Muito recentemente, tive a feliz surpresa de encontrar entre milhares de livros, um em especial, que me chamou atenção por sua capa, depois por seu conteúdo. Me apaixonei pelas idéias, pela maneira fácil de expressão ali contida, pela forma como tudo o que lá havia, me era tão familiar e acolhedor. Tudo, sem exceção me prendeu em todos os sentidos e sentimentos. Me vi naquele livro.
A familiarização com ideais, a
sensação de “estar em casa”, a forma tão doce de sentir e querer mais, é a
mesma sensação de um romance, ou melhor, de um início de algo que se espera ser
um romance.
Este livro em especial, não
continha uma história de amor, sobressaltos, tramas, aventuras, não! Nada
disso! Eram memórias, mais ou menos como as que escrevo aqui. Um apanhado de
histórias já vividas, conclusões acerca de situações, lições que só a vida
nos proporciona.
Já o inicio de uma história, de
um possível romance, tem todos os sobressaltos, as expectativas, as noites
intensas e deliciosamente carnais, as decepções, os reencontros, e tudo aquilo
que um livro de romance contém. A diferença está no final.
Às vezes, vivemos tanto, na
expectativa de enfim encontrar aquilo que desejamos, ou aquilo que consideramos
merecer, que nos tornamos uma espécie de represa. Guardamos e represamos todas
as emoções ruins, todas as experiências que não queremos tornar a viver, mas
também guardamos as expectativas, que são o extremo oposto daquilo que não
queremos mais. Nossas lições.
Porém, como toda represa, há o muro de contenção,
que à medida que nossa represa enche, é reforçado, reestruturado, tornando-se
intransponível, difícil, impenetrável.
Então, seguros em nosso muro de
contenção, esquecemos que fundamental para vivenciarmos novas experiências é
estarmos abertos, disponíveis, “alcançáveis”...
Mas, será que ser "alcançável" vale a pena?!
Gostar de alguém, estar apaixonada por alguém é fabuloso! Corpo tremendo, pele arrepiando, coração disparando... Mas e o restante?! E tudo o que já vivi e que me fez ser quem sou e saber o que sei?!
Inicialmente, ignoro! Porque viver sem pensar é prazeroso. Viver um amor, sem pensar ou pesar é algo como um oásis em meio ao deserto mais árido. É encontrar o que se procura, sem necessariamente ser o que se procura. É simplesmente abrir espaço para que a felicidade invada, inunde, ocupe todo e qualquer espaço disponível e até mesmo o indisponível, afinal, "por ser exato, o amor não cabe em si, por ser encantado, o amor revela a si, por ser amor, invade e fim!"...
E o que mais?! E a parte do "Ah meu amor, viver é todo sacrifício feito em seu nome... quanto mais desejo um beijo seu, mais eu vejo gosto em viver..." existe?!
Não sei... Djavan canta o amor divinamente... seria SUBLIME?!...
Sinto muito Djavan, mas não estou jurada pra morrer de amor... Não há sacrificio, não há invasão, e, não vou morrer hoje...
Neste momento, neste exato
momento, torno-me represa. Cercada desses muros intransponíveis. Torno-me
indisponível. Neste momento, torno-me o livro de memórias e experiências
passadas e não mais o romance. Sem sobressaltos ou surpresas. Sem expectativas
ou decepções.
Atendendo ao chamado da natureza,
ou acabo por ceder à insistencia de um certo ser irreal, porém parte da realeza, volto a ser “ser pensante” e
como tal, despeço-me daquilo que não pode ser...
I don't know your thoughts
these days
We're strangers in an empty
space
I don't understand your
heart
It's easier to be apart
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