terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sobre o que esperar



Durante um período, deixei de escrever. Perdi a mão, perdi o dom da comunicação e perdi a vontade de me expressar e dividir meus pensamentos. Inicialmente, não entendi porque, mas hoje, depois de tudo, descobri que fui lentamente drenada. Fui cruelmente sugada por aquele que um dia chamei de vampiro moderno.

Mas o ponto interessante dessa história toda, é que a culpa não foi dele! A culpa foi minha!

Diz a lenda que um vampiro não entra em minha casa, tão pouco em minha vida, sem ser convidado. Eu o convidei!

Um vampiro não pega nada que não lhe seja oferecido. Eu me ofereci!

É um conceito interessantemente estranho esse, mas, trocando em miúdos, funciona mais ou menos assim: tudo o que acontece em nossas vidas, seja bom ou ruim, é fruto de algo que buscamos, semeamos, provocamos e fazemos acontecer.

Daí, vem o pensamento: Ora, que pensamento esdrúxulo! Não busquei o mal! Plantei uma semente de amor! Provoquei paixão! Fiz coisas boas acontecerem! Como então, posso nesse momento, me encontrar numa situação infeliz?! Miserável?! Como posso colher tristeza se só plantei felicidade?!”

Na teoria, ao fertilizar um terreno, plantar sementes boas, regar diariamente e zelar pela integridade dos brotinhos, a conseqüência lógica e natural seria uma boa colheita, porém, mesmo com todo o cuidado, corremos o risco de que o solo resseque, ou fique aguado demais ou também pode acontecer de uma praga qualquer, do dia pra noite comer todos os brotinhos e acabar com a plantação, ou uma erva daninha crescer junto com o que plantamos e aí, mesmo tendo uma plantação verde e inteira, ela não será saudável e caberá a nós destruirmos nosso próprio trabalho, arrancando pela raiz, tudo o que plantamos com tanto amor.
Mesmo amando, temos que colocar um fim.

Além de também haver a possibilidade de plantarmos e dedicarmos amor em terreno infértil, o que não precisa sequer de explicação!

Nos colocando na posição de sementes, nos comparando com algo que também foi plantado por alguém, em algum ponto da vida, talvez ainda enquanto brotinhos, nós, os seres humanos decidimos ser árvores frondosas ou ervas daninhas, mas antes disso, também fomos cuidados, protegidos do sol e da chuva, fomos adubados e recebemos doses maciças de amor.

Porém, infelizmente, ao deixamos de ser brotinhos e decidirmos nosso caminho, alguns de nós, seres humanos escolhem mal e decidem ser ervas daninhas, que sugam a energia de outras plantas, ressecam o solo em que vivem, destroem a vida que os cercam, crescem com uma força maldosa e cruel, sem pensar no bem dos que estão à sua volta. São plantas ruins! Voluntariamente ruins e precisam ser arrancadas, com raiz e tudo, antes que destruam um jardim inteiro. Essa é uma decisão difícil, mas necessária. Arrancar e destruir algo ou alguém a quem dedicamos tanto amor!


Veja, quando falo em arrancar ou destruir, não uso o sentido literal, pois não há necessidade de dedicar mal a nenhum ser vivente, matar ou prejudicar, basta que não dediquemos absolutamente nada! Uma planta, seja ela uma linda flor ou erva daninha, quando não alimentada, morre à mingua, então, basta ignorar, esquecer, não aguar, não sentir e afastar de nossa luz e brilho. Pronto! Ela terá o fim que deve ter.

Voltando a mim e ao que me motivou escrever, percebo que que mesmo dando muito amor, mesmo sendo uma árvore de raiz forte, proporcionando sombra e abrigo aos que necessitam, mesmo emprestando meus galhos para que passarinhos façam ninhos, lagartas virem borboletas, dando fruto àqueles que tem fome e tentando beneficiar todos os que me cercam, não estou livre das ervas daninhas, fungos e pragas.

Ofereci amor e carinho, desejei o bem e proporcionei felicidade a um vampiro! Cultivei erva daninha no meu jardim do bem.

Errei?!

Acho que não!

Fiz minha parte! Doei meu coração, emprestei meus galhos, ofereci minha sombra e por mais que agora, me sinta triste com a sensação de que foi tudo em vão, por ver que há um buraco no meio do jardim que cultivei com tanto amor,  tenho certeza de que muito em breve, o buraco deixará de existir e outras flores crescerão.

Nesse momento, não sou mais árvore, tão pouco brotinho.

Já não me encontro mais no solo, enraizada e firme. Meu tronco secou e minha raiz se desprendeu.

O bom é que a vida se refaz diariamente, a esperança renasce a cada manhã e me trás a chance de um novo começo.

Hoje, sou lagarta, buscando uma árvore que me ofereça sua sombra, pra que eu possa construir meu casulo e virar borboleta na próxima primavera.


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