terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Ai como sou bandida...!"

Essa é a frase que mais escuto ultimamente, em função de um programa de humor da TV, que felizmente, encontrou duas pessoas de talento e tem usado e abusado do poder que ambos têm em aumentar a audiência do programa, que sendo muito honesta, é mediocre! Não fossem esses dois comediantes, o programa estaria perdido!
Mas não é do programa meia-boca, nem do jargão que está em alta que quero falar, mas sim do poder que as pessoas acham que tem e, sendo levadas por uma massa formadora de opinião, acabam por criar deuses num dia, e transformá-los em demônios em outro.
Além das críticas que tenho ouvido aqui e ali, além do zum-zum-zum de que travestis tem se sentido ofendidos por Valéria, e que as mulheres do trem também tem se sentido mal por conta dos arroxos que Janete leva e às vezes parece até gostar.
Também tenho ouvido comentários e lido reportagens de que o humorista Rafinha Bastos tem sido alvo de muitas críticas em função de um comentário infeliz.
Bom, pra início, jamais achei que Rafinha Bastos tivesse algum talento pro humor. Na verdade, nunca consegui rir de nenhuma piadinha dele, ao contrário do Marco Luque que acho talentoso e super versátil. Tem personagens, tem histórias, tem uma maneira leve de fazer graça com as situações que vivemos e vemos diariamente, e que infelizmente, pelo que ouvi, também está sendo julgado pelo deslize do colega, em razão de um programa de TV que fazem juntos. “Diga-me com quem anda e te direi quem é!?!”
Falando de Valéria e Janete, em minha humilde opinião, são duas pessoas de talento que obviamente tem que exagerar nas caras e bocas para dar o tom de humor à situação.
Porque as pessoas se ofenderiam com Valéria?! Pela maquiagem?! Pelo cabelo ruim, preso com prendedores imensos e coloridos?! Pela roupa?! Ou pelo que diz?! Já vi e convivi com pessoas que são  tão ou muito mais espalhafatosas e afetadas que Valéria. Já vi figuras no trem que colocariam o figurino do personagem em questão no chinelo!  E já ouvi conversas tão vulgares que honestamente, fazem Valéria parecer puritana em seu discurso.
Quanto às arroxadas que Janete leva, acho que já cheguei a comentar em um dos meus textos que já passei por situações dentro do trem, que me fizeram sentir violentada. Por falta de espaço, por calhordisse alheia, por falta de bom senso e falta de opção mesmo! Afinal, o trem está sempre lotado.
O fato é que Rafinha Bastos, Valéria e Janete estão no alvo da mídia e das críticas.
Conheci uma pessoa há algum tempo que comprou um DVD do Rafinha Bastos e citava as piadas (sem graça) a todo instante! Foi o encontro mais chato que já tive!
Aposto que hoje, essa mesma pessoa, que ontem era fã, hoje, influenciado por essa massa, critica veementemente a expressão ou o comentário feito pelo humorista.
Aposto que pessoas que ontem riram com Valéria e Janete, hoje repudiam o humor de ambas.
Agora, o que me vem à cabeça é que essas mesmas pessoas que criticam tanto, não derrubam a força do Funk  ofensivo, que contém letras repletas de palavrões e expressões que me deixam envergonhada quando alguém passa por mim, ouvindo esse tipo de música
Porque essas pessoas tão críticas permitem e até gostam de ver mulheres com nomes de frutas, rebolando dentro de roupinhas minúsculas e depreciativas?! Não vejo mulheres se unindo afim de vetarem as aparições grotescas das “popozudas”, que em minha opinião, desvalorizam muito a imagem da mulher brasileira, dentro e fora do país.
Porque é tão normal assistir a um programa onde pessoas ficam confinadas em uma casa, sendo observadas através de câmeras de vídeo 24 horas por dia, na esperança de flagrá-los em uma cena indiscreta ou ato obsceno?!
Porque essas pessoas tão cheias de virtude e moral permitem e incentivam que seus filhos vivam e convivam com personagens da vida real que invadem suas casas, roubam seus pertences e violentam sua infância?! Não vejo a liga dos pais moralistas fazendo passeatas ou repassando e-mails, afim de usarem toda a sua fúria para erradicar esse mal.
Rafinha Bastos vai continuar sem graça, ao menos para mim, simplesmente porque não tem nada de cômico em si.
Valéria e Janete vão continuar tendo minha audiência, porque vendo suas palhaçadas no trem, me recordo de situações e pessoas que são exatamente assim!
E o restante, humoristas, comediantes, atores, atrizes, pessoas comuns, todos, incluindo eu e você, vamos continuar levantando bandeiras e lutando por causas sem sentido, porque é muito mais cômodo vivermos embriagados pela vulgaridade, apontando o dedo para aqueles que estão em evidência,  nos dizendo indignados com o que há de errado, mas permanecendo indignos, ignorantes e influenciáveis.

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