segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Diálogo sobre a chuva (escrito em 09/05/2008)


Ana: Olha lá fora! Ta chovendo aqui dentro! Chove água, chove sentimento.

Paula - Que chuva né?!

Ana - Poxa, nem me fala! Ruas inundadas, casas, rios transbordaram, pessoas até se afogaram!

Paula - Pois é!

Ana - Que Chuva!

Paula - As ruas foram inundadas por pessoas vazias, as casas foram tomadas por um volume imenso de falta de assunto e os rios transbordaram de sujeira! As pessoas têm se afogado na falta de amor e de sinceridade.

Ana - Nossa! Virou uma tempestade! Será que demora pra passar?!

Paula - Se continuar assim, mais inocentes podem sofrer com essa chuva toda!

Ana - Perigoso isso né?!

Paula - Dá até medo!

Ana - Porque será que o clima mudou tanto heim?! Não me lembro de ver essas coisas na minha infância.

Paula - Ah, dizem que isso acontece hoje, em função da interferência do homem na natureza!

Ana - Ah é?!

Paula – É sim! Minha mãe conta que no tempo dela, as pessoas se ouviam mais, se respeitavam mais e o sentido de “família” ia além dos almoços chatos de domingo.
Ela conta que o respeito pelos pais era fundamental e que os irmãos mais velhos sempre cuidavam dos mais novos em qualquer situação.
Ela me disse que os amores eram pra sempre e que quando não davam certo, as pessoas continuavam a se admirar e respeitar.
As músicas tinham melodia, história e razão de ser.

Ana – Poxa, devia ser bem legal isso né?!

Paula – Tem mais! Não havia preocupação com assaltos, seqüestros e mortes sem razão. As pessoas valorizavam a vida.
Depressão e Stress havia, mas em número menor porque as pessoas não viviam tão freneticamente.
Havia circo e parque de diversões em quase todos os bairros.
E havia romance!

Ana – ah, como eu queria ter vivido numa época assim!

Paula – eu também! Imagina ir a um bailinho desses de garagem, ouvir música lenta, dançar agarradinho, ficar no “olho-no-olho” até o final da festa e ir embora pensando se encontraria ele outra vez, ou não, no próximo baile?!

Ana – Ai amiga! Aí já é exagero né?! Não dar nem um beijinho?!

Paula – Melhor do que dar pro cara na mesma noite e ele nem ligar no dia seguinte!

Ana – é, isso é!

Paula – então, aí, o homem interferiu em absolutamente tudo o que havia! Os romances se tornaram relâmpago, a mulher sentiu necessidade de se igualar em tudo e acabou absorvendo a vulgaridade em função desses romances tão rápidos. Perdeu o valor e o mistério, virou coisa comum e o Amor, virou sexo.
O casamento, virou nem sei o que e os bailinhos de garagem deram espaço pras danceterias e bailes funk, onde se mata, se rouba, tem contrabando de tudo, drogas e obvio, sexo muito, muito fácil. Mulherada dançando sem calcinha, vê se pode?!


Ana – Ai, que discurso moralista!

Paula – não é moralismo! É a real! Ta falando isso porque foi lá ficar com aquele carinha ontem né?!

Ana – Eu?! Que carinha?!

Paula – Aquele que tem namorada! Foi lá dar uma rapidinha e agora ta se sentindo mal né?!

Ana – é..., achei que ele fosse me ligar hoje e nada! Meu telefone nem toca! Nem mensagem! Nem e-mail..., nada!!!

Paula – Ta vendo?! Culpa dessa chuva!

Ana – É tempestade amiga!!!

Paula – Ta bom vai, se anima aí, põe aí uma roupa bem legal e vamos pra danceteria! Tenho certeza que vai descolar um gatinho, beijar muito e esquecer o carinha de ontem.

Ana – Ta! Com ou sem calcinha?!

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