quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tem dia...

Tem dia que o coração dói e não adianta médico, especialista, chato de plantão vir me dizer que coração não dói, porque dói, e dói muito!
É uma dor aguda, que toma conta do peito inteiro e chega até a garganta da gente. Provoca náusea , falta de apetite ou apetite em excesso, descompasso, falta de ar e sem que a gente perceba, os olhos ficam cheios d’água.
Não tem explicação lógica para tal dor. Não existe explicação ou ligação fisiológica para todos esses sintomas.
Noutros dias, o coração pula, quase querendo estourar o peito , escapando pela garganta e quase saindo pela boca, então, uma euforia toma conta do corpo. Também não adianta vir me dizer que é impossível o coração pular e sair pela boca porque é sim! Se não fecho a boca rápido, perco o coração!
E nesse ritmo maluco desse coração que não sabe se dói ou se me escapa, vivo angustiada, agoniada, quase enlouquecendo porque num dia sou só sorriso e no outro me perco nos meus pensamentos.
Tem dia que parece que o coração para de bater. Não sente, não se mexe, não pulsa. Parece que não liga pro que está acontecendo em volta. Fica quieto, anestesiado, passado por ter tanto movimento em tão pouco tempo. Fica cansado. Nesses dias, consigo respirar melhor, dormir em paz e simplesmente viver um dia de cada vez.
Quando o coração resolve doer, dói porque embarcou numa aventura sem pé nem cabeça, daí, o dia fica longo, pesado, difícil de entender. A concentração inexiste, a compreensão é algo impensável e tudo o que se tem é a sensação do vazio que invade, rasga e toma conta de todo espaço que encontra.
Quando o coração resolve sair pulando desvairado e sem rumo certo, é justamente quando essa aventura sem pé nem cabeça aparece e tira a paz, tira o sossego e devolve a luz. Que luz? Não tem luz, só tem pele, cheiro, desejo e nada de sensato, certo, justo ou moral. É imoral, leviano e bom. Gostoso de ter, de sentir, mas incerto.  Por isso tenta roubar o coração do meu peito. Chama, seduz e ele, coração inocente e insensato, se joga. Ah se eu não sou rápida e o seguro, estaria certamente sem coração.
Depois, quando percebe que doeu mais do que devia por algo que não valia a pena e se jogou numa aventura que o abandonaria na primeira esquina que encontrasse, o coração silencia, então durmo, então respiro, então volto a ser minha e ter meu coração só pra mim.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Previsão do Tempo

Semana passada, eu estava exatamente como o tempo. Não sabia se chovia ou se fazia sol.
Infelizmente, com o início dessa semana, uma frente-fria chegou e se instalou, acabando de vez com a possibilidade de sol em mim.
Desde segunda, só chovo, vento e esfrio a cada minuto que passa. A tendência é que minha temperatura caia ainda mais daqui até o final do dia.
Tenho alguns pontos de alagamento, estado de alerta decretado em algumas áreas do meu cérebro e já foi decretada calamidade total no meu coração.
Especialistas aconselham o uso de capas de chuva, botas, rímel a prova d’água, roupas confortáveis, e a ingestão de chocolates e doces em geral, pois dão uma falsa sensação de felicidade e podem evitar uma nova tempestade de relâmpagos e trovões.
É totalmente desaconselhável o uso de palavras rudes, olhares de desdém ou qualquer outro tipo de ação que demonstre insensibilidade para com meu momento, pois há o grande risco de provocar o aumento das tempestades, queda brusca da temperatura, podendo chegar a dois graus abaixo de zero e possibilidade de geada ao final do período.
Não se sabe ainda ao que se deve essa inexplicável alteração climática que vem ocorrendo, e também não é sabido até quando essa massa de ar e instabilidade permanecerá em mim.
Alguns curiosos dizem que os temporais são resultado da passagem do “Fenômeno Solidão” que permaneceu nos arredores há uns quinze dias atrás, somado ao Tufão Desamor-Término-de-Casamento que recentemente causou alguns tremores de terra, ventos fortes, chuva de granizo e destelhou casas na região sul.
Em sua última estimativa, a cruz vermelha notificou que, até o momento, há ao menos trezentos desabrigados na região centro-oeste, deslizamentos de terra em todo o perímetro analisado e talvez hajam danos irreparáveis à fauna e flora da região.
Felizmente, até o final desta edição, não houveram relatos de morte ou ferimentos graves.
Volto em breve com novas informações. Peço para que, se possível, me deixem em casa, comendo pipoca, assistindo filmes românticos e que de vez em quando, me enviem torpedos no celular, dizendo o quanto sou linda e especial, pois em geral, tal receita surte efeito instantâneo e positivo, fazendo com que a temperatura volte a subir e maiores danos sejam evitados.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Silêncio

Sshshshshshsiiiiuuuu!..... Que barulho!

Ta ouvindo?!
É o barulho que esse silêncio faz!
É um barulho tão alto, tão agressivo que chega a doer!
Não ouve nada?!
É o barulho do seu silêncio!

Você fica aí, no seu canto, vivendo a sua vida, sem pensar em mim e fica quieto assim. Não me liga, não me procura e quando estou ao seu lado, não me olha..., parece que se me olhar, vai ser obrigado a me ver e não quer isso.

Esse silêncio tão cheio de barulho, de sentidos, de sentimentos.
Tantas frases não ditas, pensamentos não compartilhados, desejos não realizados, tudo o que está contido nesse seu silencio provoca em mim uma reação estranha, meus olhos cheios de lagrimas e você não precisou dizer uma só palavra pra que isso acontecesse.
Seu silêncio fala por você.

Por favor, não repete mais isso! Já sei que sou especial, que mereço alguém que goste de mim de verdade, que me mereça..., já sei tudo isso!
Repetir isso em pensamento tantas vezes não tem um resultado mágico ou um efeito especial, só me faz sentir menor!

É tão estranho e triste isso!
Me lembro de quando ficávamos horas conversando sobre os mais diversos temas e nem percebíamos a hora passar.
Atravessávamos madrugadas rindo feito crianças e quando acabava o assunto, falávamos sobre a falta de assunto, até que um assunto novo surgia.

Você me olhava com desejo e eu ficava vermelha só de imaginar o que poderia estar passando pela sua cabeça.

Ficava com o som da sua voz durante horas e horas e conseguia conversar contigo mesmo que você não estivesse lá.
Falava com o espelho e te ouvia responder.

Não consigo entender como alguém que tinha tanto a dizer, de repente não tem voz e dá espaço pra esse vazio.
Como pode esse silêncio agora ser e dizer tudo por você?!
E porque diante dele eu me sinto tão pequena?!
Porque ele é tão mais forte do que eu?!

Sei que esse silêncio é só parte do processo natural, já é um velho conhecido. Ele chega quando algo dá errado, quando sem perceber, a gente se perde e toma caminhos separados, e, o vão que se cria é o espaço exato que ele precisa pra se instalar, mas é tão triste!

Agora, tenho duas opções; ou faço de conta que não percebo e não escuto tudo o que ele diz pra ver aonde isso vai dar, ou me afasto mais, até que não consiga mais cruzar seu caminho e conseqüentemente, não consiga mais me incomodar com todo esse barulho.

Se eu escolher a primeira opção, vou sofrer ainda por um tempo e corro o risco de (se não conseguir me aproximar novamente de você), me acostumar com a indiferença e talvez estragar todas as lembranças boas que tenho de nós.

Se eu escolher a segunda opção, levo comigo todas as boas lembranças, espero a vida me trazer outra pessoa tão especial quanto mereço e tenho que torcer pra que se o silêncio resolver chegar novamente, eu já saiba como conviver, eliminar ou com sorte, eu já saiba como evitar que ele chegue.

Nossa..., meu silêncio e o barulho dos meus pensamentos superaram os seus...

Acho que agora, quem precisa ficar em silêncio sou eu!...


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pensar e Pesar

Sem percebermos, diariamente, fazemos escolhas que tem um retorno a curto, médio e longo prazo. Muitas vezes são escolhas pensadas, ponderadas, medidas e outras vezes, nem tanto, por exemplo, ao decidir se fará faculdade ou comprará o carro primeiro, você pensa, repensa e decide o que melhor lhe convém. É muito melhor buscar a gatona de carro na porta de casa do que dizer que terão que ir de ônibus pra baladinha, porque seu pai não emprestou o carro dele. A curto prazo, a decisão foi ótima, afinal, entrar no motel a pé é um mico muito grande. A médio prazo, a decisão pesa, porque a promoção não rolou por conta de uma deficiência curricular. A longo prazo, a decisão foi muito errada, por um zilhão de razões e sorte a sua se estiver ao menos empregado.
Aos quinze anos, escolher Mc Donalds como cardápio semanal não é nada demais. A curto prazo, o máximo que pode acontecer, são uns quilinhos a mais. A médio prazo, talvez uma gastrite ou úlcera. A longo prazo, problemas cardíacos e um colesterol altíssimo.
Fumar na adolescência também não é nada demais e dá um ar de “descolado”, é uma “adultescência”, ou seja, faz com que se pareça um adolescente mais maduro que os demais.  A curto prazo, talvez um pouco de placa nos dentes, celulite e um pouco menos fôlego do que o habitual. A médio prazo, um bafo horrendo, menos fôlego ainda e várias manchas nos dentes, que requerem visitas mais constantes ao dentista. A longo prazo, doenças cardíacas, câncer de pulmão, AVC, em resumo, umas quinhentas formas diferentes de morrer.
Uma desavença com amigo, parente ou alguém de quem gostamos a curto prazo causa um stress que muitas vezes é desnecessário. A médio prazo causa um mal estar que cresce à medida que o tempo passa e incomoda como uma pedra no sapato ou um osso de galinha atravessado no pescoço. A longo prazo, para as mulheres, pode causar câncer de colo de útero ou seios, já que todo desamor ou desilusão sentimental é desviada para os pontos mais sensíveis de seu corpo, e, para os homens doenças cardíacas e câncer de próstata, pois os homens, assim como as mulheres, somatizam suas angústias em locais específicos, a diferença está nos índices. Qual o percentual dessas doenças em homens e mulheres?
Se relacionar com a pessoa errada também tem suas consequências. A curto prazo, um rombo no coração. A médio prazo (na melhor das hipóteses), um rombo na conta bancária. A longo prazo, um rombo na vida, porque dificilmente haverá vontade de uma nova tentativa de relacionamento.
Enfim, poderia ficar aqui citando inúmeras situações que certamente teriam consequências a curto, médio e longo prazo, mas o fato é que em algum momento, por alguma razão, minhas decisões são cobradas e recobradas constantemente. Talvez eu tenha feito algum pacto do qual não me recordo, de corrigir essas escolhas ruins antes que se tornem doenças irreversíveis ou algo do tipo. Parei de fumar, não como Mc Donalds com tanta frequência, estou buscando aperfeiçoar meu defeito curricular, etc.
Só que algumas escolhas não posso desfazer, celulite é irreversível e por sorte, como resultado dos  meus desamores, meu útero gerou vidas, ao invés de doenças.