quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O MUNDO ANIMAL



Aos 15, era ave de rapina, uma águia ávida por uma presa fácil, mas seletiva, não caçava ratos de esgoto, nem bichinhos comuns.

Ficava planando e quando encontrava algo atraente, afiava as garras e não dava tempo pra presa escapar.

 
Aos 20, era garça, graciosa, elegante, mas de vez em quando comia lixo por falta de opção. O que importava era estar bem alimentada.
 

Aos 25, virei leoa, era provedora e caçava pro macho forte, depois descobri que era mais forte que ele. Protegi minha cria com todas as forças e botei o leão pra correr.

 
Aos 26, conheci um bicho preguiça. Lindinho, com um olhar tão meigo que me encantou, mas eu, sendo leoa, fiquei com pena da sua fragilidade e lentidão em resolver as coisas, fechei os olhos e mandei que fosse embora.

 
Aos 27, chegou o bicho-grilo, esquisito, confuso, complexo e com um pulo, sumiu da minha vista. O bicho-grilo era legal e tinha tudo a ver comigo, porque eu estava na minha fase cigarra, mas ele queria uma mariposa e foi embora.

 
Aos 29, virei gatinha manhosa e cheia de carinho. Me encantei por um pavão de plumagem grande e atraente, vi tantos atrativos e ao mesmo tempo tanta fragilidade que fiz de tudo pra que ele não percebesse a feiúra do próprio pé.

 

Minha mãe costuma dizer que o pavão morre de desgosto quando enxerga o próprio pé, então, me aninhei aos seus pés pra que ele não os visse.

Imagina se eu ia deixar ele morrer?!

Mas o pavão, egoísta que só ele, dificilmente olhava pra baixo pois era totalmente encantado com a própria plumagem, conseqüentemente, não me via.

 

Recentemente, o tal pavão, me ignorou de tal maneira que me perguntou “quem é você?!”

 
Quem sou eu?! QUEM SOU EU?!

 
Já fui louva-deus, que devora a cabeça do macho depois de copular.

Já fui viúva negra com uma teia atraente e fatal.

Já fui águia, beija-flor, anta (todo mundo tem uma fase anta).

Já fui tatu, pata, coelhinha (ô fase boa!).

Já fui cervo, teve um desgraçado me botou o pior chifre que se possa imaginar.

Já fui cachorra, ah que saudade!

E já fui até cobra, às vezes a vida nos obriga à peçonha!

 
Ultimamente, me sentia fêmea! Forte, decidida, capaz de mover qualquer obstáculo, pronta pra cuidar, dar amor, carinho, proteção, sedução e prazer.

 
Fêmea! Da mais bela espécie que se pode imaginar. Forte e plena!

 
Mas essa pergunta “quem é você?!” me fez sentir uma jumenta!

Burra! Por perder tanto tempo dando atenção a um ASNO!!!

 
Sim! Se eu perdi meu tempo com essa espécie, então, estava sendo uma jumenta!
 

Hoje, acordei onça! Onça brava e faminta! Acho que agora, não existe animal pra me domar, então, cuidado! Sou feroz e arranco pedaço!
 

2 comentários:

  1. Talvez, por vc ser o mais perfeito dos animais, a mulher, tenha se deparado com diversos bichos que não souberam apreciá-la e entender seu valor físico e intelectual, ou não tiveram coragem de encarar o perigo de frente! Admirar e estar ao lado de mulheres como vc, não é para o bico de qlqr um! ...

    ResponderExcluir
  2. Obrigada! Na verdade esse texto e antigo... escrito em 2008. Acho que hoje nao escreveria sobre isso... meu momento e outro... mas mesmo assim, obrigada!

    ResponderExcluir