Eles não combinam!
Não se acertam!
Não se entendem!
Ela afirma ser imperfeita mas
feliz e ele afirma ser perfeitamente normal, mas não são!
Tudo bem, que durante os
primeiros trinta minutos, são perfeitos um para o outro e até combinam em
pensamento, em afeto pelos animais, em indignação com o que há de errado, e,
sim, combinam muito no gosto musical, mas passado este primeiro momento, o único
lugar no mundo em que há lugar para ambos é na cama. Ali são felizes, ali se
completam, ali se encontram e se perdem em cheiros, gostos, calor, fluidos e
intensidade, mas quando saem dali, basta uma frase, um “a” para que o mundo
desabe.
Eles tentam! Ela usa uma lingerie
roxa porque ele gosta da cor e ele tenta introduzir o vermelho em sua vida,
porque ela gosta da cor... Eles realmente tentam, mas falham!
Alguém o definiu como
Esquizotipico e chegou a fazer um longo relato sobre o assunto, aliás, embora enciumada, reconhece que muito do
que esta escrito vai de encontro com o que ela pensa, mas ele discorda! Ela
então, o define como Atipicamente Esquisito, pois nele, não há nada que seja típico,
nada nele é comum ou normal. Ela o vê como alguém especial, com dons incríveis
e um poder fora do comum de mexer com sentimentos e sentidos dela. Realmente
esquisito!
Ele a define como infeliz, mesmo
quando ela afirma o contrário. Suas imperfeições são reconhecidas, seu péssimo
gosto para homens é assumido e, sim, ela não nega sua falta de santidade, mas também
não é promiscua ou leviana como ele acredita que ela seja. Ela tenta ser feliz
a seu modo, em sua solidão tão peculiar e tão repleta de histórias que ele sequer
imagina... Creio que ela também mexa com sentidos dele, pois se não fosse
assim, ele não perderia seu tempo confrontando, inflamando e provocando.
Ambos são vaidosos, ambos
leoninos e cheios de si. São igualmente frios e sarcásticos. Ambos brincam e flertam o tempo todo pois necessitam
disso para se alimentar, mas incomodam-se um com o outro exatamente por isso!
Querem exclusividade, querem lealdade, mas seu instinto de caça não permite que
sejam assim. Ambos caçam por prazer e escondem as carcaças de suas presas
quando estão juntos.
Ela sente ciúmes dele e ele deve
sentir algo também porque exclui, bloqueia, silencia, mas cedo ou tarde liga,
manda mensagem e ela, sem pudor ou vergonha alguma, vai! Sempre que ele chama,
ela vai! Atravessa a cidade por ele e ele desmarca compromissos por ela.
Ela, imperfeitamente feliz,
perfeitamente infeliz, segue imperfeita, mas feliz esperando que cedo ou tarde
algo mude, esperando não ter que arrancá-lo feito band-aid, imaginando que
talvez um dia, consigam passar mais que algumas horas juntos.
Ele, esquizotípico,
esquisitamente atípico, naturalmente incomum, também segue feliz, cercado de
pessoas que tentam decifrá-lo, que tentam amarrá-lo, que tentam possuí-lo, com
pensamentos e sentimentos que ela não consegue entender ou alcançar.
Ela diz que quando estiver
velhinha, falará dele para suas netas, ele sorri descrente.
Ele diz que ela não passou por
sua vida por acaso, ela também sorri descrente.
Ela diz que é sexo, ele jura ser amor.
Ela espera ter amor e ele só quer sexo.
Ela diz que é sexo, ele jura ser amor.
Ela espera ter amor e ele só quer sexo.
São igualmente inconstantes,
igualmente distantes, igualmente perspicazes e por isso, são infinitamente
diferentes, vivem em mundos opostos, dois extremos da cidade, dia e noite, céu e
terra... leão e leoa, fogo e fogo...
Se incendeiam, se detestam e se
amam em poucas horas...
Talvez uma hora consigam ser algo
mais que isso...
Quem sabe ela se torne
Atipicamente Feliz e ele se torne Esquisitamente Imperfeito...
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