Não uso escrever sobre pessoas
especificas, salvo exceções, mas uso sim, e muito, temas de conversas, de
debates, ou até mesmo palavras que pessoas me dizem ou ouço ao acaso, como
fonte de inspiração.
Também não escrevo textos que
sejam muito pessoais, apesar de serem, já que são parte de mim, mas muito do
que escrevo são partes de pensamentos superficiais, pois mantendo-me na
superfície, mantenho-me segura. Não preciso me aprofundar, me expor ou pensar
muito para compor um texto, geralmente eles “acontecem” em poucos minutos. Mas
hoje, em especial, decidi direcionar, intencionar e falar sobre.
Hoje, a razão do meu afeto me
perguntou se eu preferia amar a quem confio ou confiar em quem amo. Pergunta
capciosa, ele disse!
Amor e confiança não caminham
juntos e não são intrínsecos, podem ser complementares, podem ser excepcionais
juntos, mas não há obrigatoriedade ou necessidade de que caminhem juntos.
Amar quem confio é bom, afinal, o
amor que é conquistado através da confiança ou soma para que ele aconteça de
maneira sólida e pura, é um ideal muito bom, mas nem sempre amamos por isso.
Confiar em quem amo é fantástico,
até porque, amar e não confiar é doente, é incompleto, é algo que tem vida
curta.
Não me recordo se foi em um filme
que vi, que um menino pulava na piscina e o pai segurava, então, num momento, o
pai não segurou o garoto quase se afogou e depois disso, o filho deixou de
pular... não confiava mais no pai... não deixou de amar, mas não mais
confiava...
Meu pai, o homem que mais amei no
mundo, dizia que todos, sem exceção possuíam sua confiança de imediato e que se
fizessem algo para quebrar sua confiança, então, esta jamais seria restaurada.
Ele era todo coração.
Durante muitos anos, também fui
assim, TODA CORAÇÃO, e, em alguns momentos ainda sou, com algumas pessoas. Mas
em função de tudo o que vivi e passei, me recolhi, me cobri com uma armadura de
desconfiança e desesperança. É melhor não criar expectativas e não esperar
absolutamente nada do outro, do que me machucar. Assim, o que vier é lucro!
Hoje, não amo, nem confio em
ninguém além dos meus.A Razão do Meu Afeto é título de um filme e lembrei-me dele hoje, em função da pergunta capciosa. Também me recordei de outros filmes que assisti na adolescência e que me faziam desejar, esperar e acreditar no amor. Razão e Sensibilidade, Paixão de Ocasião, Orgulho e Preconceito... Filmes que em geral traziam uma história simples em sua essência, mas com uma mensagem subliminar. Mensagens de esperança e amor.
De fato, não sei se a razão do
meu afeto trata-se de uma paixão de ocasião, se nosso orgulho e preconceito
permitirá que nossa razão e sensibilidade entrem num consenso ou se
simplesmente deixaremos de ser...
Não sei precisar o que de fato é.
Não sei dizer com precisão, porque preciso hoje deste calor, aliás, imprecisos
somos, sempre fomos, então, mesmo não tendo sua confiança, amo-te! Preciso-te!
Necessito-te, mas não delimito, não determino. Não preciso...
Não há razão para meu afeto, não
há ocasião em minha paixão, não tenho orgulho, nem preconceito em assumir que
sou toda sensibilidade e nenhuma razão.
Não há necessidade de confiança
em ti, pois tenho confiança em nós...
Entre amar a quem confio, ou
confiar em quem amo, opto por aquilo que me fará feliz...
“O amor romântico é
como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob
a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa
humana, em que o vestimos.
O amor romântico,
portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite
desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente,
nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto
da criatura, por eles vestida.”
(Fernando Pessoa)
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