O Triangulo das Bermudas, também
conhecido como Triangulo do Diabo, é famoso por suas histórias de
desaparecimentos, desastres e lendas que giram em torno dos estranhos
acontecimentos registrados ao longo da história. Atribuem-se a esta área,
fenômenos de causas naturais, em função de clima, campo magnético e posição
geográfica, pois situa-se entre as ilhas Bermudas, Porto Rico, Fort Lauderdale e Bahamas. Às causas sobrenaturais,
atribuem-se abduções extraterrestres, maldições de Deuses e afins.
Meu triangulo das bermudas é
menos nocivo e, obviamente, muito mais interessante, pois ao me perder nele, me
encontro e ao me encontrar nele, descubro as delicias de me perder.
Claro que ninguém se perde por
escolha, mas sim por acaso, ocasião, falta de direção e muitas vezes, por
sorte.
Só quem tem sorte, chega ao
Triangulo das Bermudas e lá permanece.
Só quem tem sorte, sente o clima
extremamente agradável, a brisa afável e consegue perceber a beleza da região.
Só quem tem de fato muita sorte,
consegue sobreviver às altas ondas de desejo, às inconstâncias e incertezas da
maré e mesmo sentindo enjoo e tontura, resiste bravamente, mantendo-se de pé,
ainda que deitado.
Porém faz-se necessária uma dose maciça de loucura, pois só os loucos, ousam permanecer navegando, sem enxergar o horizonte, sem saber se
haverá uma rocha, uma ilha, um fato qualquer, natural ou sobrenatural que o
fará naufragar ou atracar num porto desconhecido em qualquer lugar do oceano atlântico.
Fundamental e indispensável, a
coragem que acompanha tais navegadores destemidos é constantemente colocada à
prova, pois segundo algumas lendas, há também monstros marinhos, perigos
invisíveis e, o desconhecido nada, que chega lenta e silenciosamente, preenchendo
espaços, cobrindo a atmosfera e se ocupando daquele tremor que corre a espinha,
descendo até a planta dos pés.
Nada se compara à
segurança trazida pela certeza do nada saber, do nada ter e do muito querer.
Somos navegadores, portanto, “Navegar
é preciso, viver não é preciso”... Não há precisão na vida. Não há quem possa
de fato precisar o que virá amanhã, mas é possível precisar o fato de que
fazendo chuva ou sol, dia ou noite, a qualquer tempo ou lugar, permaneceremos
navegando, desbravando, nos perdendo e nos encontrando...
Aliás, me perder é o que mais
quero, pois só assim conseguirei novamente me encontrar entre ilhas, mares,
oceanos, olhos, ouvidos, boca, cheiro, braços e abraços, sentindo o frio na
barriga, o calor na alma e a certeza de que não há terra, mar, céu, fenômeno natural
ou sobrenatural que me proporcione tanto prazer...
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