quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tem dia...

Tem dia que o coração dói e não adianta médico, especialista, chato de plantão vir me dizer que coração não dói, porque dói, e dói muito!
É uma dor aguda, que toma conta do peito inteiro e chega até a garganta da gente. Provoca náusea , falta de apetite ou apetite em excesso, descompasso, falta de ar e sem que a gente perceba, os olhos ficam cheios d’água.
Não tem explicação lógica para tal dor. Não existe explicação ou ligação fisiológica para todos esses sintomas.
Noutros dias, o coração pula, quase querendo estourar o peito , escapando pela garganta e quase saindo pela boca, então, uma euforia toma conta do corpo. Também não adianta vir me dizer que é impossível o coração pular e sair pela boca porque é sim! Se não fecho a boca rápido, perco o coração!
E nesse ritmo maluco desse coração que não sabe se dói ou se me escapa, vivo angustiada, agoniada, quase enlouquecendo porque num dia sou só sorriso e no outro me perco nos meus pensamentos.
Tem dia que parece que o coração para de bater. Não sente, não se mexe, não pulsa. Parece que não liga pro que está acontecendo em volta. Fica quieto, anestesiado, passado por ter tanto movimento em tão pouco tempo. Fica cansado. Nesses dias, consigo respirar melhor, dormir em paz e simplesmente viver um dia de cada vez.
Quando o coração resolve doer, dói porque embarcou numa aventura sem pé nem cabeça, daí, o dia fica longo, pesado, difícil de entender. A concentração inexiste, a compreensão é algo impensável e tudo o que se tem é a sensação do vazio que invade, rasga e toma conta de todo espaço que encontra.
Quando o coração resolve sair pulando desvairado e sem rumo certo, é justamente quando essa aventura sem pé nem cabeça aparece e tira a paz, tira o sossego e devolve a luz. Que luz? Não tem luz, só tem pele, cheiro, desejo e nada de sensato, certo, justo ou moral. É imoral, leviano e bom. Gostoso de ter, de sentir, mas incerto.  Por isso tenta roubar o coração do meu peito. Chama, seduz e ele, coração inocente e insensato, se joga. Ah se eu não sou rápida e o seguro, estaria certamente sem coração.
Depois, quando percebe que doeu mais do que devia por algo que não valia a pena e se jogou numa aventura que o abandonaria na primeira esquina que encontrasse, o coração silencia, então durmo, então respiro, então volto a ser minha e ter meu coração só pra mim.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Previsão do Tempo

Semana passada, eu estava exatamente como o tempo. Não sabia se chovia ou se fazia sol.
Infelizmente, com o início dessa semana, uma frente-fria chegou e se instalou, acabando de vez com a possibilidade de sol em mim.
Desde segunda, só chovo, vento e esfrio a cada minuto que passa. A tendência é que minha temperatura caia ainda mais daqui até o final do dia.
Tenho alguns pontos de alagamento, estado de alerta decretado em algumas áreas do meu cérebro e já foi decretada calamidade total no meu coração.
Especialistas aconselham o uso de capas de chuva, botas, rímel a prova d’água, roupas confortáveis, e a ingestão de chocolates e doces em geral, pois dão uma falsa sensação de felicidade e podem evitar uma nova tempestade de relâmpagos e trovões.
É totalmente desaconselhável o uso de palavras rudes, olhares de desdém ou qualquer outro tipo de ação que demonstre insensibilidade para com meu momento, pois há o grande risco de provocar o aumento das tempestades, queda brusca da temperatura, podendo chegar a dois graus abaixo de zero e possibilidade de geada ao final do período.
Não se sabe ainda ao que se deve essa inexplicável alteração climática que vem ocorrendo, e também não é sabido até quando essa massa de ar e instabilidade permanecerá em mim.
Alguns curiosos dizem que os temporais são resultado da passagem do “Fenômeno Solidão” que permaneceu nos arredores há uns quinze dias atrás, somado ao Tufão Desamor-Término-de-Casamento que recentemente causou alguns tremores de terra, ventos fortes, chuva de granizo e destelhou casas na região sul.
Em sua última estimativa, a cruz vermelha notificou que, até o momento, há ao menos trezentos desabrigados na região centro-oeste, deslizamentos de terra em todo o perímetro analisado e talvez hajam danos irreparáveis à fauna e flora da região.
Felizmente, até o final desta edição, não houveram relatos de morte ou ferimentos graves.
Volto em breve com novas informações. Peço para que, se possível, me deixem em casa, comendo pipoca, assistindo filmes românticos e que de vez em quando, me enviem torpedos no celular, dizendo o quanto sou linda e especial, pois em geral, tal receita surte efeito instantâneo e positivo, fazendo com que a temperatura volte a subir e maiores danos sejam evitados.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Silêncio

Sshshshshshsiiiiuuuu!..... Que barulho!

Ta ouvindo?!
É o barulho que esse silêncio faz!
É um barulho tão alto, tão agressivo que chega a doer!
Não ouve nada?!
É o barulho do seu silêncio!

Você fica aí, no seu canto, vivendo a sua vida, sem pensar em mim e fica quieto assim. Não me liga, não me procura e quando estou ao seu lado, não me olha..., parece que se me olhar, vai ser obrigado a me ver e não quer isso.

Esse silêncio tão cheio de barulho, de sentidos, de sentimentos.
Tantas frases não ditas, pensamentos não compartilhados, desejos não realizados, tudo o que está contido nesse seu silencio provoca em mim uma reação estranha, meus olhos cheios de lagrimas e você não precisou dizer uma só palavra pra que isso acontecesse.
Seu silêncio fala por você.

Por favor, não repete mais isso! Já sei que sou especial, que mereço alguém que goste de mim de verdade, que me mereça..., já sei tudo isso!
Repetir isso em pensamento tantas vezes não tem um resultado mágico ou um efeito especial, só me faz sentir menor!

É tão estranho e triste isso!
Me lembro de quando ficávamos horas conversando sobre os mais diversos temas e nem percebíamos a hora passar.
Atravessávamos madrugadas rindo feito crianças e quando acabava o assunto, falávamos sobre a falta de assunto, até que um assunto novo surgia.

Você me olhava com desejo e eu ficava vermelha só de imaginar o que poderia estar passando pela sua cabeça.

Ficava com o som da sua voz durante horas e horas e conseguia conversar contigo mesmo que você não estivesse lá.
Falava com o espelho e te ouvia responder.

Não consigo entender como alguém que tinha tanto a dizer, de repente não tem voz e dá espaço pra esse vazio.
Como pode esse silêncio agora ser e dizer tudo por você?!
E porque diante dele eu me sinto tão pequena?!
Porque ele é tão mais forte do que eu?!

Sei que esse silêncio é só parte do processo natural, já é um velho conhecido. Ele chega quando algo dá errado, quando sem perceber, a gente se perde e toma caminhos separados, e, o vão que se cria é o espaço exato que ele precisa pra se instalar, mas é tão triste!

Agora, tenho duas opções; ou faço de conta que não percebo e não escuto tudo o que ele diz pra ver aonde isso vai dar, ou me afasto mais, até que não consiga mais cruzar seu caminho e conseqüentemente, não consiga mais me incomodar com todo esse barulho.

Se eu escolher a primeira opção, vou sofrer ainda por um tempo e corro o risco de (se não conseguir me aproximar novamente de você), me acostumar com a indiferença e talvez estragar todas as lembranças boas que tenho de nós.

Se eu escolher a segunda opção, levo comigo todas as boas lembranças, espero a vida me trazer outra pessoa tão especial quanto mereço e tenho que torcer pra que se o silêncio resolver chegar novamente, eu já saiba como conviver, eliminar ou com sorte, eu já saiba como evitar que ele chegue.

Nossa..., meu silêncio e o barulho dos meus pensamentos superaram os seus...

Acho que agora, quem precisa ficar em silêncio sou eu!...


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pensar e Pesar

Sem percebermos, diariamente, fazemos escolhas que tem um retorno a curto, médio e longo prazo. Muitas vezes são escolhas pensadas, ponderadas, medidas e outras vezes, nem tanto, por exemplo, ao decidir se fará faculdade ou comprará o carro primeiro, você pensa, repensa e decide o que melhor lhe convém. É muito melhor buscar a gatona de carro na porta de casa do que dizer que terão que ir de ônibus pra baladinha, porque seu pai não emprestou o carro dele. A curto prazo, a decisão foi ótima, afinal, entrar no motel a pé é um mico muito grande. A médio prazo, a decisão pesa, porque a promoção não rolou por conta de uma deficiência curricular. A longo prazo, a decisão foi muito errada, por um zilhão de razões e sorte a sua se estiver ao menos empregado.
Aos quinze anos, escolher Mc Donalds como cardápio semanal não é nada demais. A curto prazo, o máximo que pode acontecer, são uns quilinhos a mais. A médio prazo, talvez uma gastrite ou úlcera. A longo prazo, problemas cardíacos e um colesterol altíssimo.
Fumar na adolescência também não é nada demais e dá um ar de “descolado”, é uma “adultescência”, ou seja, faz com que se pareça um adolescente mais maduro que os demais.  A curto prazo, talvez um pouco de placa nos dentes, celulite e um pouco menos fôlego do que o habitual. A médio prazo, um bafo horrendo, menos fôlego ainda e várias manchas nos dentes, que requerem visitas mais constantes ao dentista. A longo prazo, doenças cardíacas, câncer de pulmão, AVC, em resumo, umas quinhentas formas diferentes de morrer.
Uma desavença com amigo, parente ou alguém de quem gostamos a curto prazo causa um stress que muitas vezes é desnecessário. A médio prazo causa um mal estar que cresce à medida que o tempo passa e incomoda como uma pedra no sapato ou um osso de galinha atravessado no pescoço. A longo prazo, para as mulheres, pode causar câncer de colo de útero ou seios, já que todo desamor ou desilusão sentimental é desviada para os pontos mais sensíveis de seu corpo, e, para os homens doenças cardíacas e câncer de próstata, pois os homens, assim como as mulheres, somatizam suas angústias em locais específicos, a diferença está nos índices. Qual o percentual dessas doenças em homens e mulheres?
Se relacionar com a pessoa errada também tem suas consequências. A curto prazo, um rombo no coração. A médio prazo (na melhor das hipóteses), um rombo na conta bancária. A longo prazo, um rombo na vida, porque dificilmente haverá vontade de uma nova tentativa de relacionamento.
Enfim, poderia ficar aqui citando inúmeras situações que certamente teriam consequências a curto, médio e longo prazo, mas o fato é que em algum momento, por alguma razão, minhas decisões são cobradas e recobradas constantemente. Talvez eu tenha feito algum pacto do qual não me recordo, de corrigir essas escolhas ruins antes que se tornem doenças irreversíveis ou algo do tipo. Parei de fumar, não como Mc Donalds com tanta frequência, estou buscando aperfeiçoar meu defeito curricular, etc.
Só que algumas escolhas não posso desfazer, celulite é irreversível e por sorte, como resultado dos  meus desamores, meu útero gerou vidas, ao invés de doenças.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Adoráveis - Parte 2

Há algum tempo, escrevi um texto chamado “Adoráveis”, no qual me desculpava por ter me tornado predadora e consequentemente, por ter diminuído muitíssimo meu valor no mundo, enquanto mulher e ser humano.
Naquele texto, mencionei seres maravilhosos que apareceram no meu caminho e que eu, como boa predadora, havia espantado, diminuído, desvalorizado ou até mesmo deixado de notar.
Desde aquele texto, não houveram mais seres adoráveis, porque desde aquele texto, fiz o possível para afastar toda e qualquer chance de um deles voltar a cruzar meu caminho. Me cerquei de um campo de força impenetrável, composto de mentiras, um contrato civil, um religioso e muito desgosto.
Quando esse escudo se desfez, tratei de adotar a postura mais agressiva possível, caçando, buscando, provocando e ao mesmo tempo, mantendo a distancia segura, que só um bom predador conhece. Podendo caçar e largar a presa, podendo somente participar de uma corrida, sem chegar de fato a cravar os dentes, podendo instigar e depois dizer que o outro foi quem não quis.
Hoje, fazendo uma releitura de tal texto, percebi que ao escrevê-lo, reconheci alguns erros, mudei algumas atitudes, mas que no conceito geral, ainda venho mantendo a postura agressiva de sempre. Continuo caçando.
Então me perguntei a razão de estar sempre um passo à frente. Questionei minha postura pró-ativa ao invés de reativa. Me dei conta de que caço porque não gosto de ser caçada.
Adotar a postura de caçadora, ou predadora, me dá a falsa sensação de estar no comando. De ditar regras e dizer com quem, quando e onde quero estar.
Me permite imaginar que estou sempre em movimento ou “me preparando para”, quando na verdade, estou somente usando uma artimanha para não perceber o quão vazia essa rotina se tornou.
Usando tal artifício, torno muito mais fácil aceitar o fato de que num mundo tão cheio de gente, estou sempre só. Seria muito ruim não agir e perceber que também não provoco nenhuma ação, enquanto estou em estado de espera.
Sem contar o fato de que é muitíssimo mais fácil assumir uma postura de ataque e receber uma recusa, do que correr o risco de ser atacada e demonstrar meu lado mais frágil, aquele que faço o possível para esconder. Imaginar que alguém poderia num momento desses descobrir que não sou metade do que prometo, que não conheço metade do que digo e que minha vida é tão ativa quanto a de um marisco é um risco muito alto.
Enfim, hoje, após toda essa releitura, revisão de conceitos e obviamente, me dar conta de que essa realidade triste existe mesmo na minha vidinha, decidi não mais caçar. Vou deixar de ser leoa e adotar a postura de ovelha. Se ao final do inverno, nenhum predador tiver me atacado e eu não for ao menos tosqueada, vou ter que aprender a ser um ser adorável. Quem sabe uma hora dessas eu cruzo o caminho de alguém, assim como esses outros adoráveis cruzaram o meu um dia né?!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

EU TE AMO!

Quando era mais nova, acreditava que “Eu te amo” teria o poder de curar toda e qualquer dor, eliminaria qualquer mal humor e que sempre viria acompanhado de um abraço apertado e um beijo tão longo quanto se pudesse agüentar.

Esperava ansiosa por essa pequena frase, tão enorme.

A primeira vez que ouvi, foi no meio de uma conversa descontraída, de um namoro adolescente, assim, totalmente displicente e não veio acompanhado de emoção, abraço, beijo, nada!

Foi dito de uma maneira tão comum que minha reação foi “você sente o que?!” e a resposta “ah, você me ouviu!”...

Não houve repetição, música de fundo, a luz, o clima...
E com a mesma importância que foi dito, ele foi posto de lado e acabou.

Depois disso, ouvi essa frase que era tão importante, ser dita um infinito de vezes de forma vazia. De mentira.

Virou coisa comum se amar de mentira.

Descobri que é fácil, muito fácil dizer “Eu te amo”, mas também descobri o quanto é difícil encontrar alguém que realmente esteja disposto a fazer e viver  o “Eu te amo”.

EU TE AMO!

Isso deveria unir e atrair pessoas.
Mas ao invés disso, nesse mundinho de mentirinhas e enganações, essas três palavrinhas quando ditas assim juntinhas dependendo do momento, tem o poder de afastar o mais bravo guerreiro, o mais valente lutador, o mais forte dos homens.

Não posso dizer por todas as mulheres, mas falando por mim, de tanto ouvir essa frase de maneira tão banal, não tenho reação alguma.

EU TAMBÉM!

Ta certo isso?!

É como se eu ouvisse “oi, tudo bem?!” e respondesse “tudo, e você?!”
Muitas vezes, quem pergunta, não quer mesmo saber se estou bem, está só cumprindo o protocolo e eu, também para cumprir o protocolo, digo que sim, mesmo não estando, e retorno a pergunta também não querendo saber a resposta.

De repente, seria melhor então, começar a fazer diferente, ao invés de dizer “oi”, deva dizer “eu te amo” e aí, o outro responde “eu também”.

EU TE AMO!
EU TAMBÉM!

É isso! A partir de hoje, não espero mais por essas três palavras, já que não fazem mais o sentido que faziam na minha adolescência.

Espero agora por um “oi”, que virá acompanhado da luz, da música, da magia e de tudo mais.
E depois de ouvir essas duas letrinhas tão cheias de sentido, vou sentir o corpo todo tremer, então terei meu abraço apertado e o beijo que sempre esperei.

Um suspiro e um Oi...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Teoria da Calcinha

Existe um fato comprovado, de que toda vez que uma mulher se depila, se prepara, escolhe a lingerie perfeita, esperando por um final de dia prazeroso, esse final de dia não rola.
Sim, fato!!! NÃO ROLA!!!
Não adianta! Por mais que queira, que faça convites, que se insinue, que mostre que está afim, não rola! Não vai rolar!
Assim como também é cientificamente provado por 10 entre 10 mulheres, que ao usar uma calcinha de algodão nada sexy, nada provocante, totalmente broxante e sem depilação, o índice de convites e a probabilidade de ocorrer um fight no final do dia são altíssimos!
Não é teoria minha não! É um fato! Ocorre mesmo!
Seguindo esse raciocínio, a conclusão que chego é a seguinte:
Se eu quiser que role uma aproximação física entre mim e meu objeto de desejo, devo usar calcinhas velhas.  A frequência dessas aproximações pode variar de acordo com a quantidade de calcinhas velhas que tenho em minhas gavetas. E as chances são imensas se as calcinhas estiverem furadas e com o elástico frouxo.
Caso eu esteja nos dias de dor de cabeça, nem um pouco afim de encontrar o dito-cujo,  de saco cheio do mundo, devo estrategicamente, escolher a calcinha mais provocante, toda de renda, aquela que é acompanhada por um sutiã levanta-moral que só de olhar, se tem um orgasmo.  Ah, sim, sem esquecer da meia 7/8, com renda e todos os apetrechos possíveis. Aí sim, nesse dia, não há a menor, nem a mais remota possibilidade de acontecer um convite. Nesse dia, o telefone nem toca!
Então, tenho duas opções:
1 – Tento mudar esse fato!  Jogo fora todas as calcinhas velhas. Só uso calcinhas novas, lindas e provocantes, esperando que mais cedo ou mais tarde, alguma coisa aconteça. Assim, o plano de parecer sempre sexy, linda e pronta pro abate possa ser colocado em prática. O único problema é que não se sabe ao certo quanto tempo pode levar até que essa alguma coisa aconteça, afinal, quebrar um paradigma é algo dificílimo.
2 – Não mudo nada! Só uso calcinhas velhas, furadas e de preferência, em tons de bege. Não compro mais calcinhas lindas, jogo fora todas as calcinhas novas e ainda economizo uma grana. Assim, garanto noites sequenciais de prazer.
Hum..., entre arriscar passar dias, semanas, talvez meses sem nenhum tipo de contato físico ou ter certeza do que vai rolar, acho que a segunda opção é mais garantida...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Crença, Fé ou Esperança

Quase diariamente, recebo correntes com orações, imagens de anjos, santos e afins, e quase todos vêm com aquela famosa frase “se você não enviar a todos da sua lista...” Bullshit!

Acredito em Deus, tenho uma fé que não cabe em mim, mas não fico reafirmando isso por e-mail a todas as pessoas que conheço, tão pouco tenho medo de que algo ruim aconteça se eu deletar (e deleto) os e-mails de correntes de fé.

Hoje, fugindo à regra, decidi enviar um e-mail um pouco mais cristão, e encaminhei uma mensagem que recebi, não pela corrente, mas pela mensagem nela contida, daí, me lembrei de um rapaz que conheci há 10 anos, que se dizia ateu.
A convicção dele era tão forte, que me deixou dúvidas sobre a minha fé. Ele me fez pensar e questionar uma série de coisas, fatos e acontecimentos e por um breve instante, perdi minha convicção.
Mas foi mesmo um breve momento, porque em seguida, me lembrei de um fato que me aconteceu aos cinco anos, um fato, uma memória que guardo hoje como um dos meus maiores tesouros de infância.

Acredito que cada um, à sua maneira, em algum momento da vida, passa a acreditar no Ser Maior, seja num momento de felicidade e agradecimento, seja num momento de dor e arrependimento.
Incontestavelmente, não há um ser vivo neste mundo, independente de sua religião, crença, fé ou o que quer que seja, que ao ver um filho doente, um amor sangrando, ou um perigo muito grande, não peça e espere por um milagre e esse milagre, é um só! O poder de uma força maior agindo e nos tirando desse momento de angústia.

Porque resolvi escrever sobre isso hoje?! Porque ontem à noite, o livro de histórias escolhido pelo meu filho de cinco anos foi “Pipa Guerreira”, que ele ganhou da minha irmã, mas que eu nunca havia lido pra ele antes. Para minha surpresa, a história é mais do que linda, ultrapassa qualquer expectativa de um conto infantil, falando de maneira simples sobre Deus, sobre bem e mal e principalmente, sobre as escolhas que fazemos durante nossa caminhada aqui na terra.
Percebi que fiz inúmeras escolhas erradas, durante meu caminho, das quais me arrependo profundamente, mas tal leitura me fez ter certeza de que nem aqui, ou em qualquer outro mundo, apesar de julgada por muitos, não serei jamais condenada por aquele que me fortalece.

Não me envergonho de dizer que acredito em Deus. Fui batizada na igreja católica, freqüentei igrejas evangélicas (muitas), visitei centros espíritas com amigos e descobri que a verdadeira casa em que Deus precisa de fato habitar, é meu coração.
Buscar a comunhão com Ele na presença de outras pessoas é mero detalhe. Se Ele não estiver em mim e eu Nele, não adiantará estar na presença de um altar.
Pena que tantas pessoas se envergonhem de suas crenças.

Aquele meu amigo ateu, hoje, mudou de crença, por um momento de angústia que sofreu.

Aos cinco anos, deitei no quintal de casa olhando nuvens e vi uma imagem que sorriu pra mim, me fez ficar feliz e ter certeza absoluta de que há em minha vida uma proteção maior, um amor verdadeiro que não me pede nada em troca.
Coisa de criança? Pode ser! Mas a sensação foi guardada em mim.
Aos vinte e cinco anos, revivi a mesma sensação, e, ao me tornar mãe, me senti abençoada e parte de um universo sem fim.

Qual a mensagem que quero passar hoje?! Nenhuma em especial, a não ser dizer àqueles que me cercam, mesmo que só por e-mail, que sou grata por conhecê-los, sou feliz por tê-los como amigos e que espero que se sintam tão amados, quanto eu me sinto.

Não há necessidade de repassar este e-mail, não acontecerá nenhuma coisa ruim a você ou aos seus, seu computador não vai explodir e independente da sua reação ou pensamento ao terminar de ler meu texto, saiba que te amo e te respeito, independente da sua crença, fé ou esperança.

“Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que minha alma.”
(Fernando Pessoa)

Carta ao Digníssimo


São Paulo, 26 de maio de 2008.


Ao
Sr. Digníssimo Responsável Por Nossa Cidade

Ref.: Solicitação de Sugestão

Prezado Senhor;

Primeiramente, sinto-me no dever de dizer que me tornei admiradora do seu trabalho, sua coragem e de seu empenho em realizar inúmeras modificações em nossa cidade, entre elas, a reabertura de duas estações de trens em bairros com moradores menos favorecidos, que certamente tornarão a subtrair os componentes das linhas de trens, como o cobre, por exemplo, para vender.

Aproveito ainda, para agradecer seu comparecimento na inauguração das novas estações de trens e ainda, para convidá-lo a novamente fazer tal trajeto, já que no momento de sua aparição, eu e outros milhões de usuários não estávamos presentes para dividir contigo tal alegria.
Assim sendo, o ideal é que sua nova aparição seja em dia útil, por volta de 17h00, para que possamos juntos, aguardar a passagem de no mínimo cinco trens, até que consigamos entrar em um não tão lotado, ou com espaço suficiente para nos apertarmos com os outros milhões de seres que lá estarão. Tenho absoluta certeza de que será um evento memorável!

Neste momento, e sem mais delongas, dirijo-me à sua preciosa atenção, para pedir-lhe um conselho, pois creio que o senhor, tendo chegado à posição em que ocupa atualmente, seja a pessoa ideal para me auxiliar a resolver meu impasse.

Não sei se é de seu conhecimento, mas vivemos numa cidade em que o transito tem se tornado insuportável e os transportes coletivos, verdadeiros tormentos para nós, simples mortais, então, hoje, após ser pela milésima vez esmagada, violentada, quase violada, com o sapato arrancado, a bolsa rasgada e o vestido levantado dentro do trem, decidi que realmente, tenho que apelar para alguém que talvez consiga me dar novas sugestões sobre formas de transportes e/ou meios para que eu consiga fazer meus trajetos de maneira no mínimo humana.

Coloco a seguir as opções que tenho atualmente, para evitarmos sugestões inviáveis ok?!

1 – Carro:
Tenho um carro 1.0, que é bastante econômico, sem luxo, sem ar, sem direção, um carro simples mesmo, mas ótimo para o meu padrão de vida. Para encher o tanque de combustível, gasto R$100,00 e um tanque dá para duas semanas de trabalho, pois o trajeto é curto, sem transito, são somente 20 minutos.
A região aonde trabalho tem um custo muito alto, então, a diária de estacionamento no prédio custa R$45,00 e não há vaga para mensalistas. Nos arredores o custo é de R$18,00 a diária e R$180,00 para mensalistas, o mais barato. Não me arrisco deixar o carro na rua, pois mesmo tendo seguro, não sei se posso confiar na ação dos policiais, sempre muito prestativos e ainda, se vou encontrar meu carro nas mesmas condições em que deixei.
Fazendo uma conta rápida, meu gasto mensal, para trabalhar de carro seria de R$380,00, sem contar gastos com desgaste normal do veículo, troca de óleo e demais componentes.
Seria ótimo, SE eu realmente conseguisse fazer o percurso do trabalho em 20 minutos. Acontece que, infelizmente, já fiz o teste e são DUAS HORAS para fazer esse mínimo percurso.
São duas horas cozinhando dentro do meu carrinho 1.0, super confortável, porém, contribuindo para a emissão de poluentes e para a falta de qualidade de vida, já que são duas horas em que o único exercício que faço é mudar a marcha de primeira para segunda enquanto em minha mente, passam coisas que não posso aqui mencionar.



2 – Ônibus:
Com a integração dos transportes coletivos, muitas linhas de ônibus foram alteradas, assim sendo, meu bairro conta hoje com linhas alternativas, que percorrem diversos bairros vizinhos, aonde há um grande número de moradores. Quando o transporte finalmente, após no mínimo 30 minutos de espera, passa pelo meu bairro, encontra-se lotado. O valor da passagem é R$2,40, então, por dia, eu gastaria R$4,80 para permanecer as mesmas duas horas parada no transito, só que sem conforto algum, de pé, respirando o mesmo ar que no mínimo outras 50 pessoas estarão respirando.
Mais uma vez, façamos a conta rápida. São R$115,24 (24 dias úteis) para ficar duas horas parada no transito, em pé, sendo apalpada, encoxada, desrespeitada e moralmente agredida.

3 – Trem
Este tem sido meu atual meio de transporte.
Por uma série de razões, já mencionadas, entre outras, optei por utilizar os serviços da CPTM. São R$4,80 por dia e 20 minutos de percurso. Os trens contam com ar condicionado e som ambiente.
Ótimo não é mesmo?! Não! Não é mesmo!!!
Exatamente em função da abertura das novas estações, integração do transporte coletivo e transito impraticável, os trens são superlotados, o ar condicionado não suporta tanta gente e o som ambiente deixou de ser ambiente faz tempo, muitas vezes, ultrapassando o limite máximo do suportável. São 20 minutos de horror.
Sabe aquela lei da física que diz “dois corpos não ocupam o mesmo espaço”?! Então, diariamente, durante esses 20 minutos, as pessoas que utilizam o trem, tentam modificar tal lei, e, honestamente sinto que estão prestes a conseguir tal feito! Outro dia, uma moça desmaiou e continuou em pé! Consegue imaginar?!

Assim sendo, já que não tenho conseguido pensar em outros meios de transporte, venho tentando usar minha criatividade e pensei em duas alternativas que talvez o senhor possa utilizar como meta para sua próxima campanha.

A primeira é simples, economicamente e ecologicamente correta! É só transformar aquela marginalzinha que fica entre a linha do trem e o rio pinheiros em uma ciclovia!
As pessoas poderiam percorrer a marginal de bicicleta, fariam exercício físico, manteriam a boa forma, economizariam dinheiro e ainda, ajudariam a diminuir a poluição da cidade. Tal medida também seria ótima para empresas como Caloi e a Monark, que como conseqüência, conseguiriam  reestabelecer-se no mercado, passariam a produzir mais e conseqüentemente, passariam a contratar mais funcionários! Seria fantástico! O único porém, é que as empresas necessitariam contar com estrutura para que os funcionários pudessem tomar banho e trocar de roupas ao chegar  e obviamente, o policiamento da ciclovia teria que ser rigorosíssimo. Mas isso não seria difícil para o senhor, seria?!

A segunda opção, é um pouco mais custosa, mas não deixa de ser uma idéia! A criação de uma nova forma de transportes coletivos!
Helicópteros Coletivos!!!
Imagine o sucesso que o senhor faria!
Já que não há mais espaço para carros e ônibus nas ruas, já que o trem é um horror e ultimamente, não temos muitas opções então utilizemos o espaço aéreo para nos locomovermos!
Eu, particularmente, já pensei em comprar um helicóptero, mas infelizmente, meu pequeno salário mal dá pra pagar a parcela do meu carro, então, creio que a parcela de um helicóptero pesaria muito no meu orçamento, além da necessidade da contratação de um piloto, heliponto, enfim, medida individual inviável, mas como meio de transporte coletivo, seria ótimo!

Bem, Sr. Digníssimo Responsável, minha carta acabou ficando um pouco mais longa do que imaginei, mas continuo ainda com a mesma questão em mãos! O senhor tem alguma sugestão adicional para que eu possa chegar até meu trabalho e retornar à minha residência com um pouco mais de tranqüilidade e civilidade?!

Sendo só para o momento, agradeço imensamente por sua atenção e aguardo retorno!

Afim

Existem pessoas que por incrível que pareça, conseguem estar, se envolver, entrar e permanecer em situações das quais não estão afim, logo, colocam-se afim de agir em sentido contrario  ao que realmente querem.
Eu, particularmente não consigo.
Não consigo dizer sim quando quero dizer não, assim como não consigo esconder o que quero, quando quero algo.

Agora, me pego pensando em pré-disposições, em estar afim, em desejar, querer e torcer para algo.

Estou realmente afim de que algo diferente aconteça! Estou pré-disposta!

É um risco bastante grande se colocar em tal posição, pois pra isso, encontro-me totalmente aberta às ações e reações alheias que eventualmente possam me fazer feliz ou infeliz, mas isso não importa! O que importa é que estou afim!
Estou afim saltar de pára-quedas, de fazer bungee jump, aulas de boxe, participar de uma maratona, voar de asa delta, conhecer o cristo redentor, amanhecer na praia e tomar um porre de tequila.

Estou afim de conhecer um louco alucinado que me leve pro espaço (não me mande pro espaço), me faça ver estrelas (de prazer e não de dor) e que me faça rir (de felicidade e não de raiva) e que esteja lá sempre que eu precisar (não importa aonde fica lá, basta que ele esteja lá).

Estou afim de dizer tudo o que penso e o que quero, na hora que penso e o que quero (ops! Isso eu já faço!).

Estou afim de mandar às favas tudo aquilo que é chato e considerado “politicamente correto” e partir pro que é incorreto, imoral e incerto!

E a próxima vez que eu ouvir alguém dizer que não sabia como me dizer não, vou ficar muito afim de mandar pro inferno, caçar pêlo em ovo, pentear macaco e todos aqueles termos que meu pai usava em mil novecentos e bolinha com as pessoas que ele considerava medíocres e depois vou sair andando com os pés no chão, porque isso, eu sempre estou muito afim de fazer, nesse ponto sou bem parecida com ele, detesto mediocridade e conformismo! Detesto saber que sou mais forte que o outro! Não fico nem um pouco afim de gente assim!

Fênix

De acordo com a mitologia grega, Fênix é um pássaro que renasce das próprias cinzas.

“A Phoenix mística vive entre ervas e temperos aromáticos tais como canela, olíbano e mirra. Após viver por 500 anos, ela constrói um ninho destes materiais no alto de uma árvore. O pássaro então ateia fogo no próprio ninho e se deixa consumir pelas chamas, de suas cinzas nasce um novo Phoenix para viver outros 500 anos. O historiador grego Herodotus, no quinto século AC, descreve o pássaro como a maior parte sendo dourada e com parte da plumagem avermelhada, tendo a forma e o esboço de uma águia. Na mitologia Egípcia, a Phoenix é reverenciada como a personificação de Ra, o Deus do Sol. A Phoenix é associada à imortalidade.
Phoenix é a palavra grega para vermelho escuro ou roxo. Phoenix também é chamada de Fenix ou Phoinix (Grego). A Phoenix é um símbolo de esperança e renascimento. Frequentemente associado ao Pássaro do Paraíso, esse pássaro místico é o único da espécie. E por causa disso, o poderoso deus jurou que enquanto a Phoenix viver, existirá esperança no mundo. Como é dito, quando a primeira queda do tempo de espera estiver comprometida, uma faísca de fogo cairá da espada do anjo e ateará fogo no ninho da Phoenix e ela perecerá. Após o último período refrescando-se, de um pequeno ovo vermelho, surgirá um pássaro solitário, um Phoenix mais bonito e mais forte do que antes.”

Algumas pessoas tem o dom de renascer das próprias cinzas e como a Fênix, ressurgem com mais brilho, mais vida e muito mais força.

Ser Fênix não é dom de todos. É privilégio e maldição de poucos.

Ser Fênix requer um coração especial, uma alma pura e acima de tudo, uma capacidade infindável de amar e perdoar, mesmo quando não se é amado ou perdoado.

Existem muitos falsos pássaros, imitadores comuns, como um carcará imitando o vôo e a majestade de uma águia. Ao longe, pode-se confundir, mas se olharmos de perto, notamos a diferença da postura em solo e em sua alimentação. No chão, o carcará não passa de um parente do urubu que se alimenta de lixo.

A Fênix de verdade não precisa se auto-afirmar, ela simplesmente é, e, é reconhecida aonde quer que vá, porque seu brilho inconfundível desperta o melhor e o pior daqueles que a cercam.

A Fênix falsa, assim como o carcará, confunde à distância, mas de perto, é só uma ave que tem pena de si mesma e quer crer e fazer crer que há algo de especial em si.

A verdadeira Fênix não sente pena de si mesma, não reclama suas dores ao mundo, não proclama seus problemas aguardando uma solução miraculosa, tão pouco espera despertar pena dos que a cercam. Ela lambe as próprias feridas porque sabe o poder de sua saliva e tem também o dom de acolher e curar as feridas daqueles que precisam.

Apesar de toda a sua beleza e força, a Fênix sofre mais do que o comum. Em silêncio chora, vive e resolve seus problemas, um de cada vez, dando o melhor de si em todas as situações. Ama mais do que o comum e por isso se expõe e se entrega em demasia, o que propicia um risco maior de desilusão e dor.

Mas a vida da Fênix não é só sofrimento e dor. Ela vive mais, ama mais, sonha mais e faz tudo o que está em seu alcance. É intensa, bela e inteira.

Então, quando chega o momento de entrar em combustão e virar cinzas, ela queima suas amarguras, sua dor, seu desamor e tudo o que a fez chorar, e, ao renascer, sente-se plena porque não se arrepende de tudo o que viveu.

Assim, pronta para alçar novos vôos, ela não se lembra do ardor do fogo, ou da dor que sentiu. Leva consigo apenas a esperança de uma nova vida, o brilho renovado de sua plumagem e o aroma de canela.


Coração de Menina (esse eu escrevi no aniversário da Alê)

Esse coração acelerado que insiste em se iludir.
Que bate forte só de pensar em coisas boas, dizendo que são ruins.

É um coração confuso, cheio de medos, de anseios e de desejos secretos. Esconde coisas querendo contar, conta coisas que devia esconder.

É um coração que ainda tem muito a aprender.
Vai descobrir que quando crescer, vai doer de amor, vai chorar de alegria e vai morrer quase todo dia!

A dona do coração?! Tem um brilho triste nos olhos, como se tivesse um segredo e fosse toda um grande mistério.

Fico torcendo por essa menina, para que encontre o que o coração dela procura, pois enquanto estiver nessa busca, vai sempre lhe tirar o ar, lhe deixar zonza e angustiada de tão forte que bate!

Ela às vezes, faz de conta que é indiferente. Faz de conta que não sente o coração bater forte, mas ela não entendeu ainda que quanto mais ela tenta ser indiferente, mais ele acelera, grita e aperta, quase sufocando, fazendo com que os olhos da menina transbordem.

A menina e o coração, vivem brigando e ela quase sempre sai chorando, porque o coração é teimoso e forte, e faz questão de provar sua força!

Mas esse coração não é mal!
Ele é bom, doce e generoso, mas está buscando mais, desejando mais, querendo mais e a menina, não sabe ainda se tem forças pra satisfazer todos os caprichos e desejos desse coração.

Doce menina, dos olhos tristes e do coração caprichoso, vai ainda se tornar uma grande mulher, ser muito mais do que pode sonhar!

Pode ser que os olhos da menina estejam sempre cheios d’água porque ela é de aquário e talvez, lá no fundo dos olhos, se olhar bem te pertinho, poderão ser vistos peixinhos, dourados, verdes e vermelhos, que brincam de esconder o tempo todo!

Então na verdade, os olhos são sempre uma festa de cores e lágrimas e o que parece tristeza é só a grandeza de seu coração!

Aluga-se

Aluga-se um cantinho bacana, construído com muito carinho em agosto de 1978.

Considerando-se a idade, o estado de conservação e a localização, posso dizer que aquele que tiver o privilégio em aluga-lo estará muito bem instalado.

A vizinhança é bastante harmoniosa e possui algumas personalidades interessantes, havendo colaboração e atividade conjunta entre os condôminos, que há quase 30 anos, vivem em perfeita harmonia.

O sindico, Sr. Cérebro é um pouco teimoso e raramente entra em concordância com as alterações ocorridas no imóvel, porém, não creio que isso seja um problema difícil de ser contornado. Com bons argumentos, pode-se chegar à um entendimento positivo, afinal, o Sr. Cérebro não é tão inflexível assim! Ele só é cheio de idéias.

Os ocupantes anteriores do imóvel provocaram alguns pequenos danos, arranhões nas paredes e não deram muita atenção ao esplêndido jardim que havia lá, porém, não se trata de danos irreparáveis, uma reforma simples e uma dose especial de carinho serão suficientes.

Quanto ao jardim, se houver um cuidado especial com as mudas que restaram e se as ervas daninhas forem retiradas, acredito que possa voltar a florir e se isso não ocorrer, o terreno é bastante fértil e flores novas podem ser plantadas. Ele certamente recuperará todo o seu colorido e vida.

Solicito que somente manifestem intenção em conhecer o imóvel, aqueles que estiverem dispostos a permanecer tempo suficiente para que se possa construir uma história, pois houveram ocupantes passageiros e após algumas experiências pouco positivas, descobri que este tipo de aluguel não é proveitoso e contribui para a depredação e depreciação desnecessária do imóvel.

Os interessados em conhecer o imóvel, devem endereçar suas intenções para:

Cond. Ed. Da Pessoa Que Quer Amar
Rua do Coração, s/n
A/C... (Xiii, e agora?! Não tem ninguém lá pra receber as correspondências!)

Ah se eu soubesse...

Se eu soubesse de algumas coisas antes, talvez hoje, eu seria mais, bem mais feliz do que sou.

Veja bem, não sou infeliz, só poderia ser diferentemente mais feliz...

Se eu soubesse que formigas lava-pés são chamadas assim, não porque são bonitinhas, mas  porque cobrem seus pés e te picam incessantemente em grupo, eu não teria pisado descalça na horta de casa, tantas e tantas vezes...

Se eu soubesse que chuvas de verão são a coisa mais gostosa do mundo e que só fazem sentido para pessoas com menos de 18 anos, eu teria tomado mais uma dúzia delas... (com ou sem pneumonia)

Se eu soubesse que minha casa deixaria de ter jardim, eu teria observado mais as borboletas... que saudade das margaridas!

Se eu soubesse que meu papagaio fugiria assustado com o latido do cachorro, eu teria deixado que as asas dele crescessem mais, pra que ele pudesse ir mais longe do que até o quintal do vizinho...

Se eu soubesse que meu primeiro amor se tornaria uma lembrança distante (quase um estranho), eu teria sofrido menos, e amado mais. Teria mandado mais cartinhas escritas em papéis de carta floridos e sonhado muito mais com o futuro que nunca chegou...

Se eu soubesse que a vida me pregaria peças (tantas), eu teria ensaiado mais e melhor.
Teria encenado cada uma delas com mais vigor, com mais amor...
Teria saído de madrugada pra encontrar quem me tirava o sono.
Teria beijado mais com a desculpa de me despedir mais uma vez.
Teria ficado mais até mais tarde.
Teria saído mais cedo...

Se eu soubesse que paixões são ótimas quando acontecem, mesmo com o estrago que causam quando deixam de acontecer, eu teria me permitido apaixonar mais vezes...
Teria chorado mais,
Teria arriscado mais,
Teria enlouquecido, enfurecido e acontecido muito, muito mais...

Se eu soubesse que sentiria saudade do que deixei de viver...
Se eu soubesse que não haveria uma outra vez...

Se eu soubesse que todos os sentimentos que uma foto me trariam... teria tirado outras!!!

Se eu soubesse que estar perto de Deus é bem mais simples do que imaginei...

Se eu soubesse que um sorriso do meu filho seria capaz de tirar de mim qualquer sentimento ruim, eu não teria me preocupado tanto e não teria gasto tanto com renew... maldito vinco no meio da testa!!!!

Se eu tivesse certeza absoluta de que meu próximo passo vai ser certo..., não andaria por caminhos tão incertos...

Se eu soubesse antes, muito antes que por mais que eu tente evitar, minha vida sempre vai me surpreender..., eu teria ensaiado outras caras na frente do espelho, pra não correr o risco de repetir sempre a mesma expressão...

Se eu soubesse antes que é tão bom rir de mim mesma, teria sentido menos vergonha e não me arrependeria nunca!

Sabe o que é pior?! É agora que eu sei de tudo isso; nada vai se repetir, porque a vida é assim..., quando a gente aprende uma lição, vem uma nova, ainda mais difícil...


Ana Paula.
27 de setembro de 2007.