domingo, 24 de outubro de 2010

A Primeira Vez


Quando eu tinha 17, prestes a completar 18 anos, era a última virgem da turma (por opção minha) e estava convicta de que, com base nos relatos feitos pelas minhas amigas, a primeira vez doía, era totalmente desconfortável e sem graça, então, cheguei à conclusão de que deveria ser com alguém de quem eu não gostasse, de preferência, com alguém que eu mal conhecesse, porque assim, quando finalmente encontrasse meu príncipe encantado, estaria pronta pra me entregar aos prazeres da carne e do sexo, sem dor, sem medo, sem desconforto, nem nada parecido.

Estaria amando, feliz e sentiria prazer. Seria perfeito!

Claro que minha primeira vez não foi assim e nem aos 18, mas isso não vem ao caso!

O que quero realmente explanar nesse momento é o quão errado o conceito de “primeira vez” é passado de geração em geração!

Cresci com repreensões, medos, broncas e desconfianças da minha mãe e irmãs, porque o grande medo era que eu arrumasse um namorado e fizesse “algo errado”.
Esse “algo errado”, na verdade, não teria nada de errado, se os pais e mães em geral explicassem para as filhas que a iniciação sexual implica em muitas outras coisas, além de um hímen que se rompe!

São laços que se formam entre duas pessoas.

Sexo, pode ser só sexo na primeira, na segunda, na terceira ou na décima vez, mas o que realmente importa, o que realmente marca é o momento de entrega, são os fluídos trocados, são os corações batendo juntos, são as almas que se encontram durante o ato.
O que realmente importa é a primeira vez que você vai pra cama com amor!

Pra mulher, obvio que qualquer ato sexual é muito mais do que carne, enquanto que para alguns homens, é somente a liberação do stress e do tesão, eles são mais racionais e separam bem as coisas.

O fato é que se hoje eu tivesse uma filha adolescente, eu não teria receio ou repreenderia quando ela decidisse iniciar sua vida sexual!

Não daria tanta importância pro hímen, mas teria sim o cuidado de explicar que todas as vezes que ela se envolvesse com alguém, e, fosse pra cama com esse alguém, estaria entregando algo especial!

Estaria entregando um pedaço de si, da sua alma, do seu coração e querendo ou não, esse alguém involuntariamente, passará a fazer parte de sua história pra sempre, independente dessa ser sua primeira relação sexual ou a 15ª!

Romper o hímen significa abrir-se para novos tipos de relacionamentos, relações e claro, para muitas decepções!

Todas as mulheres que conheço, reclamam porque não recebem uma ligação no dia seguinte e todos os homens que conheço dizem não entender porque é tão importante ligar no dia seguinte.

Essa eu respondo de maneira bem simples! Nós mulheres, mesmo não sendo mais virgens e inocentes, nos entregamos a cada relação como se fosse a primeira!

É nesse momento que entregamos nosso bem mais precioso! Entregamos nosso coração!

O ato de não ligar no dia seguinte, demonstra que o que aconteceu na noite anterior não teve a menor importância e que o coração que foi dado, não significou nada! Foi em vão!

Daí vem a indignação por conta da insensibilidade masculina e abre-se espaço e motivo para discussões, desilusões, cobranças, julgamentos e obvio, a impossibilidade de um novo amor acontecer.

Ele é atropelado! Assassinado! Sufocado! Abortado! Tudo por conta de um desencontro de conceitos.

Pro homem, o raciocínio é simples:
“Pô! Nos separamos há poucas horas e ela já ta me enchendo o saco!?! Me ligando sem parar?! Mandando mensagens?! Perguntando porque eu não ligo?! Que grude!”

Pra mulher, também é simples:
“Não acredito que depois de uma noite tão maravilhosa, tão intensa, depois de eu me entregar totalmente, ele não esteja nem aí!”

Na verdade, não é uma coisa, nem outra! São conceitos diferentes!

Para o homem, existe uma conjunção carnal momentânea.
Para a mulher, existe um encontro de almas pra vida toda.

Não estou dizendo que mulheres não fazem sexo! Fazem sim! E muito! Desde que antes do ato, estejam cientes de que aquilo é um momento, que pode durar 30 minutos ou três horas, mas que não haverá dia seguinte e nesse caso, salvo exceções, não há a necessidade do cortejo, de flores, de jantar romântico ou conversas super instigantes. Basta que ambos estejam afim de descarregar um pouco as energias e procurem um lugar e um meio propício pra isso! Simples assim!

A primeira vez de uma mulher é sim muitíssimo importante, mas não a primeira vez em que há a penetração e que se rompe o hímen, essa passa e é facilmente esquecida! Ou até mesmo substituída por uma versão mais conveniente!

A primeira penetração é só o final da adolescência e o início da vida adulta (não para todos), onde, além de nos preocuparmos com tudo o que já é normal, também temos que nos preocupar com doenças, camisinha, contraceptivos e afins.
O rompimento do hímen só serve para abrir caminho pra tudo o que vem depois! Abre caminho pras ilusões, pras desilusões, pro sexo fácil e fútil, pras idas constantes ao ginecologista e pras inúmeras dores de cabeça por conta do telefone que nunca toca!

A primeira vez de verdade, é diferente!

A minha primeira vez, por exemplo, ainda não aconteceu!
Ainda não fiz amor, amando, ainda não recebi a ligação no dia seguinte, tão pouco me entreguei a ponto de sentir que minha alma deixou de ser minha! Portanto, apesar de meu hímen ter sido rompido há alguns anos, e apesar de eu até já ser mãe, tenho algo a declarar:

“MÃE, EU AINDA SOU VIRGEM!”



Um comentário:

  1. Eu iria completar 18 foi com muito amor e carinho .
    Lembro como se fosse hoje.❤

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