Quando estava no colegial, mais
ou menos com 15 anos, era fã de reivindicações, movimentos e lutas por um fim
maior.
Um dia, entrei na sala de aula e
o que havia era o caos total. Lixo pra todo lado. Os serventes estavam em greve
e não havia quem lavasse o banheiro ou retirasse o lixo das salas de aula. Me
lembro de olhar indignada e pensar: “Não mereço isso”, então, convoquei todos
da minha sala a nos retirarmos em protesto e permanecermos no pátio. Meu
convite foi aceito e me vi batendo de sala em sala, convocando todos os
estudantes do colégio a seguirem meu protesto, e assim foi! De repente todo o colégio
estava no auditório, protestando, brigando por seus direitos. Então, um garoto
a quem chamávamos de Montanha incitava e inflamava toda a plateia e eu, com meu
caderno, anotava todas as reivindicações.
Foi lindo! Até o momento em que
levantei minha mão e disse: “Pessoal, só tem um detalhe! Para cada ação, existe
uma reação e vocês devem estar prontos para assumir a consequência dos atos de
hoje!” e alguém perguntou o que seriam as consequências, e, eu respondi que pra
começar, todos estavam ali por livre e espontânea vontade, logo, deveriam estar
cientes de que assumiriam as faltas das aulas que deixaram de assistir.
Houve um momento de silencio e um
a um dos bravos guerreiros foi saindo do auditório, até que restamos só eu e
Montanha.
Porque me lembrei dessa historia
hoje?! Por conta do que tenho visto nos últimos dias. Por conta do movimento “Vem
pra Rua” que surgiu e que tem tomado conta das redes sociais, jornais, mídia
mundial.
Meu filho ontem me ligou
apavorado, porque pessoas estavam depredando a prefeitura municipal e ele temia
que eu estivesse lá no meio “daquelas pessoas”(expressão que ele usou).
Tento explicar ao meu filho que
algumas manifestações fogem do controle racional e passam para o puramente
emocional e que muitas vezes, as pessoas são tomadas por emoções selvagens que
levam a atitudes insensatas.
Pensei muito nisso de ontem pra
hoje e querem saber minha opinião?! Sou a favor do movimento “Vá pra casa
impedir que sua filha vá ao baile funk dançar quadradinho de oito!” e do
movimento “Vá pra casa educar seus filhos e impedir que se tornem bandidos!” e
claro, do movimento “Vá pra casa explicar pro seu filho que drogas são ruins
não por serem ilegais, mas porque fazem mal pro seu bem mais precioso, que é
seu próprio corpo!”
Quando vejo todas essas pessoas
unidas, queimando bandeira, quebrando o patrimônio público, partindo pra cima
da polícia como se fossem bichos, juro, tenho a imensa vontade de ver essas mesmas pessoas usando todo o poder e
vontade de fazer esse movimento contra bandidos, estupradores, assassinos que
provavelmente estão no meio desta mesma manifestação, caminhando ao lados
daqueles que lutam tão bravamente hoje!
Gostaria muito de ver bandidos se
trancando em casa, porque um milhão de pessoas está varrendo as ruas,
combatendo o bom combate, fazendo com que o bem triunfe e o mal seja
verdadeiramente punido!
Tenho amigos politizados,
advogados, administradores de empresas que hoje postam nas redes sociais, seu
apoio a esta gente que está na rua queimando bandeira, depredando, destruindo e
amedrontando.
Então, ouço alguém dizer “não é
só por 0.20 centavos”. Sim! De fato não é! É porque estamos às vésperas da Copa
do Mundo e os olhos de todo o mundo estão voltados para o Brasil e alguém
decidiu que este era o momento certo ou “a gota dágua”para uma revolução popular!
Quem começou isso?! Por acaso José e João, que são dois trabalhadores honestos
estavam discutindo política e decidiram incitar e convocar a massa para
passeatas pacíficas e nada violentas?! Saíram gritando seu ideal e suas
convicções e as pessoas os seguiram?! Vejo pessoas inteligentes dizendo que
este não é um movimento político, mas se não é mesmo, porque então estão
queimando boneco na frente da prefeitura, com PT e PSDB escritos nele?!
Jura mesmo que não é nada
político?!
“VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE
À LUTA” Ótimo! Lindo mesmo! Citar trechos do hino que 85% da população não sabe
cantar e que nem faz idéia do que quer dizer “Se o penhor dessa igualdade,
conseguimos conquistar com braços fortes”
Por favor, parem de citar o hino nacional! Cantem sim INUTIL
do Ultraje a Rigor! Cabe muito bem neste momento! Veja: A gente não sabemos escolher presidente,
A gente não sabemos tomar conta da gente, a gente não sabemos nem escovar os
dente, tem gringo pensando que nóis é indigente... INUTIL A GENTE SOMOS
INÚTIL!!!
Cantem CARTA AOS MISSIONÁRIOS, do Biquini Cavadão: “Vindo de todas as
partes, mas indo prá lugar algum, assim caminha a raça humana, se devorando um
a um.”
Qual foi seu protesto mesmo na última eleição?! Ah sim! Votar
no Tiririca, porque essa era a maneira inteligente de se fazer política! E lá
está o palhaço, no circo que nós administramos! Que bacana!!!
Meus amigos politizados, formados, hoje, divulgam nas redes
sociais sua indignação, mas qual foi o voto deles na ultima eleição?!
Protestaram veementemente e recusaram-se a votar?! Algum “GIGANTE PELA PRÓPRIA
NATUREZA” foi capaz de erguer-se contra tudo o que havia de errado e apresentou
uma plataforma politica decente?! Ora, façam-me o favor! A essa altura da vida,
cabe hipocrisia?! Então porque Bial e Jo Soares aplaudem, vocês concordam e vão
pra rua queimar a bandeira de seu país?! Queimam a bandeira de seu Estado?!
Por acaso houve algum movimento para salvar o planeta?! Há
alguma movimentação popular para a criação de condições de vida aceitáveis? Há
a revolta popular com relação à falta de instrução, de educação moral de seus
filhos?! O que acontece depois do protesto?! Você vai pra casa com a sensação
de lutar realmente por seu país e seu povo, ouvindo um funk que diz “senta aqui
no meu pau?!”
Hoje, acho que ao invés de eu ter chamado e incitado todos do
colégio para não assistirem aula, penso que o mais sensato seria varrer os
corredores do colégio, lavar os banheiros e recolher o lixo que se acumulava.
Pois se eu não quero viver na imundice, que a limpeza comece por mim!
Hoje, acho que ao invés de a população destruir o pouco que
conseguiu, deveria se mobilizar para recolher o seu lixo, limpar seu banheiro e
varrer de vez a impunidade que assola nosso país, a vergonha que toma conta dos
noticiários, a falta de cultura e moral de nossas casas.
Hoje, ao invés de se submeter ao jogo político que está sendo
feito com a desculpa de que “cansamos” a população deveria buscar saber de onde
partiu tal movimento, se organizar, se conscientizar e fazer com que tais
passeatas e reivindicações sejam belas, alegres, coloridas e sensatas.
Minha proposta?! Lancem um novo partido político. Esqueçam
todos os velhos políticos reacionários e incompetentes que tivemos até agora.
Escolham seu vizinho, seu amigo, seu chefe, aquele que vocês admiram, respeitam
e confiam e coloquem-nos no governo, na prefeitura, na presidência da república
e só depois disso, de limpar a casa, varrer e tirar o lixo todo, cante com
orgulho o Hino Nacional.
Pra fechar, ouça 300 Picaretas do Paralamas do Sucesso...
veja que são todas músicas de anos atrás e que refletem a realidade atual,
então “Vejo o futuro repetir o passado” como disse Cazuza?! Afinal, terceiro
mundo, se foi, piada no exterior, mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um
milhão. Quando vendermos todas as almas, dos nossos indios num leilão! Que País
É Esse?!
Eles ficaram
ofendidos com a afirmação
Que reflete na verdade o sentimento da nação
É lobby, é conchavo, é propina e jeton
Variações do mesmo tema sem sair do tom
Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei
Uma cidade que fabrica sua própria lei
Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia
Se essa palhaçada fosse na Cinelândia
Ia juntar muita gente pra pegar na saída
Pra fazer justiça uma vez na vida
Eu me vali deste discurso panfletário
Mas a minha burrice faz aniversário
Ao permitir que num país como o Brasil
Ainda se obrigue a votar por qualquer trocado
Por um par se sapatos, um saco de farinha
A nossa imensa massa de iletrados
Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez
O congresso continua a serviço de vocês
Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão
Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição
Se eu fosse dizer nomes, a canção era pequena
João Alves, Genebaldo, Humberto Lucena
De exemplo em exemplo aprendemos a lição
Ladrão que ajuda ladrão ainda recebe concessão
De rádio FM e de televisão
Rádio FM e televisão