quinta-feira, 11 de julho de 2013

LIVROS, AMORES SUBLIMES E REPRESAS...


Muito recentemente, tive a feliz surpresa de encontrar entre milhares de livros, um em especial, que me chamou atenção por sua capa, depois por seu conteúdo. Me apaixonei pelas idéias, pela maneira fácil de expressão ali contida, pela forma como tudo o que lá havia, me era tão familiar e acolhedor. Tudo, sem exceção me prendeu em todos os sentidos e sentimentos. Me vi naquele livro.
A familiarização com ideais, a sensação de “estar em casa”, a forma tão doce de sentir e querer mais, é a mesma sensação de um romance, ou melhor, de um início de algo que se espera ser um romance.

Este livro em especial, não continha uma história de amor, sobressaltos, tramas, aventuras, não! Nada disso! Eram memórias, mais ou menos como as que escrevo aqui. Um apanhado de histórias já vividas, conclusões acerca de situações, lições que só a vida nos proporciona.

Já o inicio de uma história, de um possível romance, tem todos os sobressaltos, as expectativas, as noites intensas e deliciosamente carnais, as decepções, os reencontros, e tudo aquilo que um livro de romance contém. A diferença está no final.

Às vezes, vivemos tanto, na expectativa de enfim encontrar aquilo que desejamos, ou aquilo que consideramos merecer, que nos tornamos uma espécie de represa. Guardamos e represamos todas as emoções ruins, todas as experiências que não queremos tornar a viver, mas também guardamos as expectativas, que são o extremo oposto daquilo que não queremos mais. Nossas lições.
Porém, como toda represa, há o muro de contenção, que à medida que nossa represa enche, é reforçado, reestruturado, tornando-se intransponível, difícil, impenetrável.
Então, seguros em nosso muro de contenção, esquecemos que fundamental para vivenciarmos novas experiências é estarmos abertos, disponíveis, “alcançáveis”...
 
Mas, será que ser "alcançável" vale a pena?!
Gostar de alguém, estar apaixonada por alguém é fabuloso! Corpo tremendo, pele arrepiando, coração disparando... Mas e o restante?! E tudo o que já vivi e que me fez ser quem sou e saber o que sei?!
Inicialmente, ignoro! Porque viver sem pensar é prazeroso. Viver um amor, sem pensar ou pesar é algo como um oásis em meio ao deserto mais árido. É encontrar o que se procura, sem necessariamente ser o que se procura. É simplesmente abrir espaço para que a felicidade invada, inunde, ocupe todo e qualquer espaço disponível e até mesmo o indisponível, afinal, "por ser exato, o amor não cabe em si, por ser encantado, o amor revela a si, por ser amor, invade e fim!"...
E o que mais?! E a parte do "Ah meu amor, viver é todo sacrifício feito em seu nome... quanto mais desejo um beijo seu, mais eu vejo gosto em viver..." existe?!
 
Não sei... Djavan canta o amor divinamente... seria SUBLIME?!...
Sinto muito Djavan, mas não estou jurada pra morrer de amor... Não há sacrificio, não há invasão, e, não vou morrer hoje... 

Neste momento, neste exato momento, torno-me represa. Cercada desses muros intransponíveis. Torno-me indisponível. Neste momento, torno-me o livro de memórias e experiências passadas e não mais o romance. Sem sobressaltos ou surpresas. Sem expectativas ou decepções.

Atendendo ao chamado da natureza, ou acabo por ceder à insistencia de um certo ser irreal, porém parte da realeza, volto a ser “ser pensante” e como tal, despeço-me daquilo que não pode ser...
 
 

 
 
 
I don't know your thoughts these days
We're strangers in an empty space
I don't understand your heart
It's easier to be apart

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