Não gosto da ausência.
Não gosto do gosto que a ausência
tem.
Detesto a sensação que a sua ausência
me causa.
Não gosto de sentir o vazio que
simplesmente aparece, porque você foi embora e não olhou pra trás.
Detesto sentir que há um minuto
você esteve aqui e que agora, não está mais.
Não gosto do silencio da ausência.
Ou seria ausência do silencio?! Sim, porque desde que essa ausência tomou
conta, há um silencio que me incomoda e ao mesmo tempo, meus pensamentos e
sentimentos tornam-se cada vez mais barulhentos, cada vez mais confusos, cada
dia mais intensos.
Sim eu sei, a ausência é
necessária, aliás, ela é o caminho para o esquecimento, mas e se eu não quiser
esquecer?! E se eu não quiser que você se ausente desta maneira?!
Você entrou sem pedir licença e
se instalou. Tomou conta de todos os espaços que eu nem saiba que existiam e
agora, que você se foi, vejo tantos espaços, tantos cantos vazios, tanto
vazio...
Como assim?! Sim! Assim! Sabe
quando você encontra a pele que te esquenta, o beijo que te congela a alma, o
cheiro que te embriaga e o abraço que te completa?! Então, é isso! Foi só um
beijo? Só um abraço?! Pra mim foi muito mais...
Não sou de fato aquilo que você
imaginou. Não sou de fato nem um terço daquilo que você entendeu, mas sou muito
mais que tudo isso, mesmo sendo muito menos do que eu gostaria de ser...
O que eu gostaria de ser?! Sua perdição!
Sua insanidade! Sua loucura consciente e consentida!
É muito ruim sentir o que sinto
agora. Na verdade, é horrível, porque é uma mistura de saudade, impotência,
fragilidade e amor... talvez paixão....
O fato é que faço de conta que
não te vejo. Faço de conta que não espio você aqui e acolá, faço de conta que
não sinto sua ausência, mas sinto tanto...
Sei que daqui a pouco, outras
cores surgirão, talvez um tom de lilás, talvez um amarelo, o vermelho que tanto
me seduz, mas nenhuma dessas cores chegará ao seu tom, tão vivo, tão presente,
tão imponente.
Sim! Somos diferentes! Muito
diferentes! Somos seres viventes, reinantes e não seres encantadores e
mitológicos. Somos de fogo, isso é fato, mas isso não nos torna iguais. Somos parecidos,
mas não semelhantes. Nossa igualdade nos torna incompatíveis e isso acaba
comigo!
Não sou uma cor. Sou um ser. Não
sou uma mentira ou uma verdade. Sou várias vidas e pessoas numa só. Pena que
não tenha tido tempo de me conhecer, ou não tenha tentado enxergar.
Uma rosa, não é só um botão. Uma
rosa, além de inúmeras pétalas, é composta por folhas, talo, pólem e
espinhos... Sabia que as rosas mais bonitas são as selvagens?! Aquelas que tem
espinhos pontudos, afiados e que poucos conseguem colher e cultivar?!
De fato, não existe registo da
junção de um Diamante Roxo, bruto em sua
natureza, com uma Rosa Selvagem... um dos dois sairia arranhado ou mortalmente ferido...
Haverá no mundo, joalheiro capaz
de lapidar, transformar e beneficiar-se do brilho desse Diamante Roxo?!
Haverá no mundo, jardineiro capaz
de colher, cativar e cultivar tal Rosa Selvagem?!
Não... não há. Não há porque a
beleza de ambos está exatamente em sua forma bruta e selvagem...
Quanto a mim, contento-me então
com essa ausência, com essa falta, com esse silêncio todo...
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