quinta-feira, 29 de novembro de 2018

"Pensão é a unica coisa séria nesse país."... Vai sonhando...



Estamos num momento de "nervos à flor da pele", tudo vira luta, causa, razão e motivação para buscarmos algo melhor. 

Estamos sedentos de justiça, então, cobramos do Juiz Sergio Moro (agora ministro) que seja feita justiça na política. Elegemos um presidente radical e enquanto alguns esperam que ele coloque a casa em ordem, outros temem que seja radical demais e acabe com seus direitos. 

Mas isso, falando de sociedade, de coletivo, de bem ou mal geral. No caso da justiça individual, as coisas são mais complicadas, porque uma andorinha só não faz verão, e, quando esta andorinha conta com varas e esferas judiciais para defender seus direitos individualmente, aí sim, a porca torce o rabo!

Quando falamos de justiça e processos no nosso país, a frase mais falada é "a única coisa que dá cadeia de verdade neste país é pensão alimenticia!" 

Até famosos são presos por falta de pensão!

Realmente, dá cadeia, no entanto, isso só acontece depois de:

1 - o processo tramitar lentamente na vara de família e o juiz vistar o processo e determinar a citação do requerido

2 - o requerido, após primeiro pronunciamento do juiz, deverá ser identificado e encontrado para que seja notificado. Acontece que, neste caso, é muito comum, que o fulano se esconda o máximo possível, para que o oficial de justiça nunca o encontre e, por consequência, a notificação demore para acontecer, se vier a acontecer


 3 - quando a notificação finalmente ocorre, o juiz pede para que sejam apresentados todos os argumentos para a falta de pagamento de pensão ou até mesmo justificativas contrárias ao pagamento da pensão por parte do requerido, e, aí entra-se na fase das petições, que nada mais são do que farpas educadamente trocadas através dos advogados das partes

4 - depois de todas as chances possíveis e imagináveis, o juiz pede ao requerente, através de seu advogado, que apresente os valores devidos com cálculos, juros e correções

5 - Então o juiz determina o pagamento, dentro do prazo de 3 dias, porém, apesar de constar o valor total devido no processo, o requerido só pode ser cobrado dos últimos 3 meses de pensão, então, se hipoteticamente estiver devendo 3 anos de pensão, e, o valor devido for equivalente a 50mil, ele(a) pode depositar somente o equivalente a 3 meses, está tudo certo e cabe ao requerente, tentar num processo paralelo, receber todos os meses anteriores.

6 - não sendo pago o valor, depois de pelo menos 2 meses (chutando baixo) da determinação dos 3 dias, o juiz volta a vistar o processo e decreta a prisão. O Oficial de justiça deve encaminhar ao ministério público, que por sua vez, encaminha ao Conselho de Justiça e isso é enviado ao sistema do CNJ depois de mais alguns meses, para só então a prisão estar efetivamente decretada, e, com isso, lá se foram mais alguns meses e o valor devido já não é mais aquele que consta no processo.

7 - após o decreto da prisão, o requerente pode fazer denúncias no disque denúncia, afim de que a policia vá até a residencia ou trabalho do requerido efetuar a prisão, porém, a preocupação da policia é ir atrás de denúncias de crimes reais, o que não se enquadra na falta de pagamento de pensão, então, a denúncia jamais será de fato apurada via disque denúncia ou qualquer outro meio normal. Na verdade, o requerente fica na expectativa de que o requerido seja parado numa blitz, se envolva em algum incidente de transito ou qualquer episódio no qual seja necessário o envolvimento da polícia, que por sua vez deverá puxar a ficha dos envolvidos e então, por mero acaso, descobrirá que há um mandado de prisão expedido para o requerido, e finalmente a prisão será efetuada.

8 - após efetuada a prisão, o requerido pode ficar 30 dias preso, conforme decretado pelo juiz, mas, se não efetuar o pagamento neste período, após o término dos 30 dias, será posto em liberdade. Então, o requerente deve, através de seu advogado solicitar nova prisão, que poderá ser decretada por mais 60 dias, e, se dentro deste período, o valor não for pago, o requerido é posto em liberdade novamente e, o próximo passo é buscar possíveis bens para que sejam arrolados no processo, mas, se o requerido não possuir bens em seu nome, ACABOU! 

9 - O requerido não pode ser preso novamente pela mesma dívida, então, deve-se aguardar mais um mês de débito, para que todo o processo seja reiniciado do zero.

10 - Finalmente, depois de anos de espera, o (a) requerente deve contentar-se em ver no processo digital, a folha do cumprimento do mandado de prisão e a assinatura do alvará de soltura do requerido, que sairá da delegacia sem ter desembolsado um real do valor devido, tendo ficado em cárcere especial, na delegacia e não na prisão, por tratar-se de prisão civil, e, com a sensação de ter cumprido com o que a lei determinou, estando livre para seguir seu caminho, não devendo absolutamente nada a ninguém!

Para o processo, desde o início estima-se 4 anos de espera, luta inglória e um final frustrante.

Atualmente, segundo o IBGE, temos mais de 100 mil processos de cobrança de pensão alimentícia tramitando na justiça. 

Entre 2016 e 2017, foram mais de 6256 prisões efetuadas por este motivo.

Esses números são vergonhosos. Todos eles!

O fato é que um dia, você conheceu alguém e se relacionou com este alguém e quando as coisas deixaram de dar certo, decidiram seguir caminhos separados. Acontece que tiveram filhos, logo, em sua grande maioria, estes filhos ficam com a mãe e esta torna-se em algum momento da vida, a tal requerente e seus filhos tornam-se coisas.

Entre os motivos da falta de pagamento, além obviamente da falta de caráter do requerido, está o fato de novas famílias terem sido formadas, então, aquele que deixa de pagar a pensão, constituiu nova família, e, assume que só tem responsabilidade com sua nova família, bem como você e seu atual companheiro (a) devem ser responsáveis pela sua nova família, que inclui, obviamente os filhos que você teve com ele anteriormente. É como se ao se separar, ele (a) deixasse de ser pai ou mãe e passasse a ser pai ou mãe somente dos novos filhos que nascerão de novos relacionamentos.

Enquanto sofre lentamente aguardando a decisão do processo, na esperança de um desfecho justo e positivo, você que entrou com o processo de cobrança de pensão, ouve as pessoas a sua volta dizendo:

- "esquece isso!"

- "deixa esse traste pra lá!" 

- "entrega nas mãos de Deus"

- "um dia, quando for mais velho, ele(a) vai procurar os filhos e eles também vão ignorar ele (a)"

- "você criou seus filhos sozinha (o) até aqui! Segue sua vida e se livra desse encosto!"

Falando exclusivamente do lado feminino da história, ou seja, da mãe que precisa criar os filhos, entregar na mão de Deus, esquecer o traste e esperar o futuro chegar, posso dizer seguramente que é tudo uma grande bosta!

Conheci um cara que nunca foi o cara mais correto do mundo, mas que ainda assim, burramente, insisti numa história fadada ao fracasso. Dessa história, foram geradas vidas lindas e iluminadas, que infelizmente, dependem de mim financeiramente, então, quando fiquei desempregada, quem mais sofreu foram as crianças. Os ex-filhos do traste! As coisas que hoje o impedem de ser feliz com sua nova família!

A pensão alimentícia paga por ele, equivalia a 1/5 do meu salário, então, era usado somente para laser das crianças, mas, quando minha condição financeira mudou, a pensão passou a ser 1/2 do que era usado para sobrevivência dos meus filhos. Eles, que sempre andaram de carro, agora andam de onibus ou a pé comigo pra todo lado. Eles, que estudavam em escola particular nível AA, hoje estudam em escola pública de qualidade MENOS Z.

Meus filhos não participam de passeios escolares há mais de 3 anos, não ganham roupas novas há mais de 3 anos, se contentam em usar roupas doadas, sapatos usados e entendem que a mamãe precisa comprar arroz e feijão, então, não ganharão presente de dia das crianças e natal.

Claro que a culpa não é só do cara que deixou de pagar a pensão, é também do momento merda que o país enfrenta, a falta de emprego, salários péssimos e tudo o que está dando errado concomitantemente à falta de pagamento de pensão.

Eu, mãe leoa, não me prendi ao título de secretária bilíngue de diretoria e presidência. De jeito nenhum! Fiz curso de depilação, comecei a trabalhar de manicure, fiz faxina, passei roupa, vendi roupas e bijouterias, aprendi a fazer doces, bolos e salgados pra festas e vendi pão de mel na porta de faculdade. Também aprendi a pedir ajuda, engoli meu orgulho e recebi cestas básicas da igreja, não tive medo da humilhação ou do desdém dos falsos amigos. Pelos meus filhos, não tenho orgulho ou qualquer sentimento parecido. Mas isso não é justo.

Para a atual esposa do ex pai dos meus filhos, sou má, sou o mal encarnado na terra, porque cobrei a pensão, entrei com o processo e fiz o marido dela ser preso. 

Para a atual esposa, ela é mãe leoa que cria os filhos "sozinha", que passou pela privação do marido por 30 dias e que segue sua vida dignamente, sem cobrar pensão dos ex maridos, fato do qual ela tem muito orgulho em gritar pra mim em mensagens de whatsapp.

Minha briga não é com a atual esposa, mesmo assim, tive que ouvir termos chulos e palavras de baixíssimo calão, por cobrar algo que é direito dos meus filhos. Não cobrei dela, mas, ela sentiu a dor do marido.

Meu processo é parte dos 100 mil. Meu ex marido é um dos 6 mil presos e nós somos só números.

O fato é que não há processo no mundo que consiga cobrar caráter e correção de alguém. Não há processo no mundo que ensine amor, comprometimento e respeito a quem não faz ideia do que significa isso.



Existem 100 mil requerentes na mesma situação ou em pior situação em que me encontro. Existem 100 mil requeridos de caráter exatamente igual ao do meu ex.

É muito fácil pra quem está de fora, dizer pra esquecer o traste, seguir a vida, esperar o futuro, deixar pra lá. Difícil é colocar tudo isso em prática, fazendo o possível e o impossível pra sobreviver dia após dia, vendo meus filhos crescendo com calças curtas, recebendo doações, sem poder ir ao dentista ou usar os óculos tão necessários. Difícil ver o tempo passar, o mercado se fechar, o espaço diminuir e não ter força nenhuma pra mudar isso.

Recentemente, alguns prazos para cobrança de pensão foram alterados, e, a justiça também criou a guarda compartilhada, o que em tese, faz com que pais e mães tenham os mesmos direitos e deveres, pois se a criança passa seis meses com o pai e seis meses com a mãe, deve ter escola, roupas, conforto e todo o necessário em duas casas, mas são poucos os números praticados na guarda compartilhada, porque além do desinteresse de uma das partes, há o alto índice de violência praticada contra crianças por pais divorciados. 
Veja o caso da pequena Isabella Nardoni, que foi assassinada pelo pai e madrasta aos 6 anos de idade. Ela, hoje estaria com 16 anos, mas foi privada de sua vida, por ter sido considerada incomodo na nova vida que o pai constituiu. Após 10 anos de prisão, o pai, assassino, será posto em liberdade e Isabella não está aqui pra perguntar o que fez de tão errado para merecer morrer.

Quando pesquiso sobre pensão alimentícia, também vejo muitos casos de pais que reclamam por ter que pagar, porque entendem que estão dando dinheiro para a mãe, monstra, que gasta o dinheiro como bem entende e tira proveito do pobre pagador. 

Acredito que hajam sim casos de mulheres que se aproveitam da situação, mas neste caso, somente tratando-se de casais ricos, pais abastados, que chegam a pagar 15mil de pensão ou mais, para filhos que vivem no luxo, e mulheres que frequentam salões caros e resorts maravilhosos. 

No caso da grande maioria, trata-se de pensões com valores entre 200 e 300 reais, que não chegam a pagar o que é gasto com lanche e transporte escolar, mas que ainda assim, apesar de ser um valor baixo, passa a ser essencial para mulheres como eu!

Bom..., escrevi tudo isso porque precisava desabafar e também porque precisava explicar para as outras 100 mil mulheres que pesquisam no google sobre o assunto, tudo o que vi, vivi e aprendi nesse tempo de processo.

Mães, sigam fortes, não desistam de seus filhos, não deixem que eles sintam toda a sua angustia e frustração sobre esse assunto. Se possível, não comentem com seus filhos sobre nada disso, porque além de fazer mal para eles, corre-se o risco de o ex-pai entrar na justiça contra vocês, alegando alienação parental.

Um dia, o traste será esquecido, você terá superado todas as dificuldades, seus filhos estarão criados, a justiça de Deus será feita e o futuro chegará.



segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Diario da Caminhada #dia um

Segundona, acordei as 5 da manhã, como faço todo dia, acordei filho, preparei café pra ele e pro marido, os dois saíram pra trabalho e escola, e eu, finalmente decidi começar a caminhar.

Jake, o golden da minha sobrinha estava me esperando na porta, então, coloquei a guia no monstro e lá fomos nós.

Roteiro: Laguinho / Parque Jacques Cousteau, que é pertinho de casa e cada volta lá equivale a 1300metros, então, além de gostosíssimo e tranquilo, o trajeto é perfeito. 

Tenho 40 anos e peso 66 quilos, minha meta é perder 10 quilos! Vamos lá!

Jake começa bem, mas nos primeiros cinco minutos de caminhada, o monstro se joga no chão e pronto! Levo cerca de uma hora para conseguir concluír a volta e levá-lo devolta pra casa. É compreensível, ele é um monstro de 30 quilos, mas só tem 6 meses de idade...

Enquanto caminho/arrasto Jake, avisto uma pessoa conhecida. Sei quem é. A pessoa sabe quem sou, mas não nos falamos. A pessoa olha pra mim como se estivesse olhando para uma intrusa e me faz sentir um tanto deslocada. Como se eu não devesse estar ali. Me faz sentir mal.

Então me lembrei que ontem, algo bem parecido aconteceu na igreja. Eu e minha filha chegamos um pouco atrasadas, mas ainda nos ritos iniciais da missa e nos sentamos num banco onde só havia uma senhora, que também conheço, mas não converso. 
Acho que ela não sabe que sei quem ela é. 

Enfim, assim que nos sentamos, ela passou a olhar pro nosso lado demonstrando incômodo e isso durou toda a missa. 

Pensei que talvez fosse o perfume, mas não passei perfume! Tomei banho e passei hidratante, aliás, um hidratante bom e caro que minha sobrinha me deu, então, não podia ser o cheiro que a estivesse incomodando. 

Vi que ela olhava insistentemente pra mim e para minha filha e minha primeira reação foi fazer muito carinho na minha pequena, para que ela não percebesse o incomodo da senhora ao lado. A missa acabou e a senhora quase passou por cima da gente para desejar "a paz de cristo" para outra senhora na ponta do banco. Me senti mal de verdade! Achei horrível aquilo!

Deixei Jake em casa e voltei pro laguinho, afinal, mal consegui caminhar!

Mas o pensamento continua, daí me lembrei que essa mesma situação aconteceu comigo na ultima empresa que trabalhei. Na verdade, fiquei seis meses lá, convivendo com os olhares estranhos, até que um dia fui demitida e a justificativa foi: "PERFIL"

Depois de um longo período de desemprego, entrei numa empresa grande e bem bacana. 

Na verdade, todos os dias que ía pra lá, era como se estivesse vivendo a vida de outra pessoa, tinha sempre a sensação de que aquilo era um sonho, e que logo acordaria. 

A empresa estava passando por mudanças estruturais e eu fui uma das mudanças, então, a outra secretária não me recebeu muito bem e saiu de férias, porque eu tinha que passar pela prova de fogo de  estar ali, num lugar onde não era bem vinda e me sair bem. 
Na sequencia, ela foi transferida pra outro braço da empresa e passei mais um mês sozinha, sobrevivendo ao fogo, dando meu melhor, acredito que me saindo bem, até que fosse contratada outra secretária para substituí-la. 
Contrataram então uma moça mais nova que eu mas, como ouvi dizer, ela tinha nível sênior e sabia o que e como fazer as coisas. Realmente me mostrou que sabia. Fez amizade com os diretores, coisas em comum, histórias de filhos, histórias de viagens, afinidade de times e de repente, lá estou eu, super intrusa e deslocada. Claro que ela era competente, mas sabia algo mais que eu não sabia, ela sabia socializar.

Foram seis meses almoçando sozinha, caminhando apressada pra não passar um minuto do horário de bater o cartão, torcendo pra dar cinco da tarde e me sentindo culpada por sair as cinco da tarde, quando ela, sempre super atarefada, saia dez da noite. Seis meses convivendo com as mesmas pessoas e recebendo os mesmos olhares de estranhamento. Foi bizarro!

Ela tinha filhos pequenos, mas dizia que era mais feliz lá no trabalho, do que perto dos filhos, que estavam melhor com a babá, enquanto eu, passava o dia preocupada com os meus, já grandinhos, mas carentes e sentindo minha falta de maneira horrível. O meu mais velho estava fazendo terapia e a mais nova passava o dia me ligando, por tudo o que acontecia ao seu redor.

Passei a ser boicotada por mim mesma. Me sentia mal quando estava lá e isso começou a se transformar em dor física. Dor de cabeça, dor de garganta, cólicas horríveis e suspeita de apendicite. Me sentia tão mal por dentro que comecei a externar isso. Minha infelicidade virou dor e eu virei minha inimiga.

A verdade é que eu só sentia prazer de ir pra lá, quando o presidente da empresa vinha dos EUA. Não sei explicar, mas ele me fazia sentir bem vinda! Sorria pra mim, dava bom dia, perguntava se eu estava bem. 

Porém, houve um momento em que decidi sair da empresa e mandei um e-mail pro presidente pra agradecer e elogiar, mas, avisando que pediria demissão no dia seguinte. Sentia que não podia sair de lá sem dizer pra ele o quanto o admirava!

Então, no dia seguinte, quando cheguei, ele me chamou pra conversar. Era como se falar comigo fosse a primeira prioridade da agenda dele. Achei aquilo excepcional! O cara é presidente da empresa, mora fora do Brasil, administra uma série de assuntos importantes durante o dia e parou pra falar comigo. Me ouviu! Me pediu pra ficar! Passei a admirar ainda mais!

Claro que um mês depois, o superintendente de RH e a nova secretária traçaram um perfil e viram que meu perfil não se encaixava no que a empresa precisava. Também não me encaixei no ego de ambos. 

Parei de pensar um pouco naquilo, voltei minha atenção pro laguinho, caminhei por mais um instante e percebi que não sentia mais minhas pernas, minhas mãos estavam inchadas e meus passos já não estavam tão convictos.


Decidi encerrar a caminhada antes que pudesse despencar no trajeto, e, nesse momento, me peguei me questionando para onde estava indo, qual era a lógica de caminhar envolta do laguinho, dando voltas e mais voltas num mesmo caminho. 

Pra perder peso, claro, mas me pareceu tão sem sentido!

Qual era a lógica de me dirigir seis meses para um lugar onde eu era uma estranha?

Porque sou uma estranha?...

Cheguei em casa, tomei um banho e decidi colocar meu pensamento de hoje aqui, porque sinto que aqui é o único lugar que não sou intrusa ou deslocada. Aqui, sinto como se o presidente da empresa olhasse pra mim, abrisse aquele sorriso tão reconfortante e me desse bom dia!

Aqui o meu perfil é o perfil certo.


sábado, 10 de novembro de 2018

Sobre Ex



Ontem meu marido disse que gosta dos meus textos, mas tem receio da exposição, porque escrevo coisas pessoais demais e isso é um risco.

Concordo, pois não são só estranhos e desconhecidos que podem vir a acessar o blog e ler o que escrevo, tem irmãos, tios, sogra, primos, uma infinidade de pessoas que podem vir a ler o que escrevo, buscando se alimentar dos fracassos compartilhados ou simplesmente para torcer contra quando escrevo sobre minhas vitórias, e tem os que torcem a favor que podem ler e interpretar errado, etc.

E nesse meio, existe uma turma bem especifica de leitores que o preocupa: A turma dos Ex!

Então, falarei sobre o assunto ex, já deixando claro que é tudo ficção tá?! Nada do que está aqui é verdade, são só suposições, minha livre imaginação e qualquer semelhança será mera coincidência, mas não acredito que haverão semelhanças porque é tudo invenção.

Acredito que o melhor ex do mundo é aquele (a) que desapareceu no mundo, que não se tem notícia, que simplesmente deixou de existir, quando se tornou ex, mas infelizmente, quando a gente passa dos 30, é dificil não ter um (a) ex com quem se tem uma história, talvez filhos ou até um cachorro. 

Alguém com quem você montou um negócio ou fez algo simples que marcou e que vai ficar pra sempre.


Geralmente, a atual do seu/sua ex, te detesta e acredita cegamente que ele ou ela é a pessoa mais correta do universo e que você, que é ex é uma pessoa horrível! Neste caso, mesmo que ele ou ela tenha te lesado de alguma maneira, tenha cometido atrocidades contigo, tenha te traído ou qualquer coisa do tipo, você é a/o ex do mal.

Vou usar um exemplo que nunca acontece, pois como falei, tudo aqui é ficção, mas imagine que você foi casado (a) com uma pessoa, teve filhos, se separou e conheceu outra pessoa e se casou novamente. Seu ex entende que não tem mais que pagar pensão dos filhos, já que você se casou novamente, então, quando você entra com processo de cobrança de pensão, ele se recusa a pagar o que deve e vai preso, você é a pessoa malvada e recebe ameaças pela internet, é xingada constantemente, porque você colocou uma pessoa maravilhosa na cadeia, que no caso é seu ex que deve pensão. Entendeu? História de ficção, claro! Isso jamais aconteceria.



Então vamos a um outro exemplo de ex, também fictício, mas imagine que a ex do seu atual, ao saber que vocês estão juntos, começa a cercar seu atual, porque não admite que ele esteja refazendo a vida dele e quando percebe que perdeu, começa a te xingar, simplesmente porque não consegue lidar com o fato de que virou passado. É ex! Claro que acredito que esta também seja uma história esdrúxula, imagino que isso não aconteça na vida real. Estou só criando situações imaginarias na minha cabeça.

O fato é que todos somos atuais de alguém e ex de outros alguéns e geralmente, assumir que seu ou sua ex tem um passado é uma tarefa muito complicada.

Felizes são aqueles que namoraram e casaram com o primeiro e único namorado. Perderam a virgindade juntos, descobriram a vida juntos, tiveram filhos, e, obviamente envelhecerão juntos.

Eu não tive a sorte de conhecer meu marido aos 15, até porque, nessa época ele tinha 12, então, enquanto eu trabalhava e já saia pra matinê do Reggae Night, ele só queria saber de futebol, então, não teria dado certo (essa parte não é ficção).

Mas, o que funciona pra mim e dá muito certo, é imaginar que ele só passou a existir no momento que me conheceu. Foi inventado pra mim naquele dia e pronto!

Aliás, ele não teve relacionamentos, ele cometeu alguns erros e os filhos foram gerados, porque ele estava inconsciente, sabe?! Ele nem estava lá! Sempre digo que mulheres são seres terríveis e seguindo por essa linha de raciocínio, meu doce e inocente marido foi dopado e assim teve filhos desses erros anteriores. Viu?! Consigo anular o passado, não imaginar nada que vá me deixar mal e ainda consigo separar o que foi bom!

Também imagino isso de mim, porque na verdade, não me recordo do meu relacionamento anterior ou de como tive filhos. Lembro da gravidez, do parto, de tudo até hoje, mas acredito que tenha tido gestação expontânea, sabe?! Meu corpo decidiu que era hora de ter filhos e BAM! Eles aconteceram!

Amo os filhos do marido, como se fossem meus, e quando estão comigo, nem penso se eles tem mães. São meus filhos, nasceram de mim, chego até a lembrar das dores de parto! Sério! Lembro exatamente quando foi que eles nasceram de mim! E o que mais me encanta e me dá essa certeza é que sou tratada como mãe deles, os chamo de filhos e de vez em quando vejo escapar um doce "mãe", e meu coração transborda!

Claro que eu e marido somos ciumentos, mas enquanto ele fuça o passado e se incomoda com os ex, eu sigo na crença da não existência anterior e sou feliz!

Se por acaso, você tem um ex que foi preso por falta de pagamento de pensão, ou, se por acaso você é atual e a ex dele está cobrando pensão e ele está preso, paciência né... (ficção)

Se por acaso, seu ex casou novamente e a mulher é uma deusa, maravilhosa e isso te incomoda, paciência né... (ficção também)

Porém, se por ventura, você é a atual maravilhosa seu atual é um delicia do mundo e vocês tem alguns erros passados que podem estar presos ou soltos, roendo os cotovelos por conta da felicidade de vocês... paciência né.... (será ficção?!)

Tenho uma amiga que tem pais divorciados e eles se dão super bem e os atuais e os ex estão sempre juntos e se tornaram uma grande família e isso não é ficção, é verdade mesmo. 

Acredito que esse tipo de relação é pra pessoas muito evoluídas, nas quais não me incluo! Imagina só eu sentada de frente pra ex do meu atual, no meio do almoço de domingo, sorrindo pra ela e pensando se a mão do marido passeou alí, ou se a boca dele encostou alí... ah não! não dá né?! Meu estomago é fraco! Vomito muito fácil!


Assim como quando vejo um ex meu, com a atual dele, me dá um nojo tão grande que acho que não sou gente! Lembro dele, imagino ela e urgh... nojo! 

O fato é que ex é uma bosta! Ser ex, ter ex, a ex do seu atual, a atual do seu ex... tudo o que envolve ex, é uma bosta!

Nem sei porque escrevi sobre isso... porque nada disso é real... tudo ficção!

Pura ficção.....


sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Sobre Peso, Sobrepeso e Sobre a Sinceridade Infantil

Ontem falei que começaria uma nova vida hoje, mais fitness, mais movimentada e não fiz... Cá estou, na cama com uma cólica dos infernos e com a cabeça doendo demais! 

Aliás, acho que tem algo muito errado nisso! Se não tenho mais ovulação, se meu útero não tem mais utilidade, então, a TPM, a dor de cabeça, a cólica, a menstruação, tudo também deveria cessar.... Não é justo isso!

Enfim, depois do meu ultimo post, fui pra minha correria usual e aproveitei pra passar tinta no cabelo, porque meus cabelos brancos estavam gritando! 


Eu adoraria ser como essas mulheres chiques de agora que assumem seus cabelos brancos e ficam maravilhosas, tipo Fernanda Young que tem o rostinho de 20, corpinho de 15 e cabelos brancos prateados, maravilhosos! 

Enquanto procurava uma foto de Fernanda pra colocar aqui, não vi umazinha sequer que estivesse feia, em processo de transição do preto pro branco, nenhuma com aquela fase de um dedo de cabelo branco e o resto preto, ou ao menos uma que estivesse grisalha! Nada! Você pode escolher entre a maravilhosa, ou a perfeita!
Mas, se eu deixar os brancos assumirem o controle, fico tipo essas mulheres que vão à feira de chinelos, com os cabelos desarrumados, metade branco e metade com tinta de um ano atrás, sabe?!

Claro que sabe! A gente vê na feira de sábado, arrastando carrinho, com a calça manchada de cândida, com as unhas do pé em estado de calamidade, os cabelos cheios de grampos e nós e os fios brancos balançando pra lá e pra cá, fazendo questão de aparecer!

Bem eu mesmo! Se não viu ainda, vá à feira sábado e me encontre!


Comprei uma tinta barata, porque minha situação econômica não me permite comprar uma L'Oreal e me lasquei, porque a tinta manchou meu rosto, minha orelha, minha nuca e a pia do banheiro! Logo, sábado estarei na feira sem cabelos brancos, mas com a testa manchada de tinta... não sei o que é pior...

Enquanto passava a tinta, minha filha, que tem 8 anos, entrou para usar o banheiro (filhos sempre usam o banheiro quando a gente está lá), e, me olhando fixamente, perguntou: "Mãe, quando eu crescer, vou ser gorda?" então, comecei a explicar que mulheres passam por fases hormonais, que nossa família tem momentos de mais cheinhas, magrelinhas, mas que nunca chegamos a ficar realmente gordas, porque não faz parte da genética da família e, antes de eu concluir a explicação sobre hormônios, ela diz: 

 "_MAS VOCÊ É GORDA!"

um minuto de silencio...... talvez cinco minutos...



Então, eu muito delicadamente digo que não, que a mamãe não é gorda. Mamãe está um pouquinho mais cheinha por questões hormonais. Claro que não falei das tentativas pra engravidar, dos remédios que tomei, nada disso, só disse:

_ Amorzinho, mamãe aos 13 desmaiava na rua de tão magrelinha, aos 16 mamãe encorpou, aos 18 era mais cheinha, aos 23 era super magrela, aos 30 estava maravilhosa e agora aos 40, mamãe está cheinha outra vez... São fases hormonais que você também vai ter, mas nossa genetica não é de sobrepeso, então, não chegamos a ficar muito gordinhas, entende?!

Ela saiu do banheiro já preocupada com a fase cheinha e já falou que vai viver de dieta.

Me dei conta da pressão social e dos estereótipos que temos que seguir para nos sentirmos felizes conosco e em sociedade. 

Mas será que é preciso ser magra para ser feliz?! Será que Fernanda Young seria tão maravilhosamente segura se estivesse gordinha e não grisalha?!

Daí vi umas fotos de modelos Plus Size, com lingeries maravilhosas, com roupas sensuais, com decotes provocantes e percebi que sempre fui a chamada falsa magra, que usava roupas largas, que todos imaginavam ser um saquinho de osso, mas sempre tive pernão, bundão e peitão, então, hoje, tá tudo maiorzão!

Nunca fui de usar roupas agarradas ou decotes provocantes. Sempre gostei de transparências, vestidos mais longos e tecidos finos, ou, calças jeans largas, confortáveis e rasgadas, então, se hoje quero seguir este estilo, e coloco um vestido longo e transparente, pareço um botijão de gás com aquelas capinhas de renda, sabe?! E pra usar uma calça jeans das que gosto, tenho que comprar um número 44/46, porque meu guarda-roupa sempre foi 36/38 e minhas calças largas eram 40. Hoje uma calça 40 não passa da coxa.

Meu marido, que me ama, diz que estou maravilhosa, que não estou gorda, só estou com corpão, mas ontem, depois do comentário da minha filha, decidi criar coragem e ficar nua na frente do espelho. Quase tive um treco! Tudo em excesso! Celulites, culotes, peito, bunda, barriga, tudo cheio de dobras... Não me reconheci!

Veja, quando entrei nessa fase de desespero para engravidar, deixei de prestar atenção no espelho e comecei a prestar atenção no fundo da calcinha. Hoje, sei tudo sobre coloração de secreção, cheiros, períodos, ciclos, nidação, ovulação, anovulação, enfim, tudo sobre o que acontece dentro da barriga e quando via minha barriga aumentando, por fora, já me enchia de esperança, então, nunca vi esse aumento como algo ruim, pelo menos não até ontem!

Enfim, ontem foi meu DIA D! Além de voltar a escrever, também percebi que preciso retomar minha vida fisicamente ativa, mas hoje, por conta de outro ciclo de remédios e hormônios que não deram em nada, acordei com essa cólica monstruosa e com a cabeça doendo, então, andar, correr, me exercitar não vai acontecer! Hoje quero minha cama quentinha, bem encolhidinha.

Hoje é dia de assistir filmes com a Queen Latifah, que é uma negra linda, sexy e gordinha, assim, quenem eu quero ser um dia! 
Negra linda já me sinto, e gordinha já estou, mas a parte sexy ainda precisa ser aprimorada. 

Também preciso ensinar pra minha filha que ter o corpo bacana é bom, mas o principal é ter a cabeça no lugar e o coração puro o bastante pra se amar e amar o próximo.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Expectativas x Gravidez x Idade e os blogs das tentantes



Claro que às vésperas de completar 40 anos, entrei numa crise brava, mas tudo bem, já que ultimamente, sou uma crise ambulante, né...

Bom, pra resumir, meu marido (lindo de viver) é mais novo que eu 3 anos, então, tenho 40 e ele ainda tem 37, o que parece pouco, mas não é, porque o metabolismo dos homens é diferente do nosso metabolismo, então, enquanto ele come uma pizza inteira e parece que comeu só a azeitona, eu como meio pedaço de pizza e engordo como se tivesse engolido a caixa.

Eu tenho dois filhos do primeiro casamento, na verdade, nem sinto como se tivesse casado anteriormente, porque o que tive não era nem de longe o que tenho hoje. Não havia cumplicidade, não havia amor, não havia nada, aliás, quando tento pensar porque casei, fico com um ponto de interrogação imenso na cabeça. Fui mãe solteira até 3 anos atrás, quando me casei de verdade e meus filhos descobriram o que é ter um pai de verdade e nesse ponto digo que sou imensamente feliz. Ganhei na loteria!

Meu marido também tem dois filhos de um relacionamento anterior, porque ao contrário de mim, ele foi inteligente e não casou, então, não teve processo de divórcio e tudo mais, mas os filhos não moram com a gente, só vem passar finais de semana e ferias.

Bom, então eu, chegando nos 40, com marido novinho e lindo, com o corpinho de um adônis, encasquetei que tinha que ter um filho com ele. Porque queria um serzinho com nossas características misturadinhas, porque queria sentir que ele era tão meu quanto sou dele e porque meu relógio biologico estava batendo muito forte, então, tinha que ser antes dos 40 ou pelo menos, antes dos 41, porque ser mãe depois disso é uma loucura e biologicamente quase impossível.

Acontece que além de o metabolismo ser diferente para digerir pizzas e massas, há a questão hormonal. Engravidei dos meus dois filhos num espirro,e, agora, não tenho mais ovulação, então, mesmo tentando, tentando e tentando, nada aconteceu.




Entrei numa paranóia tão intensa que comecei a buscar métodos alternativos, remédios indutores, vitaminas milagrosas, e uma infinidade de testes de gravidez e ovulação que foram pro lixo durante todo esse tempo.

Veja, engravidar do homem da sua vida, dentro de um casamento cheio de amor, sabendo que o pai é maravilhoso e lindo é algo super importante, só que engravidar aos 40 implica em problemas de pressão, gravidez de risco, falta de ovulação, má formação, sindrome de down, aborto espontâneo e uma porrada de coisas assustadoras.

Também tive um parto prematuro, o que me coloca na estatística de um novo parto prematuro, mas, apaguei todos os medos e não pensei no preço do Aptamil, que está em torno de 80 a 100 reais a lata. Também não pensei no preço de um pacote de fraldas, que está mais ou menos 50 reais, e não pensei que um prematuro requer enxoval de prematuros, o que significa mais 500 reais a cada dois meses. 

Eu não quis nem saber de nada disso! Li um milhão de postagens de blogs de tentantes, aprendi sobre comidas e vegetais estimulantes, tomei doses e doses de indutores e hormônios, fiz meu marido conviver com as constantes crises de choro e mudanças de humor e....ansiedade! Muita ansiedade!

Conclusão: Zero!

Voltando um pouquinho no assunto, Blogs de tentantes são irritantes! Tem várias expectativas, muitos relatos, muitas dicas e um mundo de frustrações.

Passei super mal, tive reações horríveis, ganhei quilos e quilos e muita celulite que se espalhou rapidamente nesse meu um metro e meio de altura. Tive enjôo, tontura, peito dolorido, barriga inchada, mal humor, muita fome e desejos incontroláveis de comer, comer e comer! Enfim, estava grávida, sem estar!

Hoje, na minha crise existencial, decidi não tentar mais. Apesar de ainda imaginar e desejar muuuuito um baby parecido comigo e com meu amor, preciso mesmo desencanar e olhar um pouco pra fora.

Decidi que acordaria hoje às 5 da manhã, como faço todos os dias, mas não ficaria no Facebook, nem ficaria buscando alternativas, nem olharia blogs de tentantes. Decidi que ao acordar, colocaria minha roupinha de caminhada, meu tênis, minha coragem e sairia pra rua! Não consigo mais correr, mas começaria dando meu primeiro passo de ex tentante e atual fitness. Sim! Decidida! 

E..... não fui!

Aos 37, postei uma foto no FB com a barriguinha bonitinha e a legenda era "Projeto 4.0", porque me via uma quarentona gostosa...rs... ah se eu soubesse...rs...

Acordei com um friozinho gostoso, preparei o café da manhã do filho e do marido, me despedi dos dois e voltei pra minha caminha quentinha.... 

Aliás, preciso dizer que minha cama parece acariciar minhas celulites e meu celular é tão informativo! Agora, por exemplo, são 09h13 e já assisti uns 20 vídeos de cachorrinhos fofos, já debati politica com pessoas jovens (...rs...), já me declarei pro marido, já repostei minhas lembranças e cá estou, alimentando meu blog com outra história que dificilmente alguém vai ler...rs..

Minha vida fitness vai ter que começar amanhã, porque daqui a pouco tenho que acordar minha filha mais nova, dar café, banho, arrumar a casa, tirar a roupa do varal e sair correndo pra começar a tarde com escola, mãe, filho, etc...

Na verdade, hoje sou a desempregada mais ocupada que conheço!

Essa história de querer engravidar, era um negocio só entre mim e marido. A gente escondia pra não ter julgamento nem opinião alheia, mas hoje resolvi dividir... 

Estávamos com vergonha e medo. Vergonha porque já temos 4 filhos e ter mais um, aos olhos de todos os que nos cercam seria loucura nossa. Além é claro da questão financeira, que hoje é o que mais pesa. Imagina, que irresponsáveis seríamos... Julgados e condenados em primeira instancia, sem direito a apelação!

Mas esta manhã, antes de sair pra trabalhar, o marido me deu um beijo na barriga e meu coração se encheu de vontade outra vez... Imaginei como seria gostoso se tivesse um baby lá dentro...

Minhas primeiras gestações não tiveram a curtição da barriga, nem esse carinho especial do pai... fui mãe solteira, fui leoa trabalhando até a véspera de ganhar neném e quase não tenho fotos das barrigas. Não tive ensaio de gestante, nem chá de revelação, não tive pra quem mostrar o teste positivo numa caixinha com uma camiseta escrita "oi pai!"... Não tinha ninguém comigo nas salas de parto, nem tirando fotos da primeira amamentação, do primeiro banho.... nada disso...

Então, termino essa postagem com um suspiro triste, porque agora é tarde pro meu corpo. Pra isso é tarde...

Mas, ainda estou na casa dos 40, o que torna perfeitamente viável o projeto 4.0, quarentona enxuta, etc, etc, etc...

Portanto, amanhã é o dia! Amanhã dou adeus às carícias da minha cama, dou um basta na celulite e meu celular vai ter que esperar! Amanhã!....





quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Crise existencial e o amor da minha vida

Hoje, acordei com crise existencial. Isso porque percebi que além dos muitos quilos a mais,  que não tenho mais carreira, não tenho mais renda própria, não tenho mais independência, enfim, então me vi reclamando de tudo o que não tenho mais e isso tudo, claro, pesa na minha super balança moral e obviamente, cai super mal para meu marido, porque ele, automaticamente, assume que se eu reclamo sobre qualquer uma dessas coisas, é porque ele não está me fazendo feliz, e, na verdade, as duas coisas estão erradas.

Veja, minha balança moral grita, porque mesmo hoje não tendo tudo o que já falei, tenho tempo para ser mãe, para ser filha, para me dedicar àqueles que amo incondicionalmente, estando presente a todo momento, mesmo quando isso me mata, mesmo quando meu filho adolescente me faz sentir uma merda de mãe, ou mesmo quando minha filha pré adolescente me mostra que não precisa de mim. Ainda assim, essa tal balança me diz que preciso ser grata e ficar feliz porque quando eu tinha tudo aquilo e não tinha tempo, eu me sentia culpada e ausente e minha ausência era incrivelmente mais notada do que minha constante presença atual (ufa!)

E meu marido, apesar de parecer, não é responsável por tudo o que penso e sinto e ele é tão maravilhoso que se coloca como responsável e se sente incompetente quando reclamo, então, parei de escrever e comecei a guardar esses pensamentos que agora vou vomitando por aqui, porque amo tanto que tenho receio de machucar meu amor com minhas idéias malucas e minha incontinência verbal.

Sem contar que além do marido, tem sogra, tias, enteados, filhos, irmãos e uma infinidade de pessoas que podem acessar o blog, ler o que escrevo e entender errado o que quero dizer, então, tenho que tomar cuidado com o que escrevo e como escrevo e isso também me deixa em crise.

Me dei conta de que sempre escrevi sobre romances, fetiches, casos, acasos, mas sobre amor, só escrevi o que imaginava ser, o que esperava que fosse, o que desejava pra mim.

Hoje tenho um amor da vida e descobri que é muito mais do que qualquer coisa que eu possa ter postado aqui ou imaginado em qualquer universo paralelo.

Não é um conto de fadas, nem todo dia tem flores e corações. Na verdade, acho que meu marido me deu flores uma vez só nesses três anos de casados, mas isso não faz a menor diferença.

O amor da minha vida, conhece todos os meus defeitos, meus segredos, meus medos, ri das minhas piadinhas, me beija a força mesmo quando digo que não escovei os dentes, me acha linda sem me depilar e festeja quando me depilo.

O amor da minha vida tem bafinho quando acorda, tem mal humor de fome, quer que eu corte o cabelo dele toda semana, reclama da bagunça da casa, mas deixa roupas fora do lugar e toalha molhada no chão, come minha comida como se fosse a melhor coisa do mundo e não liga pros quilos que ganhei.

Claro que escrever tudo isso também parece cliché, mas é a mais pura verdade. Sou neurótica, vigio celular, cheiro roupa, olho bolsos, imagino cenas, entro em competição até com o futebol. Tem dias que odeio o SPFC com todas as minhas forças. 

Então, quando me sinto um tanto infeliz, não é por falta de amor, pelo menos, não dele pra mim ou falta de amor pelos meus filhos, mãe, cachorro, etc., mas falta de amor por mim neste momento, porque no mundo ideal, além de ter esse amor maravilhoso, eu também teria dinheiro no banco, uma carreira de sucesso, filhos perfeitos e o corpo dos sonhos.

Daí quando penso no que era minha vida e no que tenho agora, se me dessem a opção de voltar atrás e abrir mão do que sou e do amor que tenho a sorte de ter em minha vida hoje, é obvio que sou extremamente mais feliz agora e não voltaria nem um dia atrás.

Então me sinto feliz e realizada, mas isso só por um breve momento, porque em seguida, me vem o sentimento de culpa, por ter começado o dia com crise existencial e me sentindo infeliz, e fico extremamente infeliz com minha ingratidão e infelicidade do começo do dia