segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sobre Beleza

Quando me perguntam se acho essa ou aquela pessoa bonita, sempre me embaralho toda pra responder.
A pergunta em si é relativamente simples e bastaria um “sim” ou um “não” para respondê-la, mas para mim, beleza vai muito além do que os olhos vêem num primeiro momento.
Exemplificando: Lá na minha adolescência, que foi praticamente ontem, freqüentava matinê do Reggae Night, e, todo domingo, via minha cunhada e uma prima suspirando por um carinha que não me recordo o nome, mas, enfim, que tinha pinta de surfista, loiro, corpinho sarado, bronzeado e com um padrão de beleza (estética) que agradava muito a mulherada.
A prima da minha cunhada ficava à disposição do tal carinha sempre e quando ele quisesse, o que em minha opinião (atual) é degradante, mas para a época era totalmente aceitável, afinal, adolescente é só sentimento, não tem razão!
Num domingo qualquer, esse cara veio pro meu lado e disse “te dou nota 9,5” e eu “oi?!” e ele diz “só não te dou nota dez porque sua sandália é marrom e eu gosto de pés bonitos como os seus, calçados em sandálias pretas”.... silêncio total e depois de alguns minutos olho pra ele e digo “vou ali!”.
Fui e nunca mais voltei! Depois desse dia, sempre que elas o viam e vinham comentar comigo, em meio a suspiros, o quanto ele era lindo, eu dizia “adoro minha sandália marrom!”.
O que quero dizer com essa historinha é que o outro pode ter o corpo lindo, a pele perfeita, o olhar que mata, mas se não tiver alma e coração admiráveis, se não tiver conteúdo, em minha opinião, é uma pessoa feia!
No meu dia-a-dia, uso muito a frase “gente feia”, mas não me refiro a uma aparência ruim. Refiro-me ao que tem por trás da casca, à soma do que é a pessoa, do que pensa, do que sente e principalmente, do que planta.
Vejo pessoas cercadas de gente esteticamente perfeita, mas que não tem um centavo a acrescentar na vida de quem quer que seja!
Antes que digam que isso é papo de baranga, vou logo avisando que me considero uma pessoa linda, por dentro e por fora, porque busco não só cuidar da minha casca, mas também da minha alma e do meu coração!
Não estou dizendo que sou perfeita, mas na medida do possível, busco não ferir meus semelhantes, não me apegar a bens materiais, apesar de ter meus momentos de consumista e materialista, tento não ser fútil, tento ter conteúdo e principalmente, tento fazer com que aqueles que me cercam, sintam-se capazes, admiráveis, valorizados e amados, porque é assim que quero que me vejam, é isso que quero que sintam por mim.
A casca é um detalhe importante no mundo em que vivemos, mas sinto muito em dizer que já vi, já convivi e que já conheci muitos vasos completamente ocos, sem condição nenhuma de abrigar uma única flor que fosse.
Seria muito bacana se as pessoas conseguissem se imaginar como vasos.
Algumas teriam plantas com raiz e tudo, outras seriam capazes de abrigar rosas vermelhas, margaridas, flores do campo....
Eu não me considero ainda um vaso capaz de manter uma planta com raiz e tudo, mas gosto de pensar que tenho gérberas de várias cores vibrantes, com cabos longos e pólen capaz de atrair as abelhas mais distantes, loucas para polinizar e criar outras flores e frutos, com outras cores vibrantes e assim por diante.
O vaso pode ser um objeto meramente decorativo, ou extremamente útil, cabe a cada um  decidir se quer somente decorar, ou ser mais do que notado por alguns instantes.

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