terça-feira, 12 de outubro de 2010

De Coração

Quando crianças, todas as pessoas que conhecemos são amigas. Mesmo não sendo, são!
Na adolescencia, entrando na fase adulta, aprendemos a diferenciar "colegas" de "amigos", mas ainda nessa fase, temos um número razoável de pessoas com as quais podemos contar, para as quais podemos ligar e definitivamente com as quais podemos curtir baladas incríveis.

Daí um dia, no ambiente de trabalho, faculdade ou qualquer meio que incentive a competitividade, descobrimos que o "querer mais" faz com que passemos a desconfiar de tudo e de todos, porque alguém ou nós mesmos acabamos sucumbindo à "trairagem".
Infelizmente, esse dia chega para todos, se não somos traíras, somos traídos.

Na infância ou adolescência, dividimos com os amigos tudo o que acontece. São nossos diários vivos. Neles depositamos nossos maiores segredos, nossas melhores aventuras e também encontramos consolo para as piores desventuras.

Na fase adulta, depois de tanta "trairagem", nos vêmos como Adão e Eva depois de morderem a maçã. Somos expulsos do paraíso e sentimos vergonha pela nossa nudez. Encobrimos nossas partes mais íntimas, escondemos aquilo que nos deixa incomodados e deixamos exposto somente o que é "aceitável" para o que esperam de nós.

Isso não é fingir ser outra pessoa, é só manter guardado o que pode representar perigo se outra pessoa tomar conhecimento. Imagine o que aquele meu desafeto poderia fazer contra mim se avistasse minha parte mais íntima? Nem precisa ser a parte mais íntima, bastaria ver a "poupa da bunda" para ter em mãos um prato cheio, um belo banquete de fofocas.

"Adultos são complexos, complicados e cheios de segredos", era o que eu ouvia quando criança e não entendia como um adulto podia se complicar tanto a ponto de ter que se fechar e manter um segredo. Hoje entendo que não são segredos de novela, daqueles cabulosos que podem fazer alguém matar ou morrer, mas são assuntos dos quais nós, adultos, donos dos nossos narizes, sentimos vergonha e insegurança em compartilhar, então, tornamos esses assuntos, nossos segredos.
Com o tempo, esses segredos são guardados em caixas dentro de nós. Alguns deles ganham caixas com fitas brilhantes e lindas, outros, são enfiados em caixas de chumbo, trancadas com cadeados pesados e jogados no fundo, do fundo das nossas almas, desejando que sejam esquecidos, quem sabe apagados(?).

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