Tem dias em que acordo com a pá virada.
Me sentindo estranha, vazia, inconsistente, inconseqüente, irritada, quase infeliz.
Nesses dias, tenho vontade de brigar com o mundo, não falar com ninguém e ao mesmo tempo, gritar na orelha das pessoas.
Sinto um comichão. Uma coisa louca que percorre todo o meu corpo, do dedão do pé até o ultimo fio de cabelo e quando passa pela garganta, tenho que fazer uma força enorme pra não gritar.
Estou louca?
Não!
Sou Mulher!
Afinal, essa é a explicação que se usa pra tudo não é?!
Dirige mal: é mulher!
Trabalha mal: é mulher!
É frágil: é mulher!
Qualquer “M” que acontece: aposto que foi mulher!
Então pronto! SOU MULHER!
E NÃO ESTOU DE TPM! Essa é uma desculpa machista que arrumaram, com o pretexto de ser feminista, só pra justificar o que chamo de “dias de fúria”, e que não necessariamente ocorrem antecedendo o período menstrual. Às vezes até coincide, mas não tem nada a ver.
E abusando da condição de mulher, a partir de amanhã, vou fazer tudo aquilo que tenho vontade.
To querendo provocar um terremoto! Quero um furacão na minha vida, pra virar tudo do avesso, fazer um estrago do tamanho do mundo e quando parar, não vai ter nada no lugar.
Imagina a cena, de repente o vento pára, meu cabelo todo em pé, tudo o que tinha lugar certo está caído, quebrado, bagunçado e fora de ordem.
Nossa, que cena linda!
Vou agitar o dia todo, sem me preocupar com o que é convencional. Não vou ligar se no ambiente de trabalho deve-se ou não agir assim ou assado. Vou usar a roupa que eu quiser, e se tiver com vontade de usar pijama, que assim seja!
Vou pra casa a pé e vou paquerar todo moço bonito que passar, soltando um sonoro “ê lá em casa!”, com direito a viradinha depois que passar pra conferir o moço “indo”.
Depois, vou pegar o “objeto da minha atenção momentânea” e vou usar e abusar! Não vou dar tempo nem de respirar, pra não dar chance do meu lado mulher aflorar e eu bambear sabe?!
Vou usar o lado bicho que toda mulher tem, mas esconde pro caso de uma emergência...
Não sabia?! Ah, existe sim! Mas em função do convencional, do medo do que os outros vão pensar, do medo de assustar, a gente guarda esse lado às sete chaves pra usar em casos extremos.
Garras afiadas, acessórios escolhidos à dedo e os piores pensamentos possíveis! Uhu! Vai ser legal!
Daí, amanhã, acordo bem cedo, lembro de tudo o que houve e antes mesmo de sentir vergonha, faço tudo outra vez!
Não dizem que pra curar uma ressaca só outro porre?!
Vou adotar a mesma tática pra curar a vergonha.
A partir de então, vou viver constantemente louca, maluca e alucinada.
Depois, daqui um tempo, quando finalmente me cansar dessa vida tão intensa, crio uma espécie de “grupo de auxílio às mulheres que viveram demais”, voltada exclusivamente ao auxílio das viciadas em sexo bom, felicidade constante e liberdade incondicional.
Juntas, vamos nos preparar diariamente para viver exatamente como vivo hoje, dentro dos mais criteriosos e respeitosos padrões de normalidade e novamente, tendo que driblar dias como o de hoje.
Tudo na mais perfeita ordem!
26/11/07
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