é uma vida e não podemos nos julgar tão soberanos a ponto
de decidirmos se merece ou não continuar a existir.
Mas, quem sou eu para dizer o que
e como cada um deve viver, não é mesmo?! Vivo num mundo onde:
Existem não-pessoas que abandonam
filhos.
Existem não-pessoas que abusam
dos próprios filhos.
Existem não-pessoas que aliciam
os próprios filhos.
Existem não-pessoas que espancam
e torturam seus filhos.
Existem não-pessoas que roubam os
filhos dos outros.
Existem não-pessoas que abusam
dos filhos dos outros.
Existem não-pessoas que aliciam
os filhos dos outros.
Existem não-pessoas que espancam
e torturam os filhos dos outros.
E existem não-pessoas que matam
os próprios filhos e os filhos dos outros.
Não-pessoas é um grupo ou classe
crescente no nosso mundo e infelizmente, tem tomado força e proporção e, logo,
causará a extinção das pessoas.
Então, a conclusão que chego é
que caminhamos para um abismo. Temos filhos que matam seus pais, pais que matam
filhos, pessoas que matam por qualquer motivo, pessoas que matam sem motivo,
gente boa, gente má, então, claro que também há quem ache o aborto uma coisa
normal, afinal, somos livres para decidirmos o que fazemos com nossos corpos,
não é mesmo?! Então, partindo deste principio, o corpo que cresce dentro de
nosso corpo também pode decidir se quer viver ou morrer?! Ou a opinião dele só
conta a partir do momento que sai do corpo em que está sendo gerado?!
Pergunto a quem tem filhos, mas
somente para pessoas que são pais e mães de verdade, pessoas que não fazem
parte do grupo de não-pessoas, pergunto a este pequeno e seleto grupo de pessoas
que sentem dor na alma de imaginar um filho sendo ferido: Seriam capazes de
abortar?! Seriam capazes de tirar a vida de uma vida que é sua?!
Tenho certeza de que hoje, se eu
perguntar àquela garota do meu grupo de adolescência, se faria um aborto
novamente, ela com toda certeza do mundo é veementemente contra, porque hoje é
mãe e sabe o valor da vida de um filho seu.
A outra jovem, essa de 15 anos
recém completados, só posso dizer que se sua mãe tivesse pensamento semelhante
ao seu quando a gerou, certamente não
estaria aqui para dizer em seu texto que não se recorda de seus 3 meses de
gestação... Aliás, certamente sua mãe se
lembra e tem fotos maravilhosas para te mostrar, da barriga crescendo, os
ultrassons de todo mês e cada pedacinho do seu lindo corpo em formação...
Também tem fotos do seu primeiro aniversário, bem como esta foto dos seus
maravilhosos 15 aninhos...
Nada mais tenho o que argumentar
sobre aborto, porque já sou voto vencido. Já é direito adquirido a decisão da
morte de inocentes, então, assim como os mandamentos e o respeito pelo Santo
Papa cabem aos cristãos e a abstinência sexual é para padres, o aborto é
somente para os desprovidos de amor e temor a Deus...
“Antes mesmo de
te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te
consagrei” (Jr 1,1-5).
“ Mas, quando
aprouve a Deus, que
desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça” (Gl 1 15)
“porque
ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será
cheio do Espírito Santo já desde o
ventre de sua mãe;” (Lucas 1 15)
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