domingo, 9 de março de 2014

Mãos...


Minha mão direita é surrada, tem calos, suas unhas se quebram com facilidade, sua pele é meio áspera e seu esmalte não dura mais que dois dias. Ela tem força, determinação, iniciativa e tudo o que é necessário. Bate, se levanta para me defender, segura minha saia se o vento resolver chegar de surpresa, arruma meu cabelo, se machuca na porta que fecha inesperadamente, age e reage sempre que necessário. Ela limpa, cuida, alimenta, cura e se estende sempre que um sorriso amigável vem em minha direção.

 
Minha mão esquerda é delicada, tem unhas perfeitas, esmalte sempre impecável, dedos alongados e femininos, tem pele macia, sem marcas e sem calos. Minha mão esquerda não tem força, não abre sequer uma garrafinha de agua, é sensível a produtos de limpeza, não sabe bater, não sabe defender, não tem habilidade nenhuma a não ser a função de ser bonita. Nela, os anéis se encaixam perfeitamente, ela é quem experimenta perfumes que compro, cremes para minha hidratação, maquiagens em geral são todos testados nela. Ela não se estende quando me apresento, mas é através dela que meus beijos mais sinceros e doloridos são enviados pelo vento...

 
Uma tem inveja da outra, pois a direita acredita que a esquerda é melhor tratada, enquanto a esquerda acha que é colocada de lado, é considerada fraca e sensível demais...

Ambas tem razão, e não tem razão.

Tenho de cada uma o seu melhor e obviamente, também seu pior. A fraqueza da mão esquerda é compensada por sua graça e beleza. A aspereza da mão direita perde o sentido diante de sua força e utilidade.

No domingo à noite, ambas são igualmente cuidadas. Unhas lixadas, hidratadas, limpas e esmaltadas. Nesse momento, ambas são iguais em graça, beleza, perfume e cuidados, para que possam iniciar a semana devidamente apresentáveis.

Acredito que somos inteiramente compostos assim. Força e fraqueza, suavidade e aspereza, sensibilidade e instinto de preservação... Nosso ser como um todo é construído nessa dualidade, nessa polaridade, nesse formato tão complementar e perfeito.

Imagine se fossemos só aspereza e força, ou se fossemos só beleza e sensibilidade... Seriamos falhos, seriamos muito de uma só coisa e seriamos incompletos.

Obviamente demonstramos mais um lado ou outro quando necessário, em função de experiências, momentos ou vivencia, mas certamente, todos nós, seres, somos munidos de positivo e negativo, bem e mal, bom e mau, bonito e feio, direito e esquerdo, sim e não...

Infelizmente, tenho visto muitos nãos, maus, feios, esquerdos e negativos... pena mesmo...

Quem me conhece superficialmente, aperta minha mão direita de maneira rápida e sem grandes apegos.

Quem me conhece de verdade, quem se aproxima de verdade, se aconchega e tem o perfume da minha mão esquerda, mas tem também a proteção, a força, o impulso e tudo o que for necessário da mão direita.

 

 

 

Um comentário:

  1. Mãos inesquecíveis... Belas e delicadas... Num formato perfeito..

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