terça-feira, 30 de julho de 2013

AMOR E CONFIANÇA


Não uso escrever sobre pessoas especificas, salvo exceções, mas uso sim, e muito, temas de conversas, de debates, ou até mesmo palavras que pessoas me dizem ou ouço ao acaso, como fonte de inspiração. 
Também não escrevo textos que sejam muito pessoais, apesar de serem, já que são parte de mim, mas muito do que escrevo são partes de pensamentos superficiais, pois mantendo-me na superfície, mantenho-me segura. Não preciso me aprofundar, me expor ou pensar muito para compor um texto, geralmente eles “acontecem” em poucos minutos. Mas hoje, em especial, decidi direcionar, intencionar e falar sobre.

Hoje, a razão do meu afeto me perguntou se eu preferia amar a quem confio ou confiar em quem amo. Pergunta capciosa, ele disse!

Amor e confiança não caminham juntos e não são intrínsecos, podem ser complementares, podem ser excepcionais juntos, mas não há obrigatoriedade ou necessidade de que caminhem juntos.

Amar quem confio é bom, afinal, o amor que é conquistado através da confiança ou soma para que ele aconteça de maneira sólida e pura, é um ideal muito bom, mas nem sempre amamos por isso.

Confiar em quem amo é fantástico, até porque, amar e não confiar é doente, é incompleto, é algo que tem vida curta.

Não me recordo se foi em um filme que vi, que um menino pulava na piscina e o pai segurava, então, num momento, o pai não segurou o garoto quase se afogou e depois disso, o filho deixou de pular... não confiava mais no pai... não deixou de amar, mas não mais confiava...

Meu pai, o homem que mais amei no mundo, dizia que todos, sem exceção possuíam sua confiança de imediato e que se fizessem algo para quebrar sua confiança, então, esta jamais seria restaurada. Ele era todo coração.

Durante muitos anos, também fui assim, TODA CORAÇÃO, e, em alguns momentos ainda sou, com algumas pessoas. Mas em função de tudo o que vivi e passei, me recolhi, me cobri com uma armadura de desconfiança e desesperança. É melhor não criar expectativas e não esperar absolutamente nada do outro, do que me machucar. Assim, o que vier é lucro!
Hoje, não amo, nem confio em ninguém além dos meus.

A Razão do Meu Afeto é título de um filme e lembrei-me dele hoje, em função da pergunta capciosa. Também me recordei de outros filmes que assisti na adolescência e que me faziam desejar, esperar e acreditar no amor. Razão e Sensibilidade, Paixão de Ocasião, Orgulho e Preconceito... Filmes que em geral traziam uma história simples em sua essência, mas com uma mensagem subliminar. Mensagens de esperança e amor.

De fato, não sei se a razão do meu afeto trata-se de uma paixão de ocasião, se nosso orgulho e preconceito permitirá que nossa razão e sensibilidade entrem num consenso ou se simplesmente deixaremos de ser...

Não sei precisar o que de fato é. Não sei dizer com precisão, porque preciso hoje deste calor, aliás, imprecisos somos, sempre fomos, então, mesmo não tendo sua confiança, amo-te! Preciso-te! Necessito-te, mas não delimito, não determino. Não preciso...

Não há razão para meu afeto, não há ocasião em minha paixão, não tenho orgulho, nem preconceito em assumir que sou toda sensibilidade e nenhuma razão.

Não há necessidade de confiança em ti, pois tenho confiança em nós...

Entre amar a quem confio, ou confiar em quem amo, opto por aquilo que me fará feliz...


“O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos.

O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.”

(Fernando Pessoa)

 

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