sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Sobre Peso, Sobrepeso e Sobre a Sinceridade Infantil

Ontem falei que começaria uma nova vida hoje, mais fitness, mais movimentada e não fiz... Cá estou, na cama com uma cólica dos infernos e com a cabeça doendo demais! 

Aliás, acho que tem algo muito errado nisso! Se não tenho mais ovulação, se meu útero não tem mais utilidade, então, a TPM, a dor de cabeça, a cólica, a menstruação, tudo também deveria cessar.... Não é justo isso!

Enfim, depois do meu ultimo post, fui pra minha correria usual e aproveitei pra passar tinta no cabelo, porque meus cabelos brancos estavam gritando! 


Eu adoraria ser como essas mulheres chiques de agora que assumem seus cabelos brancos e ficam maravilhosas, tipo Fernanda Young que tem o rostinho de 20, corpinho de 15 e cabelos brancos prateados, maravilhosos! 

Enquanto procurava uma foto de Fernanda pra colocar aqui, não vi umazinha sequer que estivesse feia, em processo de transição do preto pro branco, nenhuma com aquela fase de um dedo de cabelo branco e o resto preto, ou ao menos uma que estivesse grisalha! Nada! Você pode escolher entre a maravilhosa, ou a perfeita!
Mas, se eu deixar os brancos assumirem o controle, fico tipo essas mulheres que vão à feira de chinelos, com os cabelos desarrumados, metade branco e metade com tinta de um ano atrás, sabe?!

Claro que sabe! A gente vê na feira de sábado, arrastando carrinho, com a calça manchada de cândida, com as unhas do pé em estado de calamidade, os cabelos cheios de grampos e nós e os fios brancos balançando pra lá e pra cá, fazendo questão de aparecer!

Bem eu mesmo! Se não viu ainda, vá à feira sábado e me encontre!


Comprei uma tinta barata, porque minha situação econômica não me permite comprar uma L'Oreal e me lasquei, porque a tinta manchou meu rosto, minha orelha, minha nuca e a pia do banheiro! Logo, sábado estarei na feira sem cabelos brancos, mas com a testa manchada de tinta... não sei o que é pior...

Enquanto passava a tinta, minha filha, que tem 8 anos, entrou para usar o banheiro (filhos sempre usam o banheiro quando a gente está lá), e, me olhando fixamente, perguntou: "Mãe, quando eu crescer, vou ser gorda?" então, comecei a explicar que mulheres passam por fases hormonais, que nossa família tem momentos de mais cheinhas, magrelinhas, mas que nunca chegamos a ficar realmente gordas, porque não faz parte da genética da família e, antes de eu concluir a explicação sobre hormônios, ela diz: 

 "_MAS VOCÊ É GORDA!"

um minuto de silencio...... talvez cinco minutos...



Então, eu muito delicadamente digo que não, que a mamãe não é gorda. Mamãe está um pouquinho mais cheinha por questões hormonais. Claro que não falei das tentativas pra engravidar, dos remédios que tomei, nada disso, só disse:

_ Amorzinho, mamãe aos 13 desmaiava na rua de tão magrelinha, aos 16 mamãe encorpou, aos 18 era mais cheinha, aos 23 era super magrela, aos 30 estava maravilhosa e agora aos 40, mamãe está cheinha outra vez... São fases hormonais que você também vai ter, mas nossa genetica não é de sobrepeso, então, não chegamos a ficar muito gordinhas, entende?!

Ela saiu do banheiro já preocupada com a fase cheinha e já falou que vai viver de dieta.

Me dei conta da pressão social e dos estereótipos que temos que seguir para nos sentirmos felizes conosco e em sociedade. 

Mas será que é preciso ser magra para ser feliz?! Será que Fernanda Young seria tão maravilhosamente segura se estivesse gordinha e não grisalha?!

Daí vi umas fotos de modelos Plus Size, com lingeries maravilhosas, com roupas sensuais, com decotes provocantes e percebi que sempre fui a chamada falsa magra, que usava roupas largas, que todos imaginavam ser um saquinho de osso, mas sempre tive pernão, bundão e peitão, então, hoje, tá tudo maiorzão!

Nunca fui de usar roupas agarradas ou decotes provocantes. Sempre gostei de transparências, vestidos mais longos e tecidos finos, ou, calças jeans largas, confortáveis e rasgadas, então, se hoje quero seguir este estilo, e coloco um vestido longo e transparente, pareço um botijão de gás com aquelas capinhas de renda, sabe?! E pra usar uma calça jeans das que gosto, tenho que comprar um número 44/46, porque meu guarda-roupa sempre foi 36/38 e minhas calças largas eram 40. Hoje uma calça 40 não passa da coxa.

Meu marido, que me ama, diz que estou maravilhosa, que não estou gorda, só estou com corpão, mas ontem, depois do comentário da minha filha, decidi criar coragem e ficar nua na frente do espelho. Quase tive um treco! Tudo em excesso! Celulites, culotes, peito, bunda, barriga, tudo cheio de dobras... Não me reconheci!

Veja, quando entrei nessa fase de desespero para engravidar, deixei de prestar atenção no espelho e comecei a prestar atenção no fundo da calcinha. Hoje, sei tudo sobre coloração de secreção, cheiros, períodos, ciclos, nidação, ovulação, anovulação, enfim, tudo sobre o que acontece dentro da barriga e quando via minha barriga aumentando, por fora, já me enchia de esperança, então, nunca vi esse aumento como algo ruim, pelo menos não até ontem!

Enfim, ontem foi meu DIA D! Além de voltar a escrever, também percebi que preciso retomar minha vida fisicamente ativa, mas hoje, por conta de outro ciclo de remédios e hormônios que não deram em nada, acordei com essa cólica monstruosa e com a cabeça doendo, então, andar, correr, me exercitar não vai acontecer! Hoje quero minha cama quentinha, bem encolhidinha.

Hoje é dia de assistir filmes com a Queen Latifah, que é uma negra linda, sexy e gordinha, assim, quenem eu quero ser um dia! 
Negra linda já me sinto, e gordinha já estou, mas a parte sexy ainda precisa ser aprimorada. 

Também preciso ensinar pra minha filha que ter o corpo bacana é bom, mas o principal é ter a cabeça no lugar e o coração puro o bastante pra se amar e amar o próximo.

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