Não foi à toa que sutiãs foram queimados e tantas mulheres fizeram tudo o que estava ao seu alcance para se igualarem aos homens.
Não foi à toa que todas nós aderimos à liberalidade e liberdade sexual, mesmo que de mentirinha, fazendo de conta que o que é casual é melhor do que o que significa um compromisso.
Não foi à toa que nos profissionalizamos e nos fizemos notar no mundo.
Enfim, nos tornamos homens com a vantagem de que num determinado momento, podemos usar nossa porção mulher para trazermos ao mundo mais um ser, só que quando fazemos isso, nos tornamos mulheres demais e sendo assim, em alguns casos uma mulher grávida é um problema que durará 9 meses e uma mulher com filhos, é um problema eterno.
No ambiente de trabalho a mulher se dedica se esforça e faz de tudo para que seu trabalho seja reconhecido e valorizado, mas mulher tem a desvantagem de ser frágil e aparentemente indefesa, o que faz com que sua dedicação e seu empenho, para alcançar um cargo de destaque, tenha que ser muitíssimo maior do que o empenho de um homem.
Não quero, não estou e não vou desmerecer o empenho dos homens, longe de mim! Mas vivo nesse meio há anos e já vi muitas situações em que a credibilidade da mulher é colocada à prova muitas vezes por sua entonação numa reunião, pela forma como ela se dirige às demais pessoas e principalmente, pela forma como se veste.
Se num primeiro contato, sua aparição não for positivamente marcante, então, jamais será.
Obvio que um homem também pode cair em descrédito, claro que também terá que provar seu valor para alcançar o sucesso, mas é como observar a briga entre um leão e um gato. Ambos tem garras, ambos são felinos, ambos são predadores, mas um deles é facilmente domesticado, enquanto o outro é e sempre será em sua essência o rei da selva.
A mulher que se destaca, que ocupa uma posição de chefia, gerenciamento ou liderança tem um rótulo e uma postura diferenciada das demais. Ela é grande, forte, tem um olhar de quem está sempre pronto para a guerra (e está) e tem que provar seu valor em tempo integral. Tal mulher não pode jamais cometer um erro, porque será julgada por ele, então, ela se policia para não errar, porque sabe o quanto é difícil estar em seu lugar.
Essa mulher certamente abriu mão da maternidade, mesmo tendo filhos. Essa mulher não sai no meio do dia de trabalho para socorrer o filho que caiu da bicicleta ou está com febre. Essa mulher elegeu outra mulher para desempenhar sua função de mãe, enquanto ela é Diretora, Gerente ou Supervisora de uma empresa.
Minha posição hoje não é a de alguém que quer levantar uma bandeira em favor das mulheres sofredoras. Não é isso! É que quanto mais mulher me torno, mais mulher me sinto e sentindo tanto, vejo e sinto o peso que é ser mulher.
A mulher mãe, a mulher profissional, a mulher amiga, a mulher filha, enfim, a mulher não deixa de ser uma coisa para ser outra, ela é tudo ao mesmo tempo e sendo tanto, ao invés de crescer, diminui!
Somar todas essas “funções” consome a mulher e faz dela um minúsculo ser, à deriva num mar revolto que a leva para onde bem entende.
Homens são racionais e conseguem se dividir e se multiplicar quando necessário. Sua praticidade os torna mais capazes e mais desprendidos.
Mulheres não se desprendem nunca! Mulheres carregam consigo a lembrança do primeiro e do último namorado, do primeiro sorriso do filho, das broncas que levava da mãe quando criança, do cheiro do café que a avó fazia, do gosto da infância, da sensação do primeiro beijo, da capa do primeiro caderno, etc, etc, etc... um baú sem fim de lembranças, compromissos, apegos e afins.
Raras são as mulheres que conseguem usar o desprendimento em benefício próprio, mesmo que para isso tenham que magoar alguém. Já conheci algumas, confesso que não me orgulho de tê-las conhecido e como boa mulher que sou, carrego comigo também esta lembrança.
Não sei exatamente porque decidi escrever sobre este peso hoje. Talvez por senti-lo, talvez por sê-lo, certamente por tê-lo.
Sei que devo pedir desculpas antecipadas aos meus amigos que lerão e se sentirão indignados, pois sei que são bons pais, amigos, dedicados amantes e que também tiveram que subir degrau por degrau para estar onde estão hoje, mas espero que usem também sua porção mulher para que, por um momento, possam tentar enxergar o peso que suas mães, irmãs e esposas carregam diariamente.
Para que olhem mais atentamente para suas filhas e as preparem para o mundo cão.
Para que olhem para suas colegas de trabalho com um olhar mais atento e delicado, entendendo que uma cólica menstrual ou uma noite em claro com um filho não é meramente um problema de mulher.
Não somos vasos de cristal, mas não somos tão fortes quanto os homens. Não somos todas infinitamente sentimentais, mas também não sabemos ser indiferentes às dores do mundo.
Durante nossa caminhada, podemos optar por adiarmos a maternidade em prol de uma carreira, mas uma vez mães, jamais conseguimos retornar à mesma posição de antes. Nos tornamos mais do que éramos, menos do que necessitamos ser e na medida exata que nosso dia a dia pede.
Enfim, a mulher pode ser um peso grande em alguns casos, pode ser o equilíbrio que falta em outros casos e pode não ter peso nenhum em uma infinidade de situações.
Nesse momento, me sinto à deriva, sem peso e sem medida, porque nesse momento, sou mulher demais!
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