quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sem forçar a natureza

Existem certos momentos da vida da gente que a natureza, a vida ou o dia-a-dia nos forçam a passar por determinadas situações, por determinados períodos que podem durar semanas, meses, anos. Depende do quanto necessitamos estar sozinhos, estando acompanhados somente por nós mesmos.
São períodos de reclusão, de introspecção, que fazem com que fiquemos mais maduros, mais certos daquilo que desejamos, mas que também podem vir a causar a sensação de que temos que nos mover, de que temos que dar um passo a mais, afim de fazer com que algo aconteça de uma maneira ou de outra. Nesses momentos, acabamos por forçar a natureza. Acabamos por atropelar os acontecimentos. Antecipamos os fatos, fazendo com que coisas boas aconteçam, mas tenham um fim prematuro, sem o desgaste natural. É como se houvesse uma ruptura brusca que nos deixa sem entender de fato o que houve e ao mesmo tempo nos impulsiona a tentar novamente, e outra vez, e quantas vezes mais acharmos necessário, porque equivocados e prepotentes, acreditamos que o “fazer acontecer” só depende de nós.
A natureza é sábia. Extremamente sábia. Ela sabe o momento certo do nosso corpo amadurecer e se reproduzir, ela sabe o momento certo para abrirmos nossos horizontes e expandirmos nossos sentidos e sentimentos. A natureza grita quando é hora de viver e chora quando é hora de morrer.
Forçar a natureza é ato passível a todo e qualquer ser humano, pois somos competitivos a ponto de sempre querermos provar que somos mais e melhores. Somos mesquinhos a ponto de desejarmos exclusividade de coisas, pessoas, sentimentos. Somos pequenos a ponto de achar que somos capazes de provocar mudanças comportamentais, sentimentais, espirituais. Acreditamos erroneamente que podemos tocar a alma do outro e provocar atitudes, sentimentos, felicidade. Acreditamos que podemos fazer a diferença no momento em que nos pré-dispormos a isso.
O que não vemos e não entendemos facilmente é que na verdade, não moldamos a natureza. A natureza nos molda.
Por mais que tenhamos o pensamento cômodo de que temos, somos e podemos ser, somos somente a reação daquilo que o universo determina. Se somos matéria, somos porque a força que nos cerca é tão intensa que nos criou. Se somos almas, somos porque nossa essência perdura e é levada através do tempo e do espaço. Se somos sentimento e coração, somos porque necessitamos do amor para nos alimentar, necessitamos da essência do outro para nos completar, necessitamos distribuir, dividir e multiplicar, afim de crescermos como matéria, essência, sentimento e coração.
Forçar a natureza, criar situações, fazer com que algo aconteça e desejar que de fato aconteça é algo que até podemos conseguir, mas não teremos a sensação de plenitude. Não alcançaremos o verdadeiro gozo. Não seremos merecedores do que de fato nos pertence.
Temos que ter em mente o fato de que tudo tem seu tempo certo. Não cai uma folha de uma árvore se não estiver determinado que aquela folha caia. Não nasce um fruto ou flor, se não estiver no tempo certo. Um amor não acontece, se não estiver no tempo dele acontecer.

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