Há mais ou menos dois anos, um amigo me procurou porque estava confuso, com problemas e precisava da minha opinião de mulher para se decidir.
O casamento não tava legal, ele conheceu uma garota que balançou o mundo dele e ele estava seriamente inclinado a acabar com o casamento de anos para partir para essa nova e tentadora aventura.
Depois de ouvir todo o relato desse meu amigo, depois de ver seus olhos tão angustiados, fiz uma pergunta bem simples: há quanto tempo essa relação está acontecendo? E ele me diz: um mês
Em um mês a mulher entrou na vida do meu amigo, abalou completamente a estrutura dele, se entranhou de tal maneira que já falavam em vida a dois, filhos, futuro e tudo mais.
Meu conselho: Se livra dessa louca!!!! Amigo, se em um mês ela já fala de vida, filhos, família e já te cobra um monte de decisões e definições, imagina como vai ser daqui dois anos?! Vai sentir como se tivesse vivido vinte anos com ela!!!
Me lembro de na época me gabar por ser uma ótima amante, que não cobrava, não insistia, não vivia pensando no amanhã e estava sempre pronta e impecável para o momento a ser vivido. Pensava e vivia o presente e deixava o futuro pra pensar quando necessário.
Rimos muito da situação toda e no final das contas, ele mandou a louca pro espaço e hoje vive feliz e bem contente com a mulher que ele escolheu e que sempre amou. Fui uma boa amiga e boa conselheira.
Achei que esse tipo de situação só acontecia com algumas mulheres carentes e inseguras e dei graças à Deus por não ser uma delas.
Recentemente, eu, estando num estado de carência intensa e insegurança total, conheci uma pessoa que mexeu comigo tanto quanto a louca mexeu com meu amigo. Me desestruturou de tal maneira que eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser no meu desejo de estar com ele. Nessa altura, sem me dar conta, me tornei a louca! Cerquei, insisti, liguei, mandei mensagens, e-mails, só não mandei flores e outros exageros porque não sou tão louca assim, mas devo confessar que esses exageros até me passaram pela cabeça.
Bem, por sorte ou sei lá o que, talvez essa pessoa tenha tido um bom amigo e conselheiro que provavelmente deva ter dado o mesmo conselho que dei ao meu amigo há dois anos: "se livra dessa louca!"
Ainda bem e graças ao poder do desapego chamado fluoxetina, minha loucura momentânea passou e o que me restou hoje foi uma vergonha imensa de tudo o que fiz durante esse meu momento de loucura, carência, insensatez, intensidade... tudo junto...
Uma semana depois, desprendida, distraída, totalmente zen, uma pessoa sorri, se apresenta, começa um papo e bastou um happy hour para que eu me tornasse a mulher da vida dele. Me tornei a pessoa que o faria feliz para sempre.
Sério, acho que se eu, naquele momento, tentasse correr uma maratona, eu ganharia!
Mais recentemente ainda, num momento de total distração, olhei pro lado e vi outro alguém diferente, e, para resumir a história, mais uma vez aconteceu o momento intensidade e eu fiquei sem saber o que fazer.
Há alguns dias, um amigo postou no Facebook a seguinte frase: "carência, a gente se vê por aqui!" e na sequencia, um amigo dele postou "conhece a pessoa de manhã e à noite já é o amor da sua vida!". Quando li aquilo, comecei a rir, porque me lembrei da minha reação em relação ao cara que me abalou e na sequencia, da reação dessas duas últimas pessoas que conheci.
Desde então, venho me perguntando o que será que está acontecendo com as pessoas?! Será que a paixão está no ar?! Será que é o frio?! Será que o cupido andou disparando flexas com os olhos vendados?!?!?!?
O primeiro, aquele que me abalou a estrutura, deve ter uma impressão muito estranha a meu respeito e eu entendo perfeitamente! Não dei a chance dele me conhecer de verdade, porque sufoquei, porque fui com muita sede ao pote, porque eu quis tanto ser especial que espantei ele, como se espanta uma mosca de padaria.
Esses dois últimos caras que conheci, fizeram o mesmo comigo! Me senti a mosca fugindo pra me salvar de levar um tabefe no meio da fuça!
Então, fazendo um balanço de tudo isso, só posso concluir que o estado de carência das pessoas, aonde também me incluo está elevadíssimo! Não é a paixão que está no ar, não é o frio, nem o pobre do cupido!!!
Veja, não é culpa da louca, minha ou dos caras que conheci, mas ao mesmo tempo é sim culpa de todos nós! Nos últimos anos, nos cercamos de relações vazias, de relacionamentos sem futuro, sem comprometimento, sem um mínimo sequer sentimento. Deixamos o momento tomar conta, deixamos a pele ser prioritária e nos esquecemos de como é que se relaciona de verdade.
Não sabemos mais nos relacionar de verdade! Quando foi a última vez que você disse "quer namorar comigo?!", séculos atrás!!! Hoje, o cara que diz isso é tido como babaca e a garota que espera ouvir isso é conhecida como neurótica, pegajosa, dependente, carente e tudo mais!
Não existe mais a fase da paquera, a fase de pegar na mão, a fase de roubar um beijo e construir um relacionamento.
A gente olha, gosta do que vê, já sai beijando, pegando, transando e pronto!
Daí quando acaba a fase da pegação é que a gente vai conhecer o outro e aí descobre que não tem nada em comum, que não queremos mais essa relação, ou, com muita sorte, o contrário também pode acontecer, pode ser que se descubra um ser maravilhoso, que dê mais vontade ainda de estar junto, enfim..., é loteria! Mas dizer ou ouvir a frase "quer namorar comigo" JAMAIS!
Sabe o que eu acho que falta?! De verdade?! Um tipo de vacina para essa época da vida ou do ano...
Acho que os postos de saúde deveriam distribuir Fluoxetina de graça para homens solteiros até 35 anos e para mulheres solteiras acima dos 30.
Evitaríamos situações embaraçosas, amores momentâneos, foras diários, etc...
Sem contar a economia né?! No meu momento insensatez, comprei duas lingeries novas, velas, um vinho, acessórios que combinassem com a cor das lingeries e sapatos que dessem uma incrementada no visual. Tudo para impressionar minha paixão momentânea. O detalhe é que tudo isso continua embalado. Não foi usado!
Pensa comigo, se ao invés de investir tudo isso na sedução, eu tivesse investido em fluoxetina, eu teria alguns meses de serenidade ao invés de tesão reprimido e carência acumulada!
Se meus ex-pretendentes tivessem tomado fluoxetina antes de a gente se conhecer, hoje à noite, eu certamente teria o que fazer!
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